O mundo continua lutando contra a terrível pandemia de Covid-19 que teve início em Wuhan, na China, e também tem de lutar contra a falta de informações ou a desinformação intencional do governo sob o qual o coronavírus teve origem.
Se isso não estava claro antes do surto de coronavírus, a China é extremamente agressiva quando se trata de controlar a disseminação de informações, não apenas para seus próprios cidadãos, mas também para as pessoas ao redor do mundo.
A pandemia de Covid-19 deu ainda mais força a esse mecanismo.
Um dos sinais apareceu depois que o presidente Donald Trump adotou um tom agressivo diante de uma repórter da Phoenix Television que, primeiro, disse que as empresas chinesas como a Huawei e o site Alibaba doaram suprimentos para os Estados Unidos. Depois ela perguntou ao presidente: “O senhor está cooperando com a China?”
Trump respondeu perguntando se ela trabalhava para a China ou se a empresa dela era de propriedade do Estado chinês.
Apesar das negativas dela, a resposta é “sim”.
Mas a influência de Pequim é muito maior do que um veículo de imprensa do qual a maioria dos norte-americanos nunca ouviu falar.
Eis aqui quatro frentes por meio das quais o regime comunista chinês tenta aumentar sua influência e espalhar sua propaganda política para além de suas fronteiras.
Imprensa
Enquanto muitos veículos de imprensa nos Estados Unidos se transformam em plataformas de propaganda para o governo chinês, alguns se submetem diretamente à República Popular da China.
Muitas dessas publicações têm feito hora extra por causa das tentativas do governo chinês de tirar o foco da forma como ele lidou com o surto de Covid-19 no princípio e como ele continua escondendo do mundo o que acontece na China.
Peter Hasson, um repórter da Daily Caller News Foundation, expôs o que exatamente é a Phoenix TV e como ela está relacionada ao governo comunista chinês.
Hasson descobriu que, de acordo com um relatório de 2018, a China Wise International Limited, subsidiária de um banco controlado pelo governo chinês, detém uma parte da Phoenix TV.
Apesar de a emissora não ser diretamente controlada pelo governo chinês, ela sofre influência desse governo. A Hoover Institution, de tendência conservadora, cita a Phoenix TV em sua análise do cenário jornalística de idioma chinês.
A Hoover chama a Phoenix TV, que está baseada na China e em Hong Kong, de um veículo “quase oficial” do governo chinês “ligado ao Ministério de Segurança do Estado”.
Apesar disso, a repórter que questionou Trump faz parte do grupo de correspondentes estrangeiros da Casa Branca e tem acesso regular às coletivas.
Como nota a Hoover Institution, contudo, a Phoenix TV não está sozinha, e há vários outros veículos direta ou indiretamente ligados ao governo chinês.
Um deles é o China Daily, veículo oficial do governo chinês que durante décadas publicou propagandas agressivas nos principais jornais do país, como o Wall Street Journal, The Washington Post e The New York Times.
O Washington Free Beacon anunciou que o China Daily viola com frequência a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros “ao deixar de revelar explicitamente suas compras”.
Redes sociais
A China, claro, exerce influência sobre as redes sociais e outras plataformas usadas no mundo todo.
A TikTok, uma rede social que tem crescimento rapidamente e que permite que os usuários publiquem vídeos curtos, está sendo investigada por sua ligação com a China. A TikTok é de propriedade da ByteDance, empresa baseada na China, embora seus serviços — como várias outras redes sociais e plataformas digitais — não esteja disponível naquele país.
Mas a TikTok é muito usada fora da China. O aplicativo já foi baixado por 750 milhões de usuário em um ano, de acordo com uma reportagem do New York Times de 2019.
A empresa que detém a marca nega qualquer tipo de censura ou sistema de rastreamento. Mas muitos acusam a TikTok de fazer as duas coisas.
“Há sinais claros de que a TikTok disponibilizada para os mercados ocidentais, incluindo o norte-americano, censura conteúdos que não estão de acordo com as diretivas do governo chinês e do Partido Comunista da China”, escreveu o senador Marco Rubio num ofício para o Departamento do Tesouro em outubro de 2019.
