Você já pensou o que acontece com os alimentos que perderam o valor comercial mas ainda estão próprios para consumo? A advogada Daniela Leite se deparou com essa questão depois de fazer uma visita ao Ceagesp, um dos maiores centros de abastecimento de São Paulo, e ver pilhas de frutas e legumes descartados. “Eram alimentos bons, que teríamos em casa, a caminho do lixo”, conta.
Indignada com a situação, Daniela redigiu um projeto de lei para regular o destino correto dos alimentos. A advogada defende que alimentos que ainda sejam próprios para consumo sejam doados para pessoas em vulnerabilidade social ou encaminhados para empresas que os transformem em ração animal, sabão, polímeros ou ainda compostagem.
Assim nascia o projeto de ação social Comida Invisível. Além de propor uma mudança legal, Daniela e seus sócios Sérgio Ignácio e Flavia Vendramin buscam conscientizar pessoas e empresas, por meio de palestras, workshops e ações efetivas, sobre o desperdício de alimentos.
“Quando nos deparamos com pilhas de alimentos ótimos sendo descartados, já não víamos ali alimentos, mas sim os rostos de pessoas famintas que poderiam ser beneficiadas com eles”, explica Daniela.
Para eles, a educação é uma das principais formas de diminuir o desperdício: quando se sabe o custo disso para o mundo e como é fácil evitar, as pessoas começam a tomar atitudes mais conscientes.
Segundo Daniela, é importante ressaltar um aspecto duplo do desperdício, que é ao mesmo tempo um macro e um micro problema. O mundo desperdiça 1,3 bilhão de tonelada de alimentos por ano — um valor que poderia alimentar 1,3 bilhão de pessoas por ano. Mas, ao mesmo tempo, é um problema caseiro, já que o mau uso de alimentos é cotidiano. “Por isso o grande propulsor da mudança é cada um de nós”, comenta. A mudança não é apenas governamental - exige também uma mudança na postura dos cidadãos.
Para ajudar nesse processo, o projeto publica em seu site e nas redes sociais várias dicas de como aproveitar melhor os alimentos. Isso começa já no momento da compra, que deve ser planejada para evitar que os alimentos estraguem na geladeira. Além disso, é possível pensar em como fazer um uso integral dos alimentos: muitas cascas, por exemplo, podem ser usadas para caldos e receitas.
A grande motivação dos sócios para continuar com o projeto e com o protagonismo é ver os resultados do projeto.
“Vemos uma possibilidade real de transformação. Enquanto houver gente com fome, não haverá paz no mundo”, explica.
Dicas
Veja algumas dicas do projeto Comida Invisível para desperdiçar menos:
- Aproveite as cascas de batata para uma farofa. Basta cortar em tirinhas pequenas e fritá-las em óleo de coco. Quando estiverem douradas, junte alho. Após alguns segundos, acrescentar a farinha de mandioca e os temperos, e mexer.
- Cascas de frutas como manga e maçã podem ser aproveitadas em sucos. Basta bater com outras frutas no liquidificador.
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