Camila Cabello: Cinderella politicamente correta| Foto: Divulgação
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A nova 'Cinderela' da Amazon é radical e ousa eliminar até mesmo a base fantasiosa da ética tradicional, da bondade e dos escrúpulos. Em primeiro lugar, esta 'Cinderela' implacavelmente militante traz uma heroína latina (Camila Cabello) e um príncipe britânico (Nicholas Galitzine). As escolhas do elenco evitam propositalmente a brancura anglo-saxônica tradicional, que Hollywood agora considera “supremacista”.

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Esta nova roupagem do conto de Charles Perrault, do século 18, ostenta sua modernização de forma insultuosa por meio da personagem fada-madrinha com gênero fluido (Billy Porter) que atende aos desejos de Cinderela.

O radicalismo da Amazon é esperado — mas não deve ser desprezado, embora muitos o façam automaticamente, descartando-o como uma versão sub-Disney. Ainda assim, é importante notar precisamente o quão baixo chega o remake da Amazon. Seria fácil simplesmente atacar sua inépcia, especialmente depois da insípida versão live action de 2017 da Disney, 'A Bela e a Fera', cujo estilo medonho a diretora e roteirista Kay Cannon imita.

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A história da ascensão da pobreza para a riqueza de Cinderella é reinventada por meio da onda política da moda, indo contra os valores idealistas anteriormente associados ao conto de “Cinderela”. Cannon nunca é tão inteligente e culturalmente desafiadora como Anne Fontaine, em sua remodelação do conto de fadas 'Branca de Neve' em 'Branca como a neve' (filme francês de 2019, com Isabelle Hupert); ela apenas refuta o romantismo comovente de Perrault.

A Cinderela de Cabello anseia por uma carreira como designer de moda (uma cópia precoce de 'Cruella'), em vez de consagração e realização através do casamento com o belo príncipe. Sua causa feminista pessoal se opõe ao que o escritor Bruno Bettelheim, em 'A Psicanálise dos Contos de Fada', reconheceu como a “educação moral” que uma vez tornou os contos de fadas instrutivos e duradouros. A moralidade foi substituída pela ambição e noções banais de "justiça" sexual e social.

Não admira que este filme seja tão sem graça. O trabalho de Cannon não tem nenhuma relação com a ideia de Bettelheim de que "cada conto de fadas é um espelho mágico que reflete alguns aspectos de nosso mundo interior e das etapas exigidas por nossa evolução da imaturidade à maturidade". O fato é que Cannon minimiza os desejos do “mundo interior” em favor da justiça própria do mundo político. Isso torna o conto de fadas bobo. Ele acredita apenas na justiça social — não em “mágica”, que era outra forma de dizer afeto espiritual. Em vez disso, as aspirações da Cinderela sugerem revolução social, em vez da metáfora perfeita do sapatinho de cristal.

Desta forma, a atualização feita por Cannon é verdadeiramente juvenil. Assistir a como ela dirige os números musicais da jukebox (superlotando e arruinando "Rhythm Nation" de Janet Jackson e "You Gotta Be" de Des'ree com coreografia coral banal e arregimentada) me lembrou que Cannon era visualmente rude em 'Não Vai Dar', um filme infeliz sobre a sexualidade adolescente, que talvez tenha sido o pior de 2015.

Cinderela não ganhou essa distinção para Cannon este ano (ainda dá tempo). Além da costureira pop esforçada e insípida interpretada por Cabello (a própria Cabello é uma estrela pop insossa em comparação com a quase exótica Selena Gomez da Disney), o fracasso mais marcante do filme é a fada do gueto de colarinho alto de Billy Porter. Porter em seu trabalho sempre ostenta as questões travestis e transexuais que agora preocupam Hollywood. Sua drag queen é, como se costuma dizer, "extra", mas a vitrine homossexual carece de convicção quando Porter se apresenta como "fabuloso", deixando de fora a palavra "fada". Esse desafio politicamente correto também é obtuso.

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Nossa infância mais profunda, o reconhecimento moral das coisas não é transformado pela união Amazon-Disney, mas apenas renovado de acordo com os termos do Politicamente Correto: a madrasta da Cinderela (Idina Menzel) e as irmãs adotivas (Maddie Baillio e Charlotte Spencer) não são mais mesquinhas, mas muito gentis — como se as cineastas feministas se recusam a reconhecer as malvadas entre suas fileiras.

Tudo se resume a uma Cinderela lamentavelmente não convincente feita para pessoas hipersensíveis — aquelas que optam por não se comportar mais eticamente porque perderam seu fundamento moral. Além disso, os trajes quase medievais são hediondos incentivos à riqueza e aos privilégios, como o vestido "Tax the Rich", de Alexandria Ocasio Corteza no baile de gala do Met, no qual uma aspirante a heroína se apresenta como a Cinderela dos insanos.

©2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.