Quando Elon Musk fundou a SpaceX em 2002, ele comemorou com os oito funcionários da empresa, convidando uma banda de mariachis para tocar em seu escritório vazio. Foi um começo relativamente despretensioso para uma empresa fundada para tornar a humanidade uma “verdadeira civilização exploradora do espaço”. No entanto, apesar de toda a atenção que a empresa conquistou recentemente, poucos se concentraram no notável grau em que a competição estimulou a corrida espacial do século 21.
Impacto da United Launch Alliance
Por quase uma década, a Lockheed Martin e a Boeing foram os únicos grandes players americanos no mercado de veículos de lançamento. Após anos de competição acirrada, as duas empresas concordaram em unir forças e criar a United Launch Alliance (ULA) em 2005. Na época, a posição da ULA parecia inatacável – a Lockheed Martin e a Boeing empregavam cerca de 300 mil pessoas em todo o mundo e faturaram juntas mais de US$ 90 bilhões. Além disso, sua parceria essencialmente deu à ULA o monopólio sobre os lançamentos militares dos EUA.
Mas como muitas vezes acontece em um ambiente não competitivo, os preços rapidamente começaram a subir. Até 2012, o preço que a ULA cobrava dos militares por missão aumentou 58% acima das estimativas de referência em 2004 e 2007. O rápido aumento estimulou uma revisão governamental do programa da ULA, que descobriu que apesar de lidar com menos lançamentos ao longo do tempo, os custos da ULA continuavam a crescer. A revisão afirmou que “a causa final é a pobre execução do programa devido a um ambiente no qual existe pouco incentivo para o controle de custos ou ameaça de rescisão”.
Introduzindo a concorrência no mercado
Enquanto isso, a SpaceX vinha avançando em direção ao objetivo de criar veículos de lançamento econômicos. Apesar de enfrentar vários contratempos, a SpaceX lançou com sucesso o primeiro foguete com financiamento e desenvolvimento privados em setembro de 2008. Vários meses depois, a SpaceX recebeu um contrato de carga comercial da NASA para reabastecer a Estação Espacial Internacional (ISS) como parte dos Serviços de Reabastecimento Comercial (CRS), e sua participação no mercado de veículos de lançamento tem aumentado desde então.
Uma das chaves do sucesso da SpaceX tem sido sua capacidade de reduzir substancialmente os preços de seus concorrentes. Enquanto a SpaceX lista seu foguete Falcon 9 a partir de US$ 62 milhões por um voo, a Força Aérea dos EUA orçou em US$ 422 milhões para um único voo da ULA em 2020.
Nossas convicções: Livre iniciativa
Essa tendência também se manteve dentro do programa CRS da NASA. De acordo com um relatório da NASA divulgado em abril, o custo médio de uma missão da SpaceX para reabastecer a ISS foi de US$ 152,1 milhões, comparado a uma média de US$ 262,6 milhões para a concorrente Orbital ATK. De fato, a auditoria também observou que os preços competitivos da SpaceX “contribuíram para reduzir os preços dos lançamentos da NASA”, com o custo do foguete Atlas V da ULA reduzindo em cerca de US$ 20 milhões por lançamento depois que o foguete Falcon 9 da SpaceX se tornou elegível para concorrer a contratos de lançamento.
O dramático aumento de preços da SpaceX poderia fornecer uma abertura ideal para outras empresas espaciais.
Mas enquanto a ascensão meteórica da SpaceX tem sido alimentada por seu comparativamente baixo custo, parece que tudo isso pode estar prestes a mudar. No mesmo relatório, os autores revelaram que a SpaceX está aumentando o preço que irá cobrar da NASA por futuras missões de reabastecimento para a ISS em cerca de 50%. Isso ocorre em um momento em que a principal concorrente da SpaceX para missões de reabastecimento, a Orbital ATK, anunciou recentemente uma redução de 15% em seus custos. Essas mudanças vão praticamente eliminar a diferença de preço entre o Orbital ATK e a SpaceX.
Ambiente competitivo
O dramático aumento de preços da SpaceX poderia fornecer uma abertura ideal para outras empresas espaciais. Além da Orbital ATK e da SpaceX, a Sierra Nevada Corporation recebeu um contrato para reabastecer a ISS como parte da segunda rodada de CRS da NASA. Embora relativamente nova para missões de reabastecimento, a Sierra Nevada é vista como um competidor de alta qualidade pelas suas concorrentes mais experientes.
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É até possível que novos competidores entrem na briga daqui para frente. Está incluída no contrato que a NASA assinou com essas empresas uma cláusula ‘de rampa’, que permite que empresas de fora do contrato façam licitações para competir por futuras missões de carga. Com empresas como a companhia aeroespacial de Jeff Bezos, a Blue Origin, aumentando rapidamente os investimentos em viagens espaciais comerciais, o cenário parece pronto para a competição.
Dado o renovado interesse nacional em viagens espaciais e o crescente fluxo de investimentos em empresas aeroespaciais, fica claro que estamos entrando em uma nova era de ouro das viagens espaciais. Enquanto o governo dos EUA se move para aumentar os gastos com a NASA, seria bom lembrar que a competição é o que nos levará às estrelas. O governo não deve jogar favoritos com qualquer empresa em particular, mas sim promover um ambiente competitivo de licitações para acelerar o futuro da humanidade.
©2018 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês