Em 2020, os norte-americanos aprenderam que, numa emergência, era possível prender todos em casa, tornar o uso de máscaras obrigatório e gastar à vontade para temporariamente aliviar o impacto de uma pandemia mundial.
Aprendemos que, se a incerteza exigir uma reação em massa, somos capazes de gerar essa mobilização, incluindo aí a criação de novas vacinas em menos de um ano.
Em 2021, os norte-americanos descobriram que é mais fácil ceder ao controle de cima para baixo e depender do governo do que recuperar os direitos e a independência.
Temos vacinas que provavelmente reduzem as chances de hospitalização e morte decorrentes da Covid-19 (cuja letalidade varia de 0,05% a 0,1%) para uma letalidade menor do que a da gripe comum (algo entre 0,1% e 0,2%).
Temos tratamentos eficientes, incluindo um novo remédio que reduz a hospitalização e as mortes pós-diagnóstico de Covid-19 em até 90%.
E agora temos uma nova variante da Covid-19. A ômicron supostamente tem um poder de infecção 140 vezes maior do que o da “cepa” original e 70 vezes maior do que o da variante delta. De acordo com dados da África do Sul, a taxa de hospitalização pela variante ômicron é de 20% da variante delta. Isso significa que quase todos se infectarão pela ômicron, mas poucos morrerão.
Ainda assim, aqui estamos nós, quase dois anos depois do começo da pandemia, com nossos especialistas nos dizendo que temos de nos vacinar e tomar doses de reforço independentemente da idade (na verdade, somente os idosos com mais de 65 anos e os imunossuprimidos precisam de doses de reforço). Eles nos dizem também que precisamos continuar usando máscaras, mesmo que isso signifique usar máscaras de pano (até mesmo Leana Wen, setorista de Covid-19 da CNN, diz que as máscaras de pano só servem como “enfeites faciais”).
Eles dizem que temos de nos vacinar e obrigar as criancinhas a usarem máscaras e até fechar novamente as escolas (o risco da Covid-19 para crianças é praticamente zero). Dizem que precisamos examinar os assintomáticos, mergulhando a economia num lockdown mais ameno (tentar impedir a transmissão é tolice, levando em conta a transmissibilidade da ômicron). Dizem que precisamos instituir passaportes vacinais (apesar de os vacinados estarem se infectando e transmitindo a ômicron). E dizem que precisamos continuar gastando volumes recordes de dinheiro a fim de estimular uma economia que está sendo destruída sem motivo.
Em outras palavras, estamos loucos.
O fato é que a impotência aprendida se espalha com rapidez — e os defensores dessa sensação de impotência ficam furiosos quando os outros se recusam a ceder a ela. Assim, o presidente Joe Biden passou boa parte do ano dizendo que seus oponentes políticos são amigos do vírus, tentando gerar rejeição contra os não vacinados.
Hoje, a imprensa insiste em dizer que os estados republicanos são o problema, por mais que os casos estejam batendo recordes em estados democratas como Nova York, Nova Jersey e Massachusetts.
Semana passada, Biden anunciou que “não há uma solução federal” para a pandemia, dizendo que o problema seria resolvido “em nível estadual”. Isso se deu depois que Biden tentou impor a obrigatoriedade da vacina nacionalmente, repreendendo o ex-presidente Donald Trump por supostamente não ter sido capaz de liderar o país, e depois de se envolver numa guerra retórica contra o governador da Flórida, Ron DeSantis, por ele ter se recusado a ceder à histeria sanitária.
Mas o governo rapidamente saiu em apoio a Biden, dizendo que “vamos passar por isso trabalhando unidos”. Ao mesmo tempo, o “santo” dr. Anthony Fauci anunciava a possibilidade de se exibir passaportes vacinais para as viagens aéreas.
As eleições de 2022 também sirvam para que os democratas e os elitistas da imprensa percebam que medidas insensatas têm consequências. De qualquer modo, espero que neste ano os norte-americanos voltem à realidade e abandonem a fantasia paranoica da pandemia.
Ben Shapiro é apresentador do “Ben Shapiro Show" e editor emérito do Daily Wire.