A estrela pop Demi Lovato anunciou na terça-feira (18), por meio de um vídeo no Instagram e do podcast “4D with Demi Lovato”, que a cantora agora se identifica como não-binária.
Essa parece ser uma decisão cada vez mais popular entre celebridades. Mas é uma decisão danosa para os jovens e que representa a decadência norte-americana rumo à adoção do relativismo moral.
“No último ano e meio, passei por um processo de cura e reflexão”, disse Lovato. “E, graças a isso, aprendi que me identifico como não-binária. Dito isso, estou oficialmente mudando meus pronomes de preferência para ‘elx’. Acho que isso representa melhor a fluidez que sinto em minha expressão de gênero e permite que eu me sinta mais autêntica e verdadeira em relação à pessoa que sei ser e estou descobrindo ser”.
Lovato disse ainda que estava anunciando isso porque “eu ignorava minha verdade e suprimia quem sou de verdade a fim de agradar estilistas, membros da minha equipe, isso e aquilo, e até fãs que queriam que eu fosse a estrela sexy e feminina usando roupas coladas ou com certa aparência, sabe?”
Em março, durante uma entrevista ao podcast “The Joe Rogan Experience”, Lovato se disse pansexual. “Sou muito fluida hoje e em parte a razão para minha fluidez é que estava totalmente fora do armário”, disse. “Ouvi alguém chamar a comunidade LGBTQIA+ de ‘Máfia das Letrinhas’. Faço parte da Máfia das Letrinhas, e com orgulho”.
Lovato não é a primeira estrela pop a se considerar não-binária, mas ao fazer isso ela parece se juntar a um seleto grupo de celebridades que se declaram assim. Há ao menos 13 celebridades populares que hoje em dia se consideram não-binárias.
Por que agora? Um equívoco comum é o de que as pessoas hoje sentem menos medo de se declararem não-binárias, graças à onipresença da comunidade LGBTQ em nosso cotidiano.
Mas faz mais sentido ver a onda de não-binários como um concurso de popularidade, uma moda contagiosa. Dar essas declarações rende atenção às estrelas que querem atenção. Se uma pessoa está mesmo com dificuldades com sua identidade ou questões de gênero, esse estilo de vida talvez sirva para “solucionar” temporariamente o problema.
Se uma pessoa tem dificuldades para entender onde se encaixa num mundo com dois gêneros, seja ela estrela pop ou não, é perigoso aplaudir fervorosamente esse tipo de declaração, como muitos já fizeram.
Os fãs de Lovato são, em sua maioria, adolescentes e pré-adolescentes — uma faixa etária que se deixa impressionar com facilidade. A adolescência geralmente é confusa, cheia de questões de autoestima, a exploração dos limites parentais e a busca por aceitação. Isso só aumentará o problema.
Em geral, adolescentes que se dizem não-binários ou “em busca da minha verdade” a fim de imitar seus modelos de conduta ou como mecanismo de defesa são mais depressivos, ansiosos e até suicidas. No site Elevations RTC, um “programa de tratamento para todos os gêneros” em Utah, lê-se:
“Apesar da aceitação maior da disforia de gênero, estudos sugerem que adolescentes que não se veem no próprio gênero têm duas vezes mais chance de relatar sintomas de ansiedade e depressão. Problemas de saúde mental são comuns em cerca de 30% dos adolescentes, mas entre os adolescentes com questões de gênero esse número chega a 62%”.
É perigoso quando pessoas influentes da sociedade adotam um ponto de vista moral tão relativo, sobretudo sobre algo tão pessoal e importante. O conceito de fluidez de gênero é antissocial e ilógico, mas têm consequências devido à ignorância quanto à importância das diferenças biológicas e características únicas de homens e mulheres.
Eis aqui um exemplo. Depois que Lovato fez seu anúncio, ela entrevistou Alok Vaid-Menon, que Lovato disse ser “uma voz importante dentro da comunidade não-binária”. Em certo momento da entrevista, Vaid-Menon disse que a expressão de gênero era irrelevante:
“Lutar contra as normas de gênero é lutar por seu direito de determinar a que gênero pertence — as pessoas sempre acham que o gênero tem a ver com a nossa aparência, mas isso não é necessariamente verdade. Tem a ver com o que somos”.
A GLAAD, por outro lado, define “não-binário” como termo usado por aqueles “que vivenciam sua identidade ou expressão de gênero como algo que não se enquadra nas categorias de homem e mulher. Eles podem dizer que seu gênero está entre o masculino e o feminino ou podem defini-lo como algo totalmente distinto desses termos”.
Ao que parece, as pessoas dentro da comunidade não são capazes de chega a um acordo quanto ao que significa o termo “não-binário”, tamanha a perplexidade dele. Em termos práticos, nenhuma dessas definições faz sentido. O que a pessoa é por dentro, em relação à genitália, está claro. Caso encerrado. Negar isso é negar a ciência, a realidade e a natureza definitiva da biologia.
A definição de Vaid-Menon é ainda mais absurda. Se a expressão de gênero é o que a pessoa é, ou talvez como a pessoa se sente, então como isso se aplica à vida real? Que banheiro essa pessoa usa? O que essa pessoa veste? Pronomes no plural indicam gêneros múltiplos dentro de um só — uma impossibilidade, exceto pelos raros hermafroditas.
O mundo não oferece facilidades a uma pessoa de gênero fluido não porque não progrediu a esse ponto, e sim porque é um erro insistir nessa ideia.
O relativismo moral sempre foi um perigo para a cultura ocidental. Ele tem se infiltrado na vida norte-americana e seus tentáculos são tão óbvios que chegam a ser absurdos.
Por mais frustradas que as celebridades possam vir a se mostrar por causa de seu gênero e identidade — e por mais que queiram gritar isso para o mundo — adotar o espectro fluido não é a solução. Temos de nos apegar à biologia, à lógica e à verdade.
Nicole Russell é colaboradora do Daily Signal.