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Como vive o homem agredido quase até à morte por petistas em frente ao Instituto Lula
| Foto: Agência Brasil

A vida do empresário Carlos Alberto Bettoni foi transformada no começo da noite de 5 de abril de 2018. Ele tinha 56 anos. Voltava para casa e passava diante da sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, quando parou para observar a movimentação de militantes e sindicalistas.

Eles se reuniam motivados pela decisão do então juiz Sergio Moro, que, diante da condenação em segunda instância no caso do triplex de Guarujá, havia acabado de decretar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bettoni se envolveu em uma troca de ofensas verbais e foi agredido e empurrado, bateu a cabeça contra o parachoque de um caminhão em movimento e caiu no meio da rua. Sofreu traumatismo craniano e ficou internado no Hospital São Camilo até o dia 30 de abril. O episódio resultou no indiciamento do ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, conhecido como Maninho do PT, seu filho Leandro Eduardo Marinho, e Paulo Cayres, secretário nacional do Setorial Sindical do PT e vice-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Para Betoni, as consequências foram gravíssimas. Ele nunca mais se livrou das sequelas. Já foi internado em outras ocasiões, geralmente como resultado de convulsões e quedas que ele passou a sofrer desde o incidente. Ele, que era dono de um estacionamento, passou a apresentar dificuldades com a fala e os movimentos.

“A agressão acabou com a vida dele. Foi um ato criminoso”, afirma Daniel Bialski, advogado de defesa do empresário. Seu colega no caso, João Batista Augusto Junior, relata: “Ele não pode mais ficar sozinho. Sofre quedas que o levam de volta ao hospital. Tentou retomar as atividades profissionais, mas não conseguiu”.

Agressor ganhou cargo na prefeitura do PT

O dirigente sindical Paulo Cayres chegou a ser indiciado. Mas o inquérito foi arquivado, a pedido do próprio Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), sob a alegação de que ele não participou diretamente do ataque — procurado pela reportagem, Cayres, que é presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CNM/CUT), não se manifestou.

Outro acusado, Manoel Eduardo Marinho, ex-vereador de Diadema (SP) por cinco mandatos e mais conhecido como Maninho do PT, chegou a ser detido junto com o filho, Leandro Eduardo Marinho. Eles permaneceram na Penitenciária de Tremembé entre 16 de maio e 14 de dezembro de 2018. Os dois são acusados de agredir o empresário com chutes e o empurrão que o lançou no meio da rua.

A secretaria de Segurança Pública de São Paulo informa: “O caso foi investigado, por meio de inquérito policial, pelo 17º DP. Após todo trabalho de polícia judiciária, o IP [inquérito policial] foi relatado em abril de 2018. Em maio de 2018, a Justiça decretou a prisão preventiva dos dois suspeitos por tentativa de homicídio, que foi cumprida pela Polícia Civil. O IP não retornou mais à unidade policial”.

A juíza Débora Faitarone, que decretou a prisão preventiva, considerou o acontecido “um crime doloso contra a vida, praticado de maneira covarde”. Libertados graças a um habeas corpus concedido pela 5ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pai e filho ainda respondem por tentativa de homicídio por motivo torpe e meio cruel. Se condenados, podem receber penas de 4 a 20 anos de prisão.

Procurado, o MP-SP informa: “A denúncia foi oferecida no dia 09 de maio de 2018 e corre em segredo de justiça, no processo número 0002278-17.2018.8.26.0010”.

Roberto Guimarães, o advogado de Maninho do PT e de seu filho, foi contactado e recebeu as perguntas da reportagem, mas não retomou mais o contato. Ao assumir a prefeitura de Diadema pela quarta vez, em janeiro de 2021, José de Filippi Júnior (PT) nomeou Maninho do PT como diretor-presidente da Fundação Florestan Fernandes. O salário é de R$ 10.533,55 mensais.

Dias ruins

Daniel Bialski e João Batista Augusto Junior tentaram colocar Carlos Alberto Bettoni em contato com a reportagem. Não conseguiram. “Ele tem dias muito ruins, em que mal consegue falar”, relata Bialski. “O quadro vem se agravando. A saúde dele está muito mais debilitada hoje do que quando saiu da UTI em 2018”.

Bialski informa que os acusados ainda não foram ouvidos em tribunal. “Já pedimos para o segredo de justiça ser retirado, ele não se justifica. Existem vídeos da agressão e testemunhas confirmando a denúncia. Essas pessoas não deveriam ficar soltas, muito menos receber salário em cargo público”.

O advogado informa que o Instituto Lula nunca entrou em contato com seu cliente. “Nunca ofereceram nem um pedido de desculpas”. Procurado pela reportagem, o instituto não se manifestou.

Bettoni morreu em 30 de dezembro de 2021, durante mais uma internação, desta vez agravada com uma infecção por Covid, segundo sua defesa.

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