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Lula e o ministro Alexandre de Moraes, durante o ato de diplomação da Presidência da República, em dezembro
Lula e o ministro Alexandre de Moraes, durante o ato de diplomação da Presidência da República, em dezembro| Foto: EFE / André Borges

A colunista Mary Anastasia O'Grady publicou um texto neste domingo (22) no periódico norte-americano de notícias econômicas Wall Street Journal, afirmando que o Supremo Tribunal Federal (STF) “é uma ameaça ainda maior à democracia do que foram os distúrbios de 8 de janeiro” no Brasil. No texto, ela define o ministro Alexandre de Moraes como alguém que “tem uma tendência decididamente autoritária” e “tornou-se o rosto de uma repressão à liberdade de expressão não vista desde que o país voltou à democracia sob a Constituição de 1988”.

Para O’Grady, os eventos no Congresso brasileiro em 8 de janeiro “merecem condenação inequívoca”, sendo responsabilidade do Estado “levar os responsáveis ​​pela destruição de propriedade do governo à Justiça”. A colunista argumenta, porém, que “a alegação de que o motim de Brasília é fruto de 6 de janeiro de 2021 [data do ataque ao Capitólio] cheira a moralização seletiva”. “Quando extremistas de extrema-esquerda vandalizaram a Colômbia por meses em 2021, não me lembro das classes tagarelas de DC culpando os tumultos do verão de 2020 ligados ao Black Lives Matter nos EUA”.

Para ela, o alarde em torno dos atos de vandalismo pode ser conveniente para que não se perceba “o perigo iminente à liberdade que agora espreita no Brasil: uma Suprema Corte que está amordaçando seus críticos, congelando seus bens e até mesmo prendendo alguns, tudo sem o devido processo”. O’Grady recorda como o chavismo destruiu a democracia na Venezuela, por meio do controle do judiciário e eliminação de direitos e proteções legais, sendo aplaudido por Jimmy Carter e copiado por “tiranos na Bolívia e na Nicarágua”.

A redatora lembra que até então acreditava que a memória da ditadura militar no Brasil, a liberdade de imprensa e civil e a política econômica brasileiras “seriam suficientes para evitar que o país retrocedesse para um regime de partido único”, o que ficou incerto diante do cenário atual.

O’Grady criticou a atuação do STF na anulação da condenação de Lula, que ela define como, orquestrador, junto ao PT, do “maior esquema de corrupção da história do Hemisfério Ocidental”. “Muitos brasileiros continuam a considerá-lo um ladrão que escapou da justiça porque o Tribunal Superior fez política. Em plataformas de notícias independentes, nas mídias sociais e em grupos de bate-papo privados, seus crimes continuam sendo um assunto polêmico”, afirma.

A autora exemplificou como problemática a atuação do STF e o TSE no processo envolvendo empresários após conversas sobre um suposto “golpe” em grupos de WhatsApp e nas proibições de contestar o resultado da eleição presidencial. “A Suprema Corte do Brasil está inventando a lei à medida que avança. Se ninguém parar, o corpo a corpo de 8 de janeiro acabará sendo a menor das ameaças à liberdade que os brasileiros enfrentam.”

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