Acusado de repassar informações secretas à Rússia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta terça-feira (16) ter o "direito absoluto" de compartilhar estes dados, provocando uma guinada inesperada em um novo escândalo explosivo.
"Como presidente, quis compartilhar com a Rússia (em um evento aberto da Casa Branca), como é meu direito absoluto, fatos sobre terrorismo e segurança aeronáutica", expressou Trump em uma série de tuítes.
Além disso, expressou o presidente, queria que a "Rússia aumentasse de forma importante sua participação na luta contra o EI (Estado Islâmico) e o terrorismo".
Embora a Casa Branca tenha tentado na segunda-feira (15) desqualificar as denúncias, seus esforços foram anulados pelo próprio presidente em dois tuítes.
Desde a tarde de segunda-feira, Trump se encontra no centro de um escândalo por denúncias de ter repassado a funcionários russos informações de inteligência que eram consideradas de grau máximo de reserva.
Na semana passada, recebeu no Salão Oval o chanceler russo, Serguei Lavrov, e de acordo com relatos de jornais como Washington Post e The New York Times, assim como da rede CNN, nesta conversa Trump mencionou que o EI planejava ataques contra os Estados Unidos utilizando laptops em voos.
Versões desencontradas
Segundo fontes de alto escalão do governo, esta informação foi oferecida aos Estados Unidos por um aliado com a condição de não repassá-la a ninguém, nem mesmo a outros países aliados, para não expor a fonte dos dados.
Assim, a mensagem de Trump no Twitter nesta terça-feira parece confirmar que o presidente efetivamente mencionou estas ameaças em sua conversa com Lavrov, mas considera que fez a coisa certa.
Trump também iniciou um contragolpe, condenando o vazamento à imprensa de detalhes reservados da atividade na Casa Branca.
Nesta terça-feira, Trump afirmou no Twitter que havia pedido a James Comey, ex-diretor do FBI demitido recentemente, "desde o início da minha administração que encontre os responsáveis por vazamentos na comunidade de inteligência".
Em meio ao vendaval de informações desencontradas, na tarde de segunda-feira o assessor presidencial de Segurança Nacional, o general Herbert McMaster, buscou dissipar as dúvidas, mas acabou colocando mais lenha na fogueira.
De acordo com McMaster, "em nenhum momento se discutiu fontes ou métodos de inteligência e não foram reveladas operações militares que já não fossem de conhecimento público".
McMaster afirmou que as denúncias à imprensa sobre a divulgação de informações secretas à Rússia se apoiavam em uma história falsa. No entanto, baixou a guarda ao mencionar que Trump e Lavrov "repassaram as ameaças provenientes de organizações terroristas que incluem ameaças à aviação".
Enquanto isso, a Rússia optou por minimizar todo o episódio. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, opinou que todo o caso era "um grande absurdo" e que "não é um tema que possamos confirmar ou negar".
Maria Zajarova, porta-voz da chancelaria russa, afirmou, por sua vez, no Facebook que todo o escândalo não passava de uma "notícia falsa".
Terremoto político
Esta explosiva denúncia ocorre em meio ao terremoto político gerado há uma semana pela demissão de Comey, que investigava precisamente os contatos entre a Rússia e o comitê de campanha de Trump nas eleições do ano passado.
Em um gesto que acelerou as tensões políticas em um país com os nervos à flor da pele, Trump recebeu Lavrov na Casa Branca um dia depois de demitir Comey.
Com a interminável controvérsia sobre a alegada ingerência russa nas eleições do ano passado para beneficiar Trump, a imprensa americana esperava que o tema fosse ao menos mencionado no encontro no Salão Oval.
No entanto, um dia após o encontro, Trump utilizou o Twitter para advertir Comey a permanecer em silêncio, sugerindo que poderia ter gravações de suas conversas na Casa Branca.
O influente senador republicano John McCain afirmou nesta terça-feira que as denúncias são "profundamente perturbadoras".
Por sua vez, o diretor da CIA, Leon Panetta, disse à imprensa que os gestos e declarações de Trump "minam a credibilidade do gabinete da presidência. É o presidente dos Estados Unidos, não um astro de um reality show".
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