Uma mulher com câncer de mama teve seu tratamento suspenso pela clínica em que era atendida havia 12 anos, em Oregon, nos Estados Unidos, após expressar opinião crítica à questão transgênero. Marlene Barbera relatou ao site Reduxx que faria uma mastectomia no fim do mês, mas no dia 29 de julho recebeu um e-mail da Oregon Health Science University (OHSU), com a informação de que havia recebido “alta dos cuidados médicos na Richmond Family Medicine Clinic”, mantida pela Universidade, “por causa de comentários desrespeitosos e ofensivos sobre nossa comunidade e equipe LGBTQ”. O desligamento da paciente, com efeito imediato, inclui todas as clínicas de medicina familiar e serviços de cuidados imediatos da OHSU.
No ano passado, Barbera havia escrito uma mensagem ao seu médico pela ferramenta interna MyChart (onde os pacientes podem acessar informações pessoais de saúde), questionando sobre uma bandeira do orgulho trans colocada na recepção da clínica. Ela disse que considerou “ofensiva” a inclusão de “mensagens políticas em um ambiente de saúde”. “Cadê as bandeiras para mulheres? Para crianças?”, questionou, justificando ter se sentido desconfortável como uma mulher “crítica de gênero”, que rejeita a dissociação entre sexo biológico e “identidade de gênero”.
Segundo ela, o médico, que foi responsável por cuidados primários com sua saúde por mais de dez anos, disse que a bandeira não seria removida. Ela reclama que a correspondência com o profissional de saúde pela ferramenta online provavelmente não era privada, como acreditava até então, já que sua reclamação teria sido compartilhada com outros funcionários da clínica.
Barbera relata que, em julho deste ano, foi impedida de enviar o resultado de um exame de sangue ao médico por uma recepcionista da clínica. “A pessoa insistiu que eu marcasse uma consulta. Tenho câncer de mama e consequentemente muitas consultas médicas, então não queria fazer isso. Eles ficaram irritados com o meu 'descumprimento' e desligaram na minha cara”, conta ao Reduxx. Semanas depois, ela recebeu o e-mail informando seu desligamento como paciente da clínica.
“Tenho uma depressão crônica grave desde a adolescência. Agora não tenho clínico geral e nenhum outro lugar para ir”, lamenta, dizendo que o ocorrido serviu para reforçar suas opiniões sobre gênero. “Ideologia de gênero é uma religião. Eu não aprovo essa religião. Não obrigaria ninguém a rezar o rosário comigo”, afirma.
A Gazeta do Povo procurou a OHSU que informou, por meio de assessoria de imprensa, ser proibido pelas “leis de privacidade do paciente do governo federal dos Estados Unidos” comentar um caso ou reconhecer uma pessoa como paciente " sem autorização por escrito do indivíduo”.
Na nota, a instituição disse, no entanto, que “os pacientes, familiares e visitantes da OHSU têm a responsabilidade de abster-se de usar linguagem, imagens ou comportamentos discriminatórios, profanos, depreciativos ou ameaçadores, e entender que esses comportamentos podem resultar na limitação dos privilégios de visita e afetar o acesso aos cuidados na OHSU”.