Quando Donald Trump se tornou presidente, os democratas previram o pior. “A chocante vitória de Trump, sua ascensão à presidência, é um evento nauseante na história dos Estados Unidos e da democracia liberal”, escreveu David Remnick na revista The New Yorker, no dia seguinte à eleição. Trump, disse Remnick, era um autoritário que desprezava as liberdades civis e cuja eleição era "certamente a forma como o fascismo pode começar".
Comentaristas progressistas compararam Donald Trump a Adolf Hitler repetidamente (confira aqui, aqui e aqui). O jurista Laurence Tribe disse o seguinte no Twitter em 2019: “Não estou dizendo que Trump está se tornando Hitler, então não se incomode em tuitar as distinções. Mas as semelhanças físicas e comportamentais não são totalmente irrelevantes. Nenhum presidente anterior sequer sugere essa comparação”. No mês passado, a editora Crown publicou um novo livro de Rachel Maddow que compara os republicanos apoiadores de Trump a fascistas.
Trump tinha pouco respeito pela Primeira Emenda [da Constituição, que estabelece a liberdade de expressão], alegaram os democratas. Ele teria atacado a liberdade de expressão e da imprensa, atingindo nossos direitos fundamentais. Além disso, veículos de mídia progressistas alegaram que Trump usou seu cargo para ganho pessoal e fez de arma o sistema de justiça para seu próprio benefício.
Após o 6 de janeiro de 2021 [com a invasão do Capitólio], os progressistas que tinham permanecido céticos quanto à histeria anti-Trump se convenceram de que os histéricos estavam certos o tempo todo. Em 2018, o jurista Cass Sunstein sugeriu que Trump não traria autoritarismo para os Estados Unidos. Então, após a invasão no Capitólio, ele mudou de ideia, dizendo que a democracia americana estava realmente sob ameaça de Trump e seus apoiadores. “Os eventos de 6 de janeiro de 2021 me fizeram pensar que eu estava realmente bastante errado sobre isso”, disse ele.
Mas a divulgação na sexta-feira (17) da primeira leva de vídeos do 6 de janeiro confirma que as ações de Trump empalidecem em comparação com as medidas que os democratas tomaram para derrotá-lo e a seus apoiadores. Os vídeos corroboram reportagens anteriores da Public e mostram que a narrativa democrata de uma insurreição foi altamente enganosa. Os democratas usaram essa narrativa para demonizar dezenas de milhões de eleitores, justificar seus esforços de censura e abusar do sistema de justiça contra seus inimigos políticos.
É verdade que os vídeos mostram manifestantes entrando à força no Capitólio e algumas cenas nos vídeos não são pacíficas. Também é verdade que a retórica de Trump às vezes foi inflamatória e iliberal.
No entanto, o que os vídeos não mostram é uma tentativa de golpe. Em vez disso, mostram muitas cenas que contradizem essa narrativa, como os manifestantes do 6 de janeiro andando calmamente pelos corredores, policiais do Capitólio aparentemente indiferentes a esses supostos insurrecionistas e dando apertos de mão aos invasores.
Apesar das evidências de que as forças da ordem, na melhor das hipóteses, permitiram que esse "golpe" acontecesse e, na pior, o facilitaram, os juízes do 6 de janeiro têm dado sentenças extremamente severas. Eles condenaram um réu a 22 anos de prisão, apesar do fato de ele nem ter comparecido a Washington D.C. em 6 de janeiro.
Além disso, os vídeos do 6 de janeiro mostram cenas muito menos violentas do que os distúrbios do Black Lives Matter, que foram investigados e processados com muito mais leniência, mesmo em casos de incêndio criminoso e agressão.
Acima de tudo, os vídeos recém-divulgadas demonstram que as alegações do Partido Democrata de estar lutando pela democracia e evitando o autoritarismo são uma farsa, e que são os democratas que, em sua perseguição a Trump e seus seguidores, fizeram mais para minar a democracia do que Trump jamais ameaçou fazer.
Elites no Partido Democrata e na grande mídia, através de seus esforços para subjugar um retrocesso populista, erodiram os direitos da Primeira Emenda e politizaram o FBI e o Departamento de Justiça (DOJ).
