A Europa foi atingida por uma onda verde na política, com os ambientalistas superando os velhos partidos social-democratas. Mas a força dessa onda não vem da preocupação com as mudanças climáticas, e sim de um socialismo disfarçado para os jovens eleitores. Cuidado com as conseqüências.
A onda verde
Os partidos verdes, como um fenômeno, têm suas origens na Europa. Na década de 1970, um número crescente de pessoas entrou em desacordo com o sistema partidário dominante, não necessariamente porque se acreditava que esse sistema prejudicaria o meio ambiente, mas porque se tornou complacente demais após ficar no poder desde o final da Segunda Guerra Mundial. Os Verdes tornaram-se uma maneira moderna e nova de transformar a política em uma causa ativista.
Na Alemanha, os primeiros políticos ambientalistas começaram a se manifestar contra a energia nuclear, pregando desde o início que o país deveria mudar para fontes alternativas de energia. Em sua primeira participação eleitoral em 1980 (no que era então a Alemanha Ocidental), os Verdes Alemães conseguiram 1,5% dos votos, mas entraram no parlamento três anos depois, após uma rápida eleição. Desde então, o partido tem oscilado entre 8 e 10 por cento e até participou de uma coalizão do governo federal com os social-democratas entre 1998 e 2005.
Mas, curiosamente, no processo de se estabelecer como um novo partido mainstream, os Verdes também fizeram inimigos à esquerda. O site da Global Greens elabora com bastante precisão a história de seu próprio movimento:
A crise ecológica é uma crise que afeta não uma classe, mas toda a humanidade. Na verdade, na década de 1970, tanto os partidos conservadores quanto os socialistas fizeram o possível para defender a ideologia do crescimento econômico ilimitado, resolvendo todos os problemas contra os crescentes movimentos ambientalistas - os sindicatos frequentemente estão na vanguarda da oposição às políticas ecológicas...
Esta é uma das razões pelas quais os Verdes ainda não conseguiram se tornar um grande partido: muitos empregos ainda estão relacionados à indústria pesada. Nenhum trabalhador da usina de carvão vai votar para fechar sua própria fábrica para depois se ver com uma conta de eletricidade mais alta.
No entanto, a onda verde ainda é real, principalmente porque as posições do Partido Verde atraem jovens que não estão no setor agrícola ou industrial. Os jovens estudantes são atraídos pelo fenômeno verde, principalmente porque promete gastos sociais que lhes proporcionariam educação superior gratuita e isenta de dívidas, bem como salários mínimos que alguns jovens profissionais de hoje só podem sonhar.
Esta é a razão pela qual, nos últimos meses e anos, os partidos Verdes obtiveram sucessos notáveis. Os verdes estão presentes em oito dos 16 governos estaduais alemães e dobraram suas vagas no maior estado — a Baviera — há pouco mais de uma semana. No mesmo fim de semana, os verdes no Luxemburgo passaram dos 10% anteriores para 15%, aumentando sua participação no governo. Em 2015 e 2016, Raimonds VÄjonis (Letônia) e Alexander Van der Bellen (Áustria) se tornaram os dois primeiros chefes de Estado “verdes” da Europa.
Os verdes também obtêm bons resultados em países como a Hungria, a Nova Zelândia e a Holanda. Em vários países, a sua influência diminui devido à restritividade dos sistemas eleitorais.
Exigências estranhas
Na realidade, o Partido Verde tem feito uma reformulação de velhas idéias socialistas, à medida que os movimentos social-democratas — em toda a Europa, em particular — estão declinando. Os verdes têm sido responsáveis pela "Energiewende" alemã (transição energética), que elimina completamente a energia nuclear e tem um enorme custo para as famílias alemãs. Onde quer que os verdes governem, os países e as administrações locais veem aumentos maciços nos déficits devido ao subsídio de energia e aumento dos gastos sociais.
Os Verdes também se envolvem em várias contradições. Por exemplo, o Partido Verde do Reino Unido, que se opõe ao Brexit, também defende a renacionalização dos serviços ferroviários privados da Grã-Bretanha, o que a União Europeia não permite segundo suas regras.
Se combinarmos isso com os planos do Partido Verde dos EUA, os padrões são claramente visíveis. Em um vídeo da CNN de 2016, a candidata do Partido Verde, Jill Stein, elaborou a posição de seu partido, listando o seguinte:
- Partidos políticos financiados publicamente
- Educação superior pública "gratuita"
- Perdoar a dívida de empréstimo estudantil dos estudantes
- Um salário mínimo de US$ 15/hora
- 100 por cento de energia renovável até 2030
- Saúde universalizada como direito humano
Jill Stein não inventou nada de novo: os partidos verdes fizeram essas exigências por décadas e ganharam força entre os jovens eleitores. Tudo o que fizeram foi negligenciar os trabalhadores da indústria, concentrando-se no bem-estar das gerações que estão em um ambiente puramente acadêmico. Eles estão, de fato, apenas reescrevendo velhas idéias socialistas que se originaram nos círculos intelectuais há mais de um século.
Eles são, na verdade, exatamente como uma melancia: verde por fora, vermelho por dentro.
©2018 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês
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