| Foto: Victor J. Blue/Bloomberg

A rede Starbucks pediu desculpas à polícia do Arizona, nos Estados Unidos, depois que seis oficiais foram convidados a se retirar de uma de suas unidades na semana passada porque um cliente disse que os policiais estavam fazendo com que ele se sentisse inseguro.

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O incidente foi divulgado pela Associação dos Policiais de Tempe – cidade onde ocorreu o fato -, e logo a hashtag #DumpStarbucks (Boicote Starbucks) ficou entre as mais comentadas no Twitter. Mas, ao mesmo tempo em que algumas pessoas reclamaram da hostilidade contra as forças policiais, outras disseram que o episódio trouxe à tona a desconfiança com a polícia na cidade, onde o disparo fatal de um oficial contra um adolescente de 14 anos suscitou críticas ao uso da força policial.

O pedido de desculpas acontece mais de um ano depois que o Starbucks fechou temporariamente mais de 8 mil unidades pelo que foi chamado de treinamento de “educação de viés racial”, reivindicado após um gerente da Filadélfia chamar a polícia minutos depois que dois clientes afro-americanos chegaram ao local para um encontro. Agora, a companhia é acusada de criar um outro tipo de ambiente hostil.

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A forma com que os seis policiais foram tratados no incidente do dia 4 de julho foi “completamente inaceitável”, afirmou no sábado (6) Rossann Williams, vice-presidente executiva do Starbucks, em um comunicado no Twitter. “O que ocorreu no dia 4 de julho jamais será a experiência que seus policiais ou qualquer outro consumidor deverá ter e, no Starbucks, já estamos tomando as medidas necessárias para garantir que isso não volte a ocorrer no futuro”, escreveu Williams.

As versões

De acordo com a associação, os policiais estavam em pé no local com seus cafés quando um barista informou-os que a presença deles estava fazendo um cliente se sentir inseguro. O barista – que conhecia um dos policiais, um cliente assíduo, pelo nome – pediu que eles “saíssem da linha de visão do cliente ou deixassem o local”, a associação relatou em um comunicado postado sexta-feira (5) no Twitter. “Desapontados, os policiais realmente saíram”, o grupo escreveu, acrescentando: “apesar de o barista ter sido educado, fazer um pedido desses foi ofensivo. Infelizmente, esse tratamento se tornou comum em 2019.”

Os oficiais do Departamento de Polícia de Tempe estavam reunidos próximo ao local onde o café é servido, disse ao Washington Post no domingo (7) o porta-voz do Starbucks, Reggie Borges. De acordo com ele, o barista achou que eles poderiam apenas se reposicionar.

Borges acrescentou que “o barista tentou fazer o melhor em uma situação desafiadora”, relatando que o cliente abordou o funcionário por diversas vezes, demonstrando ansiedade com a presença policial. Segundo Borges, o barista respondeu que os policiais eram clientes assíduos e que não estavam lá porque haviam sido chamados.

Borges se negou a fornecer mais informações sobre quais ações o Starbucks deverá tomar em relação ao funcionário. Ele disse ainda que o Starbucks não tem maiores informações sobre o cliente que expressou desconforto com a presença dos policiais.

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Críticas à polícia

Tensões com membros da comunidade não são novidade para a polícia de Tempe, que em janeiro se juntou a um grupo crescente de departamentos de polícia pelo país que vêm enfrentando críticas após ações armadas. O disparo de um policial contra um adolescente de 14 anos com a réplica de uma arma esportiva – registrado na câmera usada pelo policial junto ao corpo – gerou protestos e pedidos de esclarecimento por parte de ativistas e familiares do garoto.

O policial envolvido atirou no adolescente após atender um chamado de alguém “pegando coisas” de um quintal, relatou o Post. O policial atirou no garoto enquanto ele corria e disse posteriormente que “ele tinha uma arma”. O adolescente morreu no hospital.

Ofensas públicas a policiais cresceram no Arizona, tendo seu auge em Phoenix após viralizar um vídeo que mostrava policiais ameaçando atirar em uma mulher grávida com os filhos e o noivo. Os policiais estavam atendendo a um chamado de furto, mas a família jamais foi acusada.