O Sino da Liberdade: é o afastamento de Deus o que explica por que a liberdade corre perigo.| Foto: Bigstock
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Eis algo que qualquer pessoa honesta reconhece: à medida que os Estados Unidos se tornaram um país mais secular, ele também se tornou menos livre. Pode-se discordar quanto à correlação entre esses dois fatos, mas nenhuma pessoa honesta pode negá-los.

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A mim a correlação parece inquestionável. Para negá-la, seria preciso argumentar que é uma coincidência o fato de que a liberdade de expressão, a maior das liberdades, nunca esteve tão ameaçada, enquanto uma porcentagem cada vez menor de norte-americanos acredita em Deus e frequenta regularmente a igreja.

Os Estados Unidos se tornaram o país mais livre do mundo, a terra da liberdade, recebeu a Estátua da Liberdade e é o país cuja bandeira os libertadores de todo o mundo costumam brandir.

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Essa liberdade se baseia no caráter profundamente religioso de suas ideias fundadoras. Os Estados Unidos foram criados por indivíduos centrados em Deus para ser um país centrado em Deus. Não é verdade que os fundadores da América fossem deístas e que o país foi criado para ser uma sociedade ateia e secular.

Nem todos eram cristãos ortodoxos — isto é, alguns não acreditavam na Trindade ou na divindade de Cristo. Mas nenhum deles era deísta — à exceção, talvez, de Thomas Jefferson. Os deístas acreditavam num Deus criador que não estava envolvido com sua criação e nem a conhecia ou se importava com ela.

Depois de criar o mundo, o Deus dos deístas o abandonou. O Deus dos deístas era o “motor imóvel” de Aristóteles. Todos os fundadores mais importantes (novamente, à exceção de Jefferson) acreditavam no Deus da Bíblia, que ouvia as orações, agia na história, julgava pessoas e exigia um comportamento ético sem o qual a moralidade não existiria objetivamente.

Mais importante, todos acreditavam que, a fim de que uma república democrática não se transformasse em tirania, era necessário associar a liberdade a Deus. Seja qual for a visão de Jefferson sobre Deus, ele foi influenciado pela Bíblia, assim como os demais fundadores.

Ele e Benjamin Franklin sugeriram que o selo dos Estados Unidos retratasse Moisés liderando os judeus para fora do Egito: Moisés levantando o cajado para dividir o mar; o faraó em sua biga, surpreendido pelas águas; e o pilar de fogo que guiou os judeus pela noite. O mote sugerido para o selo era: “Rebeldia contra a tirania é obediência a Deus”.

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Jefferson e Franklin acreditavam que a liberdade e obediência a Deus eram sinônimos. Sem Deus não há liberdade. Os fundadores associavam liberdade a Deus. Por isso a inscrição que se lê no Sino da Liberdade foi tirada da Bíblia: “Apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores”. O versículo foi tirado do Levítico, terceiro livro da Bíblia

Os fundadores conheciam a Bíblia. A atual geração de adultos ignora a Bíblia mais do que qualquer outra geração. E os jovens a desconhecem ainda mais. Acho que a maioria dos alunos de Harvard é incapaz de encontrar o Levítico, quanto mais citar um versículo.

O sino foi batizado de “Sino da Liberdade” pelos abolicionistas. A oposição deles à escravidão se baseava totalmente na Bíblia. O princípio que os motivava – “todos os homens são criados iguais – vem da Bíblia. Eles não tiraram isso dos gregos antigos, que teriam zombado de tal ideia.

A liberdade permeia todo o Velho Testamento. A Bíblia começa com a história de Adão e Eva, uma história sobre a relação do homem com a liberdade dada por Deus. Liberdade, inclusive, para desobedecer a Deus. A principal história do Velho Testamento é o Êxodo, uma história sobre Deus libertando os escravos.

Para os fundadores, o principal motivo para a liberdade depender da fé em Deus era o fato de Deus ser a única fonte da liberdade que não pode ser tirada do homem. Quando os homens são a fonte dessa liberdade, os homens podem tirar uns dos outros essa liberdade.

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É bem isso o que está acontecendo hoje em dia. A liberdade está sendo destruída sobretudo por aqueles que zombam da ideia de que a liberdade vem de Deus. A regra de que o fim da religião significa o fim da liberdade não quer dizer que o secularismo não seria um ótimo substituto para teocracias totalitárias como a do Irã, e sim que até um Irã secular se transformaria numa tirania.

Sempre que Deus é dissociado da liberdade, a liberdade perece. Quando o Cristianismo morreu na Europa, ele foi substituído pelo fascismo, nazismo e comunismo.

A liberdade é fundamental para a Bíblia. Isso está evidente sobretudo nos Estados Unidos, que até então sempre associou seu compromisso sem precedentes para com a liberdade a Deus e à Bíblia. Mas a liberdade é algo periférico para o esquerdismo. Por isso é que a liberdade corre perigo como nunca antes na história.

As bases sobre as quais se assenta a liberdade – Deus, a Bíblia, os valores judaico-cristãos – correm perigo. Toda moeda de dólar exibe duas inscrições: “Em Deus confiamos” e “liberdade”. Toda geração, antes dos anos 1960, entendia o porquê. Hoje em dia nem os conservadores seculares entendem.

Dennis Prager é colunista do Daily Signal, radialista e criador da PragerU.

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©2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês