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O ator britânico James Faulkner no papel-título do filme 'Paulo, o Apóstolo de Cristo' (2018), de Andrew Hyatt.
O ator britânico James Faulkner no papel-título do filme ‘Paulo, o Apóstolo de Cristo’ (2018), de Andrew Hyatt.| Foto: Divulgação/Sony Pictures

Fundador da igreja de Corinto, na Grécia Antiga, o apóstolo Paulo estava preocupado com sua comunidade – enfraquecida pela imoralidade e a falta de unidade religiosa. Para aproximá-la da verdadeira essência de Jesus, ele escreveu duas cartas com conselhos que permanecem relevantes na atualidade.

No livro 'Novo Comentário Bíblico Vida – 1 e 2 Coríntios', recém-lançado pela editora Vida, o teólogo e historiador Pablo A. Deiros discute esses textos com uma linguagem acessível e a partir de um ponto vista de atualizado, que considera as transformações sociais.

No techo a seguir, Deiros fala sobre alguns tipos de pecadores que Paulo identificou entre os cristãos de sua congregação (todos eles facilmente identificáveis no mundo contemporâneo).

Imorais

São pessoas que praticam a imoralidade sexual, ou seja, indivíduos de uma moral relaxada e libertina. O problema com essa gente é que atentam contra a integridade do matrimônio e, por conseguinte, subvertem a ordem social e as relações pessoais na comunidade de fé.

O hábito de coisificar as relações sexuais e fazer das pessoas meros objetos para a satisfação de sua luxúria não só viola os direitos humanos mais elementares, como também perverte as relações interpessoais. Só o cristianismo pode garantir a pureza.

A raiz da imoralidade sexual é um conceito equivocado acerca do ser humano. A  imoralidade sexual coisifica os seres humanos e acaba por transformá-los em animais movidos por seus instintos, o que eles não são. A sexualidade humana é santa e deve ser evidenciada dessa forma por aqueles que se dizem “irmãos”, ou seja, cristãos.

Avarentos

São pessoas avarentas ou cobiçosas, gente ambiciosa e disposta a qualquer coisa para obter o que quer. É o tipo de pessoa que adota um conceito materialista da vida e faz do acúmulo desmedido de dinheiro e de bens o objetivo de sua vida, que se propõe alcançar a qualquer custo.

O cristianismo faz do amor abnegado o valor mais sublime e do serviço a maior honra. O problema do avarento é que ele não entende que a bênção mais preciosa e a maior alegria não está em acumular coisas materiais para si, e sim em reparti-las com os demais, como ensina a bem-aventurança esquecida de Jesus (Atos 20.35).

Ladrões

São pessoas que têm por vocação apropriar-se do alheio, ao menor custo possível. São avarentos e ladrões, mas agem com ferocidade em seu empenho por se aproveitar do próximo.

O que mais se destaca nesse tipo de pessoa é o egoísmo, que o impulsiona de maneira espasmódica a se apropriar além do necessário. Seus olhos estão sempre vagando em busca de algum incauto a quem possa apanhar em sua rede de mentiras e despojá-lo de tudo que possui.

O amor pelas coisas do mundo supera o amor a Deus e, assim como o avarento, facilmente cai na idolatria (Efésios 5.5). Incluem-se nessa categoria os que pedem dinheiro emprestado e não o devolvem. Esses golpistas pululam nas igrejas evangélicas e causam muito dano ao corpo de Cristo, além de deixar atrás de si um rastro de vítimas.

Idólatras

São pessoas que pretendem remover o Deus verdadeiro do centro de sua vida e colocar no lugar dele qualquer “deusinho” de fabricação própria, que possam controlar e utilizar para aquietar sua consciência culpada.

O ser humano foi criado por Deus com um vazio que tem sua forma e só pode ser preenchido por ele. Quando alguém se convence de que Deus não é necessário, trata de preencher esse vazio espiritual com qualquer entulho idolátrico que elegeu e que esteja a seu serviço.

O ser humano tem a necessidade de adorar a Deus e quando o remove de seu ser interior passa a venerar a si mesmo ou a qualquer superstição que não exija muito dele.

Caluniadores

São pessoas difamadoras e injuriosas que não se importam com o dano que seus comentários irresponsáveis e carentes de fundamento possam causar a terceiros. A palavra torna a aparecer em 6.10, e na LXX [tradução da Bíblia hebraica para o grego] é mencionada em Provérbios e Eclesiástico, embora não ocorra em nenhum outro livro.

Trata-se de um pecado relacionado com a língua (Tiago 3.1-12), que, como sabemos, é um órgão indomável e capaz de provocar um enorme incêndio. Era o que estava acontecendo na igreja de Corinto, onde não havia um líder maduro o bastante para apagar o fogo de uma vez por todas.

Jesus considerava a injúria e a calúnia crimes graves e as condenou (Mateus 5.21-22); Pedro advertiu seus leitores a usar a língua para abençoar, não para falar mal (1Pedro 3.9,10).

Bêbados

Paulo trata desse pecado em Romanos 13.13. A bebedeira ou embriaguez era muito mais grave que o alcoolismo, uma vez que envolvia um alto grau de coparticipação social.

O bêbado (“alcoólatra” na NVI [versão evangélica da Bíblia em português]), nesse caso, não é uma pessoa que lida com alguma amarra demoníaca, como o alcoolismo, e sim alguém que se embebeda de propósito, comportamento próprio de um banquete suntuoso seguido de orgia.

É esse tipo de bebedeira que a Bíblia condena (Provérbios 23.21; 26.9). A referência, portanto, é mais a pessoas que se intoxicam voluntariamente que ao alcoólatra ou a alguém dado à bebida. Talvez não bebessem regularmente, mas apenas para se divertir e para abdicar de todo o controle no meio de uma orgia.

Entre os romanos (e também entre os gregos), a orgia tinha lugar após a ceia principal. Era uma espécie de tempo após a refeição, quando se seguia comendo e bebendo em profusão. Era conhecida como comissatio. Sem dúvida, Paulo havia sido informado de que algum membro da igreja de Corinto participava dessas comilanças e bebedeiras.

Todos esses pecados catalogados por Paulo são representativos das três direções que o pecado humano costumava tomar.

A imoralidade, a calúnia e a bebedice são pecados contra a própria pessoa humana, que se desumaniza, se animaliza e se destrói física, anímica e espiritualmente (todo o seu ser) A condição humana é degradada com esses pecados e outros similares.

A avareza e o roubo são pecados contra o próximo, que acaba se tornando objeto de exploração e abuso, não uma oportunidade de se oferecer ajuda e apoio. A idolatria é um pecado contra Deus, a quem se pretende coisificar, humanizar, negar e manipular conforme o gosto e a conveniência do ser humano.

Conteúdo editado por:Omar Godoy
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