“Identidade de gênero” era só um conceito marginal da filosofia pós-moderna. Hoje, está causando rotineiramente um dano real a crianças e adolescentes (especialmente meninas) através do país em esportes, escolas e até em acampamentos juvenis. [Na verdade, “identidade de gênero” surgiu na medicina, e seu criador é o médico John Money, apologista da pedofilia que fraudou o resultado de sua abusiva experimentação com gêmeos. (N. T.)]
Um dos exemplos mais chamativos é o que aconteceu com as alunas do sexto ano na Escola Elementar Weaver, de Los Alamitos, Califórnia. Sem nenhum aviso aos pais, dois homens biológicos foram colocados como supervisores no Acampamento Pali, em San Bernardino. Os supervisores passaram três noites nas mesmas barracas que as meninas (esses homens mandaram as meninas usarem os pronomes they/them.) Quando questionada acerca da medida controversa, Emmi Teige, diretora assistente do Acampamento Pali, confirmou. Eis a sua justificativa: “Conforme a lei da Califórnia, colocamos os membros da equipe nas barracas com as quais se identificam.” [Os pronomes neutros they/them são reivindicados por ativistas que se dizem não-binários, isto é, nem homens, nem mulheres. (N. t.)]
Poder-se-ia pensar que esse chocante acontecimento da Califórnia é uma exceção. Mas, na verdade, é só o exemplo mais recente da nova realidade da educação pública, do jardim de infância ao nono ano. A identidade de gênero está tendo mais prioridade do que o bem-estar e a segurança dos estudantes por toda a nação.
Por exemplo: no condado Loudoun, Virgínia, um rapaz de 15 anos que usava saia foi autorizado a escolher o banheiro escolar e atacou sexualmente uma estudante. Transferido para outra escola, o rapaz atacou sexualmente outra menina. Acrescentando insulto à injúria, pouco depois do incidente a Associação Nacional dos Diretores de Escolas rotulou como “terroristas domésticos” os pais que forem iguais ao de uma das meninas, que, nas reuniões da diretoria, se pronunciou contra a política transgênero e outras políticas radicais.
A promoção ostensiva da ideologia transgênero se infiltrou nas escolas sem o consentimento dos pais, e às expensas do aprendizado. As políticas e práticas de identidade de gênero nas escolas estão se espalhando. E currículos, livros, vídeos e atividades promovendo essa ideologia são usados com alunos tão pequenos quanto os de cinco anos. É comum, ademais, que esses materiais usados em sala tenham conteúdo sexual explícito.
Um exemplo da doutrinação transgênero é o uso comum nas aulas do jardim de infância do Unicórnio do Gênero e da Pessoa de Gengibre (Genderbread Person). Esses recursos empregam uma personagem querida (o unicórnio ou o homem de gengibre) para levar as crianças a escolherem sua própria identidade de gênero, bem como a expressão de gênero, o gênero pelo qual se sentem fisicamente atraídas e o gênero pelo qual se sentem emocionalmente atraídas. Cada opção – até seu “sexo atribuído ao nascer” – inclui as seguintes categorias: mulher/homem, feminino/masculino e “outro”. [Genderbread person é um trocadilho com gingerbread man, um biscoito de gengibre em formato de bonequinho que se come em festividades religiosas familiares. (N. t.)]
Os pais estão sendo intencionalmente deixados às escuras pelos funcionários da escola quanto ao conteúdo sexual ensinado. Com frequência, só descobrem o conteúdo impróprio por meio dos filhos, que estão confusos e aflitos com o que lhes ensinaram na escola.
Por exemplo: o Escritório Estadual de Washington do Superintendente de Instrução Pública (OSPI, em inglês) proíbe os professores de se comunicarem com os pais a respeito da alegada ou imposta identidade de gênero de seus filhos, desde o jardim de infância, a menos que o menor (de pelo menos cinco anos) dê o consentimento. Em total desrespeito pela autoridade parental, os funcionários da escola estão obrigados a manterem segredo quanto à alegada, reconhecida (e amiúde celebrada com espalhafato) identidade de gênero desses meninos e meninas.
Ademais, o OSPI afirma que “a idade de um estudante e o ano escolar ‘nunca deveriam ser usados para atrasar ou negar a transição de gênero de um estudante.”” A cultura da escola tem crianças questionando e discutindo umas com as outras qual identidade de gênero elas planejam escolher. Por conseguinte, uma professora do estado de Washinton contou que, dos seus alunos este ano, seis mudaram a própria identidade de gênero e outros quatro “mudaram a própria aparência para se assemelhar ao gênero oposto, mas ainda não anunciaram a mudança.” O segredo intencional que as escolas empregam para driblar a ciência e a autoridade dos pais é cada vez mais alarmante.
Essa preocupação com a doutrinação de identidade de gênero está, ademais, em conflito com a realidade do sexo biológico e tem vários efeitos de longo prazo danosos às crianças.
Em primeiro lugar, é má conduta educacional reduzir o empenho no aprendizado acadêmico, que já é deficiente, com o conteúdo sexual impróprio dado em sala. Cria confusão e inseguranças, causando consequências negativas por toda a vida, tais como questões de saúde mental. De fato, um recente estudo indica que os danos às crianças expostas a material sexualmente explícito e pornográfico podem incluir precárias “saúde mental, satisfação com a vida, comportamento e atitudes sexuais, bem como padrões de visualização de pornografia na vida adulta.”
Em segundo lugar, essa doutrinação incita a confusão da identidade nos estudantes, já que conflita com sua realidade biológica (pensem no Unicórnio do Gênero e na Pessoa de Gengibre).
Em terceiro, a livre escolha de banheiros, os supervisores não-binários nas barracas e os homens nos vestiários e times femininos não estão só violando a privacidade das meninas, mas também colocando-as em risco.
Em quarto, promover ou prover acesso a bloqueadores hormonais e a cirurgias para crianças e adolescentes acrescenta um dano irreversível, que inclui desde esterilização até o abuso emocional da criança.
Por último, aqueles estados e distritos que proíbem a revelação das discussões de ideologia de gênero e que conduzem um plano de “transição” de gênero sem o consentimento dos pais, nem comunicação a eles, não estão só causando dano às crianças, mas também uma ruptura entre os pais (ou guardiões legais) e as crianças.
As escolas rotulam como “não-apoiadores” os pais que não reforçam a alegação das crianças de pertencerem a um gênero diferente do seu sexo biológico. Os funcionários da escola então alegam rápida e persistentemente que essas crianças estão em perigo imediato graças aos seus pais “não-apoiadores” e em risco iminente de suicídio. Na Califórnia, por exemplo, as escolas públicas ensinaram os alunos as coisas que eles precisam dizer para acionar os serviços de proteção à criança e fazê-los removerem os direitos dos pais, de modo que o menor possa obter hormônios e cirurgias sem consentimento parental nem custos.
O que os pais podem fazer quanto a essas práticas, ensinamentos e políticas enganosas de identidade de gênero? O primeiro passo é se informar. Fale com seu filho e com os amigos dele, contacte os professores, diretores e líderes distritais.
O passo seguinte é contar aos outros pais o que você ouvir e vir. Informe o que está acontecendo aos diretores da escola, deputados estaduais e outras pessoas em posição de poder. Faça com que sua voz seja ouvida. Vote pela escolha das escolas e em candidatos que apoiem o empoderamento dos pais.
Os pais deveriam pedir, também, transparência educacional. Graças aos pais que levantam a voz, leis que ordenam a transparência curricular por todo o estado em escolas públicas do jardim de infância ao nono ano foram introduzidas em 19 estados. Estes exigem que as escolas públicas – que, afinal de contas, são financiadas pelos pagadores de impostos – tornem acessível ao público a lista de recursos usados em sala. Este movimento para aprimorar da transparência admite que os pais têm direito de saber, de antemão, o que será ensinado aos seus filhos, sobretudo quando é de natureza sexual. E deve ser dada aos pais a opção de tirar os filhos disso.
Precisamos de vigilância contínua quanto ao que está sendo ensinado. Embora os sistemas de responsabilidade pelos currículo sejam importantíssimos, não são uma salvaguarda à toda prova contra os professores usarem suas salas de aula (durante a aula e além) para promoverem ideologia de gênero às suas audiências cativas e impressionáveis.
Em muitos casos, o ensinamento da identidade de gênero é urdido através do dia na escola, a despeito do assunto – às vezes usando recursos de lições formais. Por exemplo: em Oregon, as escolas driblam a exigência de avisar aos pais das lições de identidade de gênero e do conteúdo sexual solicitando a comunicação aos pais e consentimentos avulsos só para as aulas de saúde, dando às escolas plena liberdade para promover essas ideias em outras aulas.
Por fim, muitos podem escolher selecionar um ambiente alternativo para os alunos – como pais vêm fazendo por todo o país. No estado de Washington, 39.000 crianças foram tiradas das escolas públicas num intervalo de doze meses (entre outubro de 2019 e de 2020).
Tudo isso nos leva a um ponto crucial: precisamos de escolha escolar universal, mas desde que por política pública. Os pais têm que ter autoridade sobre como e o que deve ser ensinado aos filhos. Colocando-se o financiamento com as famílias – não com o sistema educacional –, todos os pais terão opções educacionais. É essencial os pais serem empoderados para protegerem os seus filhos de agendas políticas e práticas radicais que estão causando danos de longo prazo. É questão de defender direitos parentais e assegurar autêntica responsabilização das escolas às quais confiaram a educação dos seus filhos.
KERI D. INGRAHAM é membro do Discovery Institute e diretora do Institute’s American Center for Transforming Education.
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©2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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