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LIBERDADE

Condenado injustamente por 27 anos, americano dedica a vida para promover a leitura nos presídios

John Bunn, aos 14 anos, quando foi condenado por um crime que não cometeu. Hoje ele coordena um programa que incentiva a leitura | Arquivo familiar
John Bunn, aos 14 anos, quando foi condenado por um crime que não cometeu. Hoje ele coordena um programa que incentiva a leitura (Foto: Arquivo familiar)

O americano John Bunn foi preso aos 14 anos, acusado erroneamente de ter matado um homem. Ele passou 17 anos na prisão e outros dez em liberdade condicional. Só quando tinha 41 anos, ele foi inocentado do crime, em maio de 2018.

Bunn aprendeu a ler somente após os 16 anos. E hoje, depois de ter sofrido a injustiça de ter sido preso por um crime que não cometeu, ele ajuda jovens em situação de risco e promove a leitura com o seu programa que leva livros aos presídios. 

A história da prisão de Bunn começou em 1991, quando ele estava no apartamento em que morava com a mãe e a irmã em Nova Iorque. A polícia bateu à porta e levou o rapaz para questionamento na delegacia. Ele contou à CNN que, na delegacia, foi algemado a um poste para ser interrogado por um detetive. 

O detetive investigava o roubo e assassinato de um carcereiro, que estava com um colega dentro de um carro estacionado no bairro onde mora a família de Bunn. Eles foram assaltados por dois homens de bicicleta por volta de 4 horas da madrugada, e um deles acabou morto. 

“[O detetive] estava me ameaçando, me dizendo que eu nunca voltaria para casa se não dissesse a ele o que ele queria saber. Ele também me disse que eles já tinham batido no outro acusado, que eles tinham batido a cabeça dele contra a parede e que já o tinham pego”, lembrou Bunn, na entrevista para a CNN. 

O outro acusado era um vizinho de Bunn que tinha 17 anos na época. 

Bunn foi acusado de assalto e assassinato e foi enviado para um centro de detenção juvenil que mais tarde, em 2011, seria fechado após alegações de violência e abuso. Ele ficou por 16 meses no local, aguardando julgamento. 

Bunn e o outro acusado, Rosean Hargrave, foram considerados culpados no julgamento, que durou um dia. Ele foi sentenciado a cumprir prisão de 20 anos até prisão perpétua. A sentença depois foi reduzida para prisão de nove anos a prisão perpétua. 

Logo após o julgamento, Bunn foi enviado a uma prisão juvenil em outra cidade. A mãe dele fazia visitas o quanto era possível, gastando o seu dinheiro em viagens de ônibus para o local. 

Depois de conseguir liberdade condicional, após 17 anos encarcerado, Bunn não parou de lutar para provar a sua inocência. O caso foi esclarecido após o detetive que investigou o assassinato ter sido acusado de manipular evidências, coagir confissões e dar testemunhos tendenciosos em vários casos, de acordo com o site de notícias Independent

Além de Bunn e Hargreave, outras 11 pessoas antes deles foram liberadas de condenações em casos relacionados ao mesmo detetive.

Uma nova vida 

O projeto de Bunn começou com doações de livros educacionais para o acervo de bibliotecas de comunidades pobres. Até agora, ele já doou mais de 20 mil livros para ajudar pessoas afetadas pelo analfabetismo ou pelo encarceramento. 

“Ler mudou a minha vida. Eu quero compartilhar a minha experiência com outras pessoas”, afirmou Bunn. 

Além de fundar uma biblioteca, ele trabalha no presídio duas vezes por semana, coordenando sessões com jovens de 16 e 17 anos. Ele também está começando um clube de livros para adolescentes e liderando discussões em grupo. 

Mais do que tudo, Bunn não quer que os jovens desistam e acabem seus dias em uma prisão.

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