É possível medir governos de forma clara e objetiva. Foi pensando assim que o colunista da Gazeta do Povo, Pedro Menezes, elegeu sete métricas que podem ser utilizadas para avaliar o impacto concreto de cada gestão. Ao compará-las, é possível mensurar, sem palpites ou ideologias, a competência de cada presidente.
O resultado é um guia prático para monitorar o governo atual e compará-lo com as gestões anteriores. Conheça cada um dos indicadores saiba por que eles são importantes e como podem ser melhorados – e, é claro, confira um comparativo dos dados disponíveis para as últimas décadas.
1. Índice de Liberdade de Imprensa
Quem organiza: Repórteres sem Fronteiras
Medido desde: 2002
Importância: A liberdade de imprensa é um pré-requisito para a democracia. O ranking produzido pela ONG francesa tem a vantagem de comparar a situação do país com o cenário mundial.
Posição atual do Brasil: 102º
Quando estivemos melhor: 2002 (governo Fernando Henrique Cardoso)
Quando estivemos pior: 2014 (governo Dilma Rousseff)
Como melhorar a situação do país: Preservando o respeito à liberdade de expressão dos cidadãos e não adotando medidas que impeçam a imprensa de realizar seu trabalho. Como lembra Pedro Menezes, o presidente prometeu honrar a liberdade de opinar e informar. “Estamos na desonrosa 102ª posição entre 180 países. Melhorar essa situação faria Bolsonaro cumprir com excelência a sua promessa.”
2. Ranking Heritage de Liberdade Econômica
Quem organiza: Fundação Heritage
Medido desde: 1995
Importância: A liberdade econômica é tão importante quanto a liberdade de expressão. O índice produzido pela Fundação Heritage em parceria com o The Wall Street Journal — e no Brasil divulgado pela Gazeta do Povo — mede doze categorias, incluindo liberdade fiscal, monetária e financeira, além do grau de corrupção e de intervenção do governo.
Pontuação atual do Brasil: 51º
Quando estivemos melhor: 2003 (governo Luís Inácio Lula da Silva)
Quando estivemos pior: 1996 (governo Fernando Henrique Cardoso)
Como melhorar a situação do país: O ranking é organizado em cinco categorias, e o Brasil está situado na quarta – é um país “majoritariamente não livre”. Entre os itens que podem melhorar, aqueles em que a nota brasileira é mais baixa, estão integridade do governo e saúde fiscal.
3. Índice de Ambiente de Negócios
Quem organiza: Banco Mundial
Medido desde: 2006
Importância: No ranking que mede a facilidade para fazer negócios, o Brasil melhorou no último ano, mas ainda ocupa uma posição intermediária – sinal de que o país ainda não estimula devidamente a produção e o comércio.
Posição atual do Brasil: 109º
Quando estivemos melhor: 2018 (governo Michel Temer)
Quando estivemos pior: 2013 (governo Dilma Rousseff)
Como melhorar a situação do país: Na composição da nota, o Brasil vai muito mal nos seguintes quesitos, que poderiam ser trabalhados: obtenção de alvarás de construção, abertura de empresas e pagamento de impostos.
4. Variação da dívida pública bruta
Quem calcula: Banco Central e Tesouro Nacional
Medido desde: 2008 na metodologia atual
Importância: Como explica o colunista da Gazeta do Povo, “a responsabilidade fiscal pode ser medida pelo crescimento da dívida pública. Mais do que zerar o déficit, é urgente reverter a trajetória atual de crescimento explosivo da dívida. Estabilizar a dívida pública em qualquer momento do próximo mandato seria um golaço do presidente.”
Posição atual do Brasil: R$ 5,2 trilhões
Quando estivemos melhor: 2008 (governo Luís Inácio Lula da Silva)
Quando estivemos pior: 2018 (governo Michel Temer)
Como melhorar a situação do país: A proposta do governo Bolsonaro é atuar em duas frentes: realizar a reforma da Previdência e reduzir o tamanho do Estado para garantir a redução da dívida.
5. Taxa de desemprego
Quem calcula: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Medido desde: 2012
Importância: Surgiu para substituir, com mais abrangência, as antigas Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Desde então, é a maior referência para medir o nível de desemprego no país.
Índice atual do Brasil: 13,1%
Quando estivemos melhor: 2014 (governo Dilma Rousseff)
Quando estivemos pior: 2017 (governo Michel Temer)
Como melhorar a situação do país: A maneira mais rápida de reduzir o desemprego é retomar o crescimento da economia.
6. Taxa de homicídios
Quem calcula: Datasus, United Nations Office on Drugs and Crime
Medido desde: 1980
Importância: De todos os indicadores que medem criminalidade, o homicídio é o mais grave, porque destrói famílias e provoca grande impacto na produção econômica do país.
Índice atual do Brasil: 30,53 vítimas por 100 mil habitantes
Quando estivemos melhor: 1980 (governo João Figueiredo)
Quando estivemos pior: 2017 (governo Michel Temer)
Como melhorar a situação do país: Em geral, os governantes costumam apresentar dois caminhos: apostar na redução da pobreza e na reabilitação dos presos ou endurecer leis e aumentar a permanência nas cadeias. O atual governo promete seguir a segunda estratégia.
7. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)
Quem calcula: Ministério da Educação
Medido desde: 2005
Importância: Mede, de forma objetiva, o desempenho dos estudantes brasileiros e permite observar a evolução do ensino ao longo dos anos.
Índice atual do Brasil: 5,8 (fundamental – anos iniciais), 4,7 (fundamental – anos finais) e 3,8 (ensino médio)
Quando estivemos melhor: 2017 (governo Michel Temer)
Quando estivemos pior: 2005 (governo Luís Inácio Lula da Silva)
Como melhorar a situação do país: O próprio Ministério tem metas para a evolução da nota nos próximos anos. Se alcançá-las, o Brasil já terá avançado na qualidade de sua educação.