Como a Flórida se tornou um refúgio “em um mundo que ficou maluco”

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A Flórida se tornou um “refúgio de sanidade em um mundo enlouquecido”. Essa foi a avaliação do governador Ron DeSantis, do Partido Republicano, em comentários na noite de sábado (10) na terceira Conferência Nacional do Conservadorismo, em Miami.

O discurso de DeSantis concentrou-se no tema central de como a Flórida se tornou um bastião da liberdade – um refúgio para aqueles que buscam uma melhor governança e uma vida mais livre. Ele disse que seu estado, em muitos aspectos, foi na direção oposta em comparação com muitos outros estados e o governo federal americano.

“Dizem que nosso sistema federalista cria 'laboratórios da democracia' onde diferentes estados podem abordar as coisas de maneiras diferentes”, disse DeSantis. “Mas acho que nunca vimos um contraste tão nítido entre diferentes filosofias de governo como nos últimos anos.”

Ele afirmou que temos visto um “grande êxodo” de estados e localidades governados por políticos “de esquerda”. Refugiados desses lugares fugiram para a Flórida, que DeSantis disse ter se tornado uma “terra prometida” para um número recorde de pessoas.

O governador da Flórida apresentou várias estatísticas sobre como os americanos – desde o início da pandemia da Covid-19 – afluíram para o estado, não apenas para visitar, mas para morar.

Desde o início da pandemia, disse ele, “houve mais renda ajustada transferida para o estado da Flórida do que jamais houve para qualquer estado em um período semelhante” na história americana. DeSantis apontou para o contraste com estados com “hemorragias” de riqueza e pessoas, como Califórnia, Illinois, Nova York e Nova Jersey.

Isso não significa que o Estado do Sol tenha se tornado mais azul politicamente [N.t. nos EUA, se atribui o azul aos estados que votam nos candidatos do Partido Democrata e o vermelho aos que votam no Partido Republicano] à medida que as pessoas chegaram lá de outros lugares. Em vez disso, disse DeSantis, isso criou uma mudança política radical, onde o registro eleitoral republicano é agora maior do que o registro democrata.

Isso ocorreu, declarou ele, porque a Flórida seguiu um “plano” específico. Em vez de seguir o caminho estabelecido pelas “elites da mídia”, DeSantis disse que a Flórida se baseou em “princípios fundamentais” derivados da filosofia dos fundadores da nação. “Não temos medo de contrariar a classe dominante e as elites desacreditadas”, disse ele, citando o presidente Dwight Eisenhower em seu discurso de despedida em janeiro de 1961.

Nesse discurso, Eisenhower advertiu que “as políticas públicas podem se tornar prisioneiras de uma elite científico-tecnológica” e convocou “estadistas” a guiar o sistema “visando os objetivos supremos de nossa sociedade livre”.

“Minha opinião era que precisávamos escolher a liberdade sobre o fauci-ismo no estado da Flórida”, disse DeSantis, em referência ao oficial federal de saúde pública Anthony Fauci [N. t. principal conselheiro médico de Joe Biden para assuntos da pandemia]. “Tínhamos que garantir que essas políticas não excluíssem valores importantes apenas porque você tinha pessoas com uma visão muito limitada, com algumas credenciais por trás de seus nomes… nos dizendo que esses valores não importavam.”

Seguir esse caminho foi o que permitiu que a Flórida prosperasse enquanto outros estados sofreram durante a pandemia da Covid-19, observou DeSantis, e foi a razão, por exemplo, de 2021 ter sido um ano recorde para o turismo no estado.

E não foi apenas o turismo que se beneficiou. As escolas permaneceram abertas. Isso, disse ele, impediu a queda nas notas dos alunos nos testes que ocorreram em estados com restrições severas e fechamento de escolas.

Além de manter a Flórida aberta em geral, DeSantis disse que achava importante proteger o direito de um indivíduo “de participar da sociedade”. Em particular, ele se referiu aos chamados passaportes vacinais usados ​​por algumas empresas para barrar a entrada de pessoas que não tinham comprovante de vacinação.

DeSantis proibiu o uso de passaportes de vacinas e vacinas exigidas pelo empregador, o que, segundo ele, levou a Flórida a ter uma reputação de estado aberto e livre.

Ele reconheceu que alguns conservadores criticaram suas políticas como intrusivas para as empresas, mas persistiu diante das críticas.

“Como não tínhamos passaportes de vacina, 2021 marcou o melhor ano para o turismo doméstico no estado da Flórida”, disse DeSantis. “Estávamos certos nisso, tanto do ponto de vista da liberdade quanto do ponto de vista geral do bem social.”

Além de suas políticas para a Covid-19, DeSantis citou outras áreas que, segundo ele, moveram o estado em uma direção positiva. Isso inclui um sistema eficiente que produziu serviços governamentais melhores do que os de outros estados com orçamentos muito maiores. Ele apontou para o estado de Nova York, que tem 3 milhões de habitantes a menos que a Flórida, mas um orçamento estadual que é “o dobro do tamanho”.

Apesar disso, a Flórida forneceu melhores estradas, escolas e outros serviços e, ao mesmo tempo, não tem imposto de renda e tem a “segunda menor carga tributária per capita” do país, disse DeSantis.