O Comitê de Investimentos Estrangeiros do governo dos EUA começou a investir a TikTok.
O Zoom, que se tornou o mais popular serviço de vídeo em tempos de coronavírus, está com dificuldades para proteger os consumidores dos espiões chineses, de acordo com autoridades do Serviço de Inteligência. “Mais do que ninguém, os chineses estão interessados nos que as empresas norte-americanas fazem”, diz a reportagem da revista Time, citando um funcionário anônimo.
O serviço de criptografia do Zoom é o que dá margem para a espionagem chinesa. De acordo com relatórios, até o dia 18 de abril a empresa começara a permitir que os usuários optem por não permitir que seus dados circulem pela China, o que o CEO do Zoom admitiu que acontecia antes.
Hollywood
A NBA não é a única organização que se tornou tão dependente das empresas chinesas a ponto de permitir que o regime comunista intimidasse seus funcionários, impondo a eles uma autocensura. As conexões de Hollywood com a China comunista são profundas.
Como disse Mike Gonzalez, da Heritage Foundation, a China exerce um poder enorme em Hollywood para controlar o que o público de lá e do mundo todo veem.
Os chineses exercem esse poder por meio do financiamento de filmes, incluindo sucessos como “Missão Impossível: Fallout”, de Tom Cruise, e exigindo censura para que os estúdios de cinema possam ter acesso ao enorme mercado chinês.
“O público norte-americano está sendo censurado, não pelo próprio governo, e sim pela censura de uma potência estrangeira e a censura de um Partido Comunista”, disse Gonzalez. “E, assim, nos dão uma visão bastante benigna da China, na qual a China é um país normal, nada diferente da França ou do Reino Unido ou da Alemanha. Não é bem assim, claro. Se você se manifestar contra o governo alemão, nada acontecerá com você. Se você falar contra o governo chinês na China, eles o prenderão”.
Não só os estúdios cedem à censura chinesa como eles agora se autocensuram preventivamente para evitar a possibilidade de perder o financiamento e a bilheteria chineses.
O domínio sobre Hollywood é apenas um elemento de como a China usa nossa indústria cultural para promover seus valores.
Universidades
Desde 2003, centenas de filiais de um tal Confucius Institute foram abertas em universidades de todo os Estados Unidos. Entre as atividades desses institutos estão a pressão pública para que as escolas cancelem eventos com o Dalai Lama e a mudança nas narrativas sobre o Tibet, o Massacre da Praça da Paz Celestial e a existência de Taiwan.
O Confucius Institute na verdade tem pouco a ver com Confúcio, o filósofo da China Antiga.
Como escreveu Charles Horner na Claremont Review of Books, seria mais fácil chamá-los de Instituto Mao Tsé Tung, em homenagem ao primeiro ditador comunista chinês.
Apesar de o Confucius Institute atuar como um órgão de educação, nota Horner, “ele está mais focado em controlar os estudantes chineses nos Estados Unidos, disseminando propaganda, se infiltrando na política norte-americano e praticando espionagem”.
O Ministro da Propaganda da China, Liu Yunshan, disse em 2010 que esses institutos têm a missão de “coordenar os esforços de propaganda doméstica e no exterior e criar um ambiente internacional mais favorável aos chineses”.
Escreveu Yunshan:
Quanto aos temas fundamentais que influenciam nossa soberania e segurança, deveríamos levar a cabo uma campanha internacional de propaganda contra ativistas de causas como Tibet, Xinjiang, Taiwan, direitos humanos e Falun Gong. (...) Deveríamos também estabelecer e operar no exterior centros culturais e Institutos Confúcio.
Depois que o Congresso aprovou um projeto de lei limitando o financiamento destinado a escolas que abrigam o Confucius Institute, muitos deles foram fechados em todo o país.
Nos próximos dias, os norte-americanos e vários outros povos do mundo reavaliarão suas conexões e sua vulnerabilidade em relação ao impiedoso governo comunista chinês que, controlando a própria população, injetou uma pandemia mortal nas veias do planeta.
Jarrett Stepman é colaborador do Daily Signal e coapresentador do podcast The Right Side of History.
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