Os democratas se tornaram tudo o que antes diziam temer em Trump: censores, totalitários e corruptos. Seu cerco de longos anos contra o dissenso e a criminalização da oposição política foram um ataque sistemático à democracia liberal. Pior, eles se tornaram tudo aquilo contra o qual os liberais durante o século XX advertiram aos americanos.
Os Twitter Files [Arquivos do Twitter, confira a cobertura da Gazeta do Povo a respeito], o caso Missouri vs. Biden [sobre o conluio do governo federal americano com a Big Tech para fazer censura nas redes sociais], os Facebook Files [Arquivos do Facebook, confira nossa cobertura] e novos documentos recentemente analisados pela Public revelaram até que ponto os democratas foram para silenciar a oposição e impedir que os cidadãos exercessem o direito à liberdade de expressão protegida.
Ao mesmo tempo em que o governo federal tem pressionado pela censura, o FBI, sob Biden, tem se tornado cada vez mais uma agência de espionagem doméstica, voltando seus esforços contra americanos comuns. Quando delatores se manifestam contra as práticas partidárias ou antiéticas do FBI, a agência faz retaliação contra eles.
Enquanto isso, o Departamento de Justiça de Biden está indevidamente protegendo o presidente e seu filho de qualquer responsabilidade por sua lucrativa operação de tráfico de influência. Um crescente conjunto de evidências sugere que o presidente Biden desempenhou um papel importante nos negócios de seu filho e que o DOJ está protegendo o presidente de repercussões. Isso é exatamente o tipo de corrupção que os democratas advertiram que Trump traria para a presidência.
O Partido Democrata e o governo Biden tornaram-se exatamente o que os progressistas disseram que Trump seria, e atacaram os princípios fundamentais da nossa democracia em nome de protegê-los. Como isso aconteceu?
Progressismo, elitismo e tribalismo
A razão óbvia para a virada autoritária e até totalitária entre os progressistas foi a Internet em geral e as redes sociais em particular. Desde a Segunda Guerra Mundial, as elites controlavam em grande parte as informações recebidas pelas massas por meio da TV, dos grandes jornais e serviços de notícias. Isso mudou com o surgimento da Internet. “Estamos criando um mundo onde qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode expressar suas crenças, por mais singulares que sejam”, escreveu o ex-letrista da banda de rock Grateful Dead, John Perry Barlow, em 1996, “sem medo de ser coagido ao silêncio ou à conformidade”.
A liberdade na Internet funcionou para os progressistas até 2016. Após a vitória de Trump, os líderes do Partido Democrata se recusaram a aceitar a culpa e redirecionaram as críticas sobre si mesmos e seu candidato presidencial para a Internet. As redes sociais elegeram Trump, eles argumentaram. Os cientistas políticos discordaram, mas isso não importou; os democratas queriam acreditar nisso porque justificava seu desejo mais primordial de silenciar seus inimigos. Precisávamos que o governo regulamentasse as redes sociais, argumentaram ex-membros da comunidade de inteligência, como Renée Diresta, a quem os democratas elevaram em sua caçada pela “desinformação russa” que supostamente resultou na eleição de Trump.
Mas, para além da revolta do povo desencadeada pelas redes sociais, as elites progressistas acharam tão fácil demonizar os apoiadores de Trump porque raramente os encontram pessoalmente. O país está profundamente dividido, em parte por causa do que o autor Bill Bishop chamou de "The Big Sort" [algo como "a grande reconfiguração"] em 2004. Os americanos, explicou Bishop, estão cada vez mais agrupados em áreas onde todos ao seu redor pensam da mesma maneira. Essa transformação social vai muito além do vermelho [republicano] versus azul [democrata], levando a uma polarização extrema.
Bishop escreveu: “Construímos um país onde cada um pode escolher os vizinhos (e igreja e programas de notícias) mais compatíveis com seu estilo de vida e crenças. E estamos vivendo com as consequências dessa segregação por estilo de vida: bolsões de cidadãos com ideias semelhantes que se tornaram tão ideologicamente endogâmicos que não conhecemos, não entendemos e mal podemos conceber ‘aquelas pessoas’ que vivem a apenas alguns quilômetros de distância”.
Em 2016, a profunda endogamia ideológica entre segmentos de elite do Partido Democrata produziu o que muitos chamaram de "síndrome de transtorno pós-Trump". Isso foi uma combinação especial de indignação, perplexidade e repulsa direcionada a Trump e seus seguidores, que consumiu os democratas em 2016 e distorceu seu julgamento desde então.
Os democratas passaram a ver a si mesmos como a resistência a um grande mal e isso lhes deu uma justificativa para a censura, a politização e abuso do Estado e a cultura autoritária punitiva que agora sustenta as principais instituições. O grande mal — Trump e o sentimento populista que ele representava — precisava ser erradicado a todo custo.
Como consequência dessa retidão moral e endogamia ideológica, os democratas começaram a categorizar fatos inconvenientes e pontos de vista diferentes como “desinformação”, “informação errônea” ou “má informação”. No coração do Complexo Industrial de Censura está o desejo dos progressistas de moldar os pensamentos das pessoas e controlar a “infraestrutura cognitiva”.
Como detalhado pela Public nas últimas duas semanas, novas evidências sugerem que o Departamento de Segurança Interna (DHS) criou a altamente partidária Parceria de Integridade das Eleições e seu sucessor, o Projeto Viralidade [confira nossa cobertura aqui e aqui]. Esses esforços permitiram que os oponentes de Trump em agências federais terceirizassem sua censura para pesquisadores progressistas de "desinformação" e legitimassem esses esforços de censura através de universidades e sociedade civil.
A narrativa que os democratas construíram sobre Trump representando uma ameaça fascista à democracia também foi uma extensão de um truque sujo de campanha que se originou de Hillary Clinton e sua equipe. Em uma tentativa de enfraquecer o apoio a Trump antes da eleição de 2016, Clinton aprovou pessoalmente o plano de compartilhar alegações de laços de Trump com a Rússia com a imprensa.
Após a eleição, a campanha de Clinton intensificou a história de conluio com a Rússia para justificar sua derrota. Esta narrativa só continuou a crescer, com os democratas usando a suposta ameaça única que Trump representava como um protofascista e um agente infiltrado para justificar a politização do Estado contra seus seguidores.
Ao mesmo tempo que os democratas abandonaram a liberdade de expressão, também abandonaram o compromisso com a justiça igualitária sob a lei, dando a Hunter Biden um passe livre para crimes federais, enquanto comemoravam o indiciamento de Trump por supostos crimes que equivalem a discursos e atividades políticas.
Sob a direção de Christopher Wray, o FBI abusou de seu poder ao inflar estatísticas de extremismo violento doméstico, ao usar arapucas desonestas e ao suspender delatores, com o total apoio dos veículos tradicionais de imprensa progressistas. Progressistas que afirmam ser contra punições severas para criminosos aplaudiram repetidamente sentenças longas e draconianas para participantes não violentos do 6 de janeiro.
O ano de 2016 e suas consequências revelaram que, independentemente dos princípios que democratas e progressistas afirmem defender, suas políticas são frequentemente reduzíveis a uma distinção entre amigos e inimigos. O teórico político alemão Carl Schmitt articulou essa ideia em seu livro de 1932, "O Conceito do Político". "A distinção política específica à qual as ações e motivações políticas podem ser reduzidas é aquela entre amigo e inimigo", escreveu ele.
Os democratas foram capazes de abandonar suas crenças profundamente arraigadas, argumentaria um schmittiano, porque as ações políticas não têm nada a ver com essas crenças e tudo a ver com ajudar seus amigos, punir seus inimigos e adquirir poder.
Isso é evidenciado pela redescoberta súbita da esquerda de seu apoio à liberdade de expressão no contexto da guerra entre Israel e Hamas. Agora que a esquerda está experimentando censura novamente, jornalistas e ativistas dizem que o tipo de censura que apoiaram por anos é na verdade ruim.
Já a cultura de segurismo que estudantes e professores radicais defenderam estridentemente nas universidades, a esquerda agora diz que é um ataque ao direito de falar e protestar. A cultura de demitir vozes dissidentes em redações e instituições progressistas, que a esquerda defendeu e exigiu por anos, agora ela chama de macartismo.
Esta mudança de posição pode ser explicada como um cálculo amigo-inimigo, no qual a esquerda simplesmente quer purgar seus inimigos e promover seus amigos, sem consideração alguma pelos princípios democráticos. Para a maior parte da esquerda, esses princípios agora existem apenas para serem usados como armas quando conveniente, mas no resto do tempo podem ser denegridos e desprezados.
Em última análise, a esquerda acreditava na liberdade de expressão e se opunha à politização do Estado quando isso beneficiava a eles e seus aliados. Uma vez que a liberdade de expressão e o dissenso político passaram a ser uma ameaça à autoridade e à influência da esquerda, precisavam ser desmantelados.
A reversão da Esquerda em questões de liberdade nos últimos 20 anos foi uma completa inversão. Em 1996, a revista Wired publicou o manifesto de liberdade de expressão de Barlow, “Uma Declaração da Independência do Ciberespaço”. Começando exatamente 20 anos depois, em 2016, a Wired se tornaria o principal órgão dos "ex" oficiais da comunidade de inteligência dos EUA que exigiam censura generalizada na Internet em nome da prevenção de danos e combate à "desinformação".
Amantes da liberdade, uni-vos
Progressistas [chamados geralmente de "liberals" nos EUA] caíram longe de seu auge no século 20. Em 1977, os liberals defenderam os direitos de neonazistas marcharem por um bairro de sobreviventes do Holocausto; em 2023, eles rotulam falsamente seus oponentes políticos de nazistas e exigem sua prisão. Em 1969, os liberals argumentavam que o discurso incitando a violência só poderia ser proibido se fosse usado para prejudicar diretamente alguém; hoje, políticos progressistas na América do Norte, Europa e Brasil querem que a polícia prenda pessoas que dizem coisas ruins online. E ao longo do século XX, como Jeff Koseff mostra em seu novo livro essencial, "Liar in a Crowded Theater" [trad. livre: "Mentiroso no Teatro Lotado", referência à suposta exceção à liberdade de expressão a respeitod e gritar "fogo!" em teatro lotado], a Suprema Corte dos EUA defendeu o direito das pessoas de mentir. Nos últimos cinco anos, a porcentagem de democratas que disseram aos pesquisadores do centro de pesquisa Pew que queriam que o governo policiasse e censurasse a expressão online subiu de 40% para a deprimente marca de 70%.
A pesada escuridão que tomou conta do Partido Democrata hoje é contrabalançada pelas brilhantes luzes da Primeira Emenda à Constituição dos EUA, a Suprema Corte dos EUA e a aliança de liberais verdadeiros, à direita e à esquerda, que apoiam direitos universais, não apenas para seus amigos. Aqueles de nós que vêm da esquerda veem como uma genuína tragédia ver o partido que defendeu níveis radicais de liberdade de expressão se tornar um partido de censores, autoritários e totalitários. É como assistir a um filme de terror, uma “Invasão dos Ladrões de Cérebros Liberais” [referência ao filme "Vampiros de Almas", de 1956], o surgimento do fascismo ou comunismo, ou a um frenesi religioso da Idade Moderna, como os julgamentos das bruxas de Salem.
Felizmente, nessas histórias, existem heróis claros: são as pessoas que lutam pela liberdade, justiça cega e democracia, contra aqueles que tentariam tirar essas coisas.
Há um acerto de contas a vir e deve ser bipartidário e defendido por liberais à esquerda e à direita. Precisamos chegar ao fundo do que aconteceu no 6 de janeiro. Precisamos de uma comissão Blue Ribbon [que Obama nomeou para lidar com o lixo nuclear] do 6 de janeiro, assim como precisamos de uma sobre as origens da Covid e o surgimento do Complexo Industrial de Censura. Estamos esperando por uma decisão forte da Suprema Corte contra a censura online no caso Missouri vs. Biden, mas também precisamos que o Congresso aja. Precisamos que as proteções de responsabilidade limitada da Seção 230 [da Lei de Telecomunicações de 1996, que protege as redes sociais de responderem pelo conteúdo que publicam] sejam oferecidas apenas em troca de controle do usuário sobre a moderação de conteúdo e um Projeto de Lei dos Direitos na Internet. Precisamos que o Congresso encerre o financiamento federal para pesquisa de censura, que é militância política disfarçada e ilegal.
Precisamos despolitizar o DOJ, o FBI, o DHS e o restante da comunidade de inteligência e segurança, e acabar com o ciclo de vingança. Na semana passada, Trump sugeriu que ele ou outro presidente republicano poderia usar o DOJ para indiciar seus oponentes, assim como o DOJ de Biden fez com ele. Essa ameaça de vingança pode parecer para alguns como uma boa estratégia. Afinal, alguns dizem que a direita deve exercer poder da mesma maneira que a esquerda tem feito, recompensando seus amigos e punindo seus inimigos. Mas a disputa de poder extremista dos democratas roubou de seu partido qualquer alma que ele pudesse ter tido antes. O ciclo de táticas de vingança iliberais que podem resultar de suas ações torna essencial defender a democracia liberal e a liberdade de expressão para todos, como escrevemos na Public em muitos artigos.
Esperamos que esteja claro para nossos leitores, dado o histórico de ter visto a esquerda ser varrida para um transe semelhante a uma seita, por que nós na Public fomos tão enfáticos a respeito dos direitos de liberdade de expressão para pessoas de todos os lados, incluindo pessoas que estão dizendo coisas repreensíveis sobre Israel. Defendemos com força o direito de pessoas protestarem pela Palestina, mesmo quando os manifestantes dizem coisas que muitos consideram ser abomináveis e pró-Hamas. É impossível para uma pessoa apoiar os precedentes estabelecidos nos casos Brandenberg vs. Ohio e Skokie [nos quais a Suprema Corte esclareceu que incitação à violência, para ser um limite à expressão, tem que ser direta, objetiva e inequívoca] para depois exigir a proibição de protestos. Para nós na Public, que nos consideramos “refugiados” da esquerda [ex-esquerdistas], é essencial que encontremos aliados à esquerda, à direita e ao centro que apoiem direitos universais, não tribais.
A Internet trouxe a mudança e com ela deve vir mudança dentro de nós mesmos. A visão articulada pelo rockstar Barlow em 1996 permanece a correta, mesmo que ele estivesse errado ao sugerir que era uma certeza. Podemos revisá-la dizendo que a Internet nos dá o potencial de criar um mundo onde qualquer pessoa, em qualquer lugar, possa expressar suas crenças, por mais singulares que sejam, sem medo de ser coagida ao silêncio ou à conformidade, mas vamos precisar do apoio da Suprema Corte, do Congresso e dos americanos à esquerda, à direita e ao centro. E vamos precisar de um novo movimento de liberdade de expressão para operar globalmente, para estabelecer padrões de proteção à liberdade de expressão no nível da Primeira Emenda, na Europa e ao redor do mundo, para que governos estrangeiros não tentem impor sua censura aos EUA. A Declaração de Westminster, divulgada no mês passado, fornece a estrutura, a constituição e a base moral robusta para este movimento.
Ao nos confrontarmos com a cacofonia de vozes demasiadamente humanas online, nossa resposta pode ser querer calá-las ou, alternativamente, deixar mil vozes florescerem. Em última análise, é uma questão do tipo de pessoa que você é e dos valores que você defende. Jeff Kosseff [especialista em Direito da cibersegurança na Academia Naval dos EUA e jornalista premiado] nos lembra que as pessoas que desejam censura online estão do lado errado da história; precisamos explicar isso a elas, já que, como progressistas, elas se importam tanto em estar do lado certo. Precisamos que elas se tornem liberais de coração grande daquele tipo do século XX, não os progressistas de mentalidade pequena que se tornaram. Com o tempo, a parcela de democratas que querem expandir a censura deve diminuir. Seja como for, os últimos 20 anos deixam claro que o momento mais nauseante para o compromisso dos EUA com a democracia liberal não veio na eleição de Trump, mas na traição da esquerda aos princípios liberais fundamentais.
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