O governador da Flórida também apontou para o robusto conjunto de programas de escolha de escolas de seu estado, que oferece oportunidades para milhões de crianças. Mas não foi apenas a escolha de escola que DeSantis ofereceu; ele disse que também pressionou por leis para impedir que a teoria racial crítica e outras ideologias marginais assumissem as salas de aula.

Ele reforçou que, ao tornar a Flórida um “estado de lei e ordem” e punir aqueles que tumultuaram e destruíram propriedades, ele evitou o caos, a destruição e a decadência social vistos em outros estados em meio e após os distúrbios de 2020.

Por fim, DeSantis falou sobre os desafios que os americanos enfrentam neste tempo, que são únicos, mesmo em comparação com o que o presidente Ronald Reagan enfrentou na década de 1980. A ameaça à liberdade não vem mais apenas do tamanho do governo, afirmou ele. Vem do poder de burocracias desencadeadas e instituições radicalizadas, públicas e privadas.

Ele disse que muitas instituições foram engolidas e transformadas por uma classe dominante agressivamente de esquerda e ideologicamente uniforme. Não será uma luta fácil, assegurou, “porque eles têm muito apoio em todos os altos escalões da sociedade”. No entanto, o desafio não é simplesmente ter bom senso ou as políticas certas, é ter coragem e defender o que é certo.

“Se você defender o que é certo, será atacado pela imprensa corporativa. Você pode ser censurado pelas Big Tech. Você será difamado pela oposição”, disse ele. Em última análise, no entanto, concluiu DeSantis, é melhor fazer a coisa certa e “não nos importar com as consequências”.

Educar não é doutrinar

Durante um evento da Heritage Foundation, na sexta-feira (9), em Orlando, Ron DeSantis também falou sobre a importância de os pais reivindicarem seus direitos na educação, especialmente após a pandemia do Covid-19. “Vimos nos últimos anos em nosso país o quão importante é a política, tanto a boa quanto a muito ruim”, afirmou. “Talvez não haja área em que o contraste entre um estado livre, como a Flórida, e alguns dos estados de bloqueio seja [maior] do que na educação durante a Covid”.

O evento contou com a apresentação do “Boletim de Liberdade de Educação” da Heritage, que classificou a Flórida como o estado mais livre do país. (O Daily Signal é o veículo de notícias da The Heritage Foundation.)

“Não vamos deixar o medo conduzir a formulação de políticas”, acrescentou. “Vamos garantir que estamos lá para apoiar o bem-estar de nossos filhos e também para apoiar as famílias em toda a Flórida”.

O governador também abordou como seus planos de dar aos pais mais direitos na educação de seus filhos levaram a conflitos com grupos de esquerda. DeSantis destacou o trabalho de seu estado no projeto de lei “Direitos dos Pais na Educação” e projetos de transparência curricular.

A legislação dos “Direitos dos Pais na Educação” foi muitas vezes referida como o projeto de lei “Não diga gay” pelos críticos e pela mídia corporativa.

“O objetivo do nosso sistema escolar é educar as crianças, não doutrinar as crianças”, disse DeSantis. “Você não distorce a história americana para tentar avançar sua agenda ideológica atual.”

DeSantis também disse que seu governo está colocando uma ênfase cada vez maior no ensino de civismo americano. “Enquanto [nós] lutamos contra coisas como [teoria racial crítica] … nós colocamos uma ênfase renovada no civismo americano, em garantir que as crianças que frequentam nossas escolas tenham uma ideia do que significa ser um americano, ressaltou.

Após seu discurso, o governador sentou-se com o presidente da Heritage Foundation, Kevin Roberts, para uma discussão sobre o que tornou as políticas educacionais da Flórida uma das melhores do país.

Roberts observou que, embora a Flórida tenha sido a primeira em várias métricas diferentes de liberdade educacional, ficou atrás de outros estados em política de livre escolha de escola [N.t. school choice, ou escolha de escola, é um termo usado para alternativas educacionais nos Estados Unidos, que vão desde a possibilidade de se matricular em uma escola pública em outro bairro, até programas de voucher escolares para ensino particular ou domiciliar, de acordo com a escolha da família]. Roberts então perguntou a DeSantis quais eram seus planos para reforçar a possibilidade de escolha escolar no Estado do Sol.

O governador apontou os sindicatos de professores como uma influência negativa para alcançar melhores políticas de escolha de escolas na Flórida e disse que seu estado estava planejando reformar o modo como as famílias poderiam usar os fundos de bolsas estaduais para escolher onde enviar seus filhos à escola.

“Há oportunidades para alguma inovação com [bolsas], como uma conta que os pais possam controlar, que pode ser mensalidade, mas também pode ser destinada a tutoria ou outros serviços”, disse DeSantis. “Os pais poderão fazer uma série de outras escolhas para dar a seus filhos a melhor oportunidade possível.”

De acordo com o “Boletim de Liberdade da Educação”, a Flórida é o melhor estado americano na proteção dos direitos dos pais. Roberts, que se referiu a DeSantis como “governador da América”, disse que o trabalho que os legisladores da Flórida estão fazendo na educação é a “alavanca para recuperar nossas escolas para nossos filhos, nossos pais e nossas famílias”.

Um vídeo completo do discurso de DeSantis, com perguntas e respostas pode ser encontrado aqui.

©2022 The Daily Signal. Publicado com permissão. Originais em inglês aqui e aqui.