O ataque do Politicamente Correto a Apu, o imigrante mais famoso de Os Simpsons, chegou a uma conclusão esta semana, quando os produtores finalmente admitiram que o personagem sairá de cena de forma permanente.
Essa conclusão era inevitável. Temos visto de maneira repetida que, uma vez que a correção política se mete neste tipo de assunto, a única solução é proibir completamente o item controverso. Quando a esquerda atacou Brandon Eich, ex-CEO da empresa de tecnologia Mozilla, por suas posições anti-casamento gay, eles simplesmente queriam que ele moderasse suas opiniões? Ou eles queriam vê-lo demitido? Quando uma colegial usou um vestido com tema chinês no baile de formatura, eles queriam uma discussão cuidadosa sobre as questões culturais envolvidas, ou queriam envergonhar a menina e impedir que qualquer outra adolescente branca seguisse o exemplo?
Em suma, conscientização nunca foi o objetivo, e também não foi neste caso.
A ironia é que os Simpsons, mais do que qualquer outro programa de TV, tinham a capacidade de deixar Apu evoluir com os tempos. O show tem uma história de três décadas de personagens que crescem, mudam e até morrem. De fato, o próprio Apu mudou muito, até se casando e tendo filhos. Então, era absolutamente possível, em teoria, ver o Apu evoluindo de uma forma que satisfizesse nossas sensibilidades modernas.
No entanto, para os produtores, a decisão foi a mais simples: para que ter um debate público, possivelmente desgastante, com implicações raciais, quando eles não precisam? Apu não é um personagem central de suas histórias (e, de fato, não apareceu em nenhum episódio no ano passado). A dublador do personagem, Hank Azaria, também declarou estar pronto para deixar o personagem no passado. E, para muitos dos críticos do programa, o problema não é Apu, o personagem, ou o fato do dublador ser um ator branco, ou qualquer outro fato específico. A verdadeira raiva provinha de agressores racistas anos atrás que zombaram desses indivíduos usando o sotaque de Apu. Nenhuma mudança na compleição atual de Apu satisfará tais críticos.
Levando em conta puramente a parte comercial da decisão, não havia muito o que pensar a respeito. Era uma situação sem a perspectiva de qualquer ganho para para a Fox e os Simpsons. Em última análise, a correção política exige que os alvos da turba sejam destruídos e eliminados do mainstream cultural. E, assim, Apu deve ser deportado permanentemente.
Hari Kondabolu, cujo documentário The Problem with Apu (O Problema com Apu, leia a respeito aqui) deu início a essa controvérsia, ficou desapontado com o resultado:
Agreed. There are so many ways to make Apu work without getting rid of him. If true, this sucks. https://t.co/czBDIvaTV0
â Hari Kondabolu (@harikondabolu) October 26, 2018
[Hari Kondabolu
@harikondabolu
De acordo. Existem muitas maneiras de fazer o Apu funcionar sem se livrar dele. Se for verdade, isso é uma droga.
Andy
@ avnindera1
Excluir o personagem perde completamente o ponto de como precisamos de mais representação do sul da Ásia para combater os estereótipos promovidos! @ harikondabolu # simpsons #apuhttps ]
Acredito quer Kondabolu queria que Apu sobrevivesse a isso, mas a realidade é que muitos de seus apoiadores queriam que Apu fosse excluído de nossa memória histórica, e eles conseguiram o que queriam. É assim que essas batalhas culturais inevitavelmente terminam, e Kondabolu foi ingênuo em pensar o contrário.
Eu escrevi bastante sobre por que os ataques a Apu eram bobos, para início de conversa. Apu era tão cômico e estereotipado quanto qualquer outro personagem do programa. O que tornou Apu único é que, devido à escassez de personagens hindu-americanos em Hollywood durante o final dos anos 80 e início dos anos 90, ele foi de extrema importância para muitos indianos, que não possuíam outros grandes ícones culturais americanos com os quais identificar. Os críticos argumentaram que os racistas usavam o Apu para atingir os hindus... como se esse alvo tivesse sido criado junto com o personagem, em vez do ódio inato desses racistas.
O fim de Apu é, em muitos aspectos, tão insultante quanto toda a controvérsia. Os produtores dos Simpsons nem tiveram coragem de divulgar publicamente sua decisão. Em vez disso, eles seguiram o caminho da menor resistência, um caminho que, historicamente, não tem a ver com Os Simpsons; ao longo de todos esses anos, os criadores do programa tiveram a coragem de defender sua liberdade cômica. Mas eles finalmente encontraram um adversário intransponível, e não estavam muito a fim ou simplesmente não foram capazes de enfrentar os maiores críticos quando isso importava mais.
Assim, Apu desaparecerá silenciosamente de um show em que ele foi coadjuvante de destaque por três décadas, e nem mesmo terá uma chance de dizer adeus, o derradeiro insulto neste triste final.
Quanto à patrulha da correção política, eles reivindicam com sucesso outro escalpo em sua longa cruzada pelo que chamam de justiça. No processo, eles provavelmente tornaram menos provável que um personagem hindu-americano tenha sucesso na Hollywood contemporânea.
Se você olhar para Hollywood hoje, o mais famoso personagem indiano é Raj, da série The Big Bang Theory. Se você quer um alvo potencial para futuros militantes do politicamente correto, Raj é tão bom quanto qualquer um: um nerd imigrante indiano sexualmente reprimido com parcas habilidades sociais e um forte sotaque estrangeiro. De muitas maneiras, ele é mais estereotipado e insultuoso do que Apu jamais foi. Eu pessoalmente o acho mais digno de piada do que qualquer coisa que envolva Apu. A diferença é que eu e a maioria dos outros estamos dispostos a ignorá-lo, enquanto os críticos de Apu filmaram um documentário sobre o assunto e fizeram dele uma questão nacional.
Como é que os executivos de Hollywood irão fazer face a futuras comédias relativas aos sul-asiáticos? Como exatamente Hollywood vai criar uma comédia sobre qualquer personagem indiano daqui para frente, sem estar teoricamente insultando os hindus da mesma maneira pela qual Apu foi criticado? Comédias, não apenas desenhos animados, são construídas em torno de estereótipos. Todas. E então, como você constrói um show em torno de um hindu-americano sem destacar os estereótipos que acabaram com Apu?
O grande comediante Mel Brooks disse certa vez que nossa cultura "estupidamente politicamente correta" resultaria na morte da comédia. Eu acho que se está provando que ele estava certo. Até mesmo os Simpsons tentaram enfrentar isso no ano passado. Em um episódio que aludiu perifericamente à controvérsia de Apu, Lisa Simpson diz, em resposta a uma pergunta de Marge, “Algo que começou há décadas, foi aplaudido e era inofensivo agora é politicamente incorreto. O que se pode fazer?"
Agora sabemos a resposta: você pode desistir e ir embora. Essas turbas hiper-sensíveis das mídias sociais continuam a causar danos permanentes à capacidade das pessoas de dizer e expressar seus sentimentos e exibir sua arte, e cada episódio como esse nos aproxima de um ponto em que ninguém poderá brincar com alguém ou nada sem medo de represálias e acusações de racismo. Que sociedade triste será!
Então, aqui, no fim, Apu está — de uma maneira irônica — sendo deportado de Springfield, para a alegria eterna dos progressistas que pediram sua expulsão. Missão cumprida. A patuleia vence novamente.
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