Neste ano, o 6 de janeiro foi comemorado com toda a pompa de que os democratas e seus aliados na imprensa são capazes. A CNN planejou todo um especial sobre a data, intitulado “Ao vivo do Capitólio: 6 de janeiro, um ano depois”. O programa mostrou os “heróis que protegeram nossa democracia diante de uma insurreição” e contou com entrevistas de expoentes como a presidente do Congresso, Nancy Pelosi, e o presidente do Comitê de Investigações do 6 de Janeiro, Bennie Thompson.
Também se esperava que o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris celebrassem o 6 de janeiro com falas notáveis. Pelosi organizou vários eventos em memória da invasão.
A essa altura você deve estar se perguntando por que o 6 de janeiro merece tanta atenção assim. Não é preciso menosprezar o acontecido – a imagem horrível os manifestantes batendo nos policiais com barras de metal e correndo pelos corredores do Congresso chamando pelo então vice-presidente Mike Pence — para reconhecer o 6 de janeiro pelo que ele foi: um momento feio, mas não fundamental, na história norte-americana.
Os acontecimentos daquele dia resultado numa morte – a manifestante Ashli Babbitt foi atingida por um tiro disparado por um oficial da Polícia do Capitólio – e algo em torno de US$ 1,5 milhão em danos causados ao prédio.
O Capitólio foi esvaziado logo depois da invasão, e Pence e o então líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, imediatamente se puseram a presidir a confirmação da eleição de 2020. Os que invadiram o Capitólio acabaram presos.
Enquanto isso, as manifestações de 2020 do grupo Black Lives Matter resultaram em US$ 2 bilhões em danos cobertos por apólices de seguros (e provavelmente outros bilhões em danos não cobertos pelas seguradoras), duas dezenas de pessoas mortas e um movimento político contra a polícia que levou a um aumento sem precedentes de homicídios nas grandes cidades.
Até hoje não houve programas especiais da CNN, discursos de Biden ou Harris ou um dia de homenagens aos policiais que contiveram os manifestantes do Black Lives Matter. Então o que explica a obsessão da imprensa democrata pelo 6 de janeiro? Oportunismo político.
Os democratas nem escondem o jogo. Diante da provável derrota nas eleições de meio de mandato, os democratas desenvolveram uma estratégia: eles têm de subverter as regras eleitorais, destruindo instituições democráticas tradicionais, a fim de impedir que os republicanos subvertam as regras eleitorais e destruam instituições democráticas tradicionais.
O 6 de janeiro, para os democratas oportunistas, é a justificativa perfeita para que eles usem o poder do partido para uma revisão completa das regras do Senado e das eleições federais.
Como a revista Politico publicou ao longo da semana, “os democratas esperam que a quinta-feira seja mais do que um dia de se lembrar do que aconteceu. No Senado, fontes nos disseram que existe um desejo no ar de aproveitar essa oportunidade para impulsionar a antiga legislação eleitoral do partido – possivelmente até usando o aniversário para convencer os senadores Kyrsten Sinema e Joe Manchin a obstruírem as votações ou adotarem as mudanças nas regras”.
Sim, a vila eleitoral precisa ser queimada para se impedir eventos semelhantes aos de 6 de janeiro. Como escreveu o “New York Times” no editorial intitulado “Todo Dia É 6 de Janeiro Agora”, “a invasão do Capitólio continua em assembleias de todo o país, de uma forma legalizada e pacífica que nenhuma polícