Os norte-americanos estão cada dia com mais raiva, mas é uma raiva diferente de revoltas como a da maioria silenciosa dos anos 1960 ou o movimento Tea Party de uma década atrás.
A raiva, desta vez, não é instilada pelos conservadores. Pela primeira vez na vida, os norte-americanos de todas as classes e raças estão começando a temer um apocalipse que ameaça a segurança da família e o modo de vida norte-americano.
As fronteiras não são apenas tão porosas quanto eram na era pré-Trump. Elas praticamente inexistem. Cerca de 2 milhões de pessoas as cruzaram ilegalmente no atual ano fiscal — e com uma impunidade total. Não há nenhum esforço para detê-las. As autoridades convocam diariamente os norte-americanos para que eles sejam examinados e vacinados contra a Covid-19. Mas nada dizem sobre os imigrantes ilegais, alguns sem dúvida infectados pelo vírus.
Alguma vez tivemos um presidente que destrói explicitamente a lei federal de imigração e que pede aos norte-americanos o que não pede aos que entram ilegalmente no país?
O presidente Joe Biden também decretou a proibição de despejos, desafiando uma decisão da Suprema Corte. Ele acrescentou que talvez não tenha autoridade para desafiar uma decisão do tribunal, mas que não se importava com isso.
Quanto a destruir a lei de imigração, o presidente parece ignorar ou até se orgulhar de estar propositadamente passando por cima da Constituição.
Os Estados Unidos tampouco viram esforços tão claros e multifacetados para minar as bases do capitalismo de mercado.
Numa época de PIB em ascensão, baixo desemprego e falta recorde de mão de obra, Biden anunciou que os locatários podem continuar sem pagar o que devem aos locadores — mesmo depois de um ano de moradia gratuita.
Numa economia em recuperação e em meio a uma dívida recorde, o governo ainda dá aos desempregados benefícios muito maiores do que o salário que eles receberiam se estivessem trabalhando.
Tal insanidade significa não só que a escassez de mão de obra prejudica a produção de bens e serviços aos consumidores como também o novo ethos institui a ideia perniciosa de que é melhor ficar ocioso em casa do que conseguir um emprego e ser uma pessoa produtiva.
Biden também cogita expandir a anistia ao pagamento de US$ 1,7 trilhões em créditos estudantis. Isso só servirá para promover a ideia de que quem pega dinheiro emprestado não tem obrigação moral ou legal de pagar os credores.
Ninguém parece reconhecer que tanto os estudantes quanto as universidades que o levaram a contrair empréstimos sabiam dos riscos. Enquanto isso, milhões de jovens, os trabalhadores que não foram para a universidade e aqueles que quitaram suas dívidas ou cujos pais economizaram durante anos para pagar a mensalidade subsidiarão os caloteiros pagando impostos mais altos.
A inflação está voltando. Os preços mais altos são o resultado direto do desincentivo ao trabalho e do desestimulo às indústrias de alimento, petrolífera, madeireira e mineradora.
As altas taxas de criminalidade tampouco são acaso. O aumento da criminalidade é o resultado lógico da soltura de milhares de presidiários, da difamação da polícia e da eleição de prefeitos e procuradores que acreditam que o crime é culpa da sociedade, não do bandido.
Como reação, milhões de norte-americanos hoje em dia simplesmente evitam o caos das grandes cidades nos estados democratas.
As relações raciais retrocederam 50 anos. Sob a guarda do racialismo, a cor da nossa pele agora é considerada essencial para o que somos.
Muitos americanos ainda vivem integrados e assimilados, tantos mais em casamentos inter-raciais. Mas a revolução progressista atual é um esforço da elite para achincalhar uma nação autocrítica e em constante aperfeiçoamento como se ela fosse uma espécie de inferno racista contemporâneo.
George Orwell diria que esses marxistas culturais tomam o poder no presente para reinventar o passado a fim de controlar o futuro.
Todo esse caos multifacetado não é conversa de botequim. Estamos começando a ver a loucura coletiva afetar nossa vida cotidiana.
Empresas aéreas não conseguem decolar por falta de combustível. Há escassez de carros, casas, gasolina e madeira.
As pessoas não conseguem consertar os telhados ou pintar as casas e nem aparar o jardim, uma vez que os consumidores agora têm de lidar com trabalhadores ociosos que recebem subsídios do governo para ficarem à toa.
Muitos norte-americanos perderam a fé no FBI, na CIA, no Pentágono e nos Centros de Controle de Doenças, bem como de muitos outros órgãos governamentais incompetentes e politizados.
O que nasceu como uma bobagem da elite agora afeta a vida cotidiana. Se não despertarmos desse pesadelo, continuaremos no caminho da paralisação sistêmica que acompanha o colapso civilizacional.
Victor Davis Hanson é historiador da Hoover Institution em Stanford.
© 2021 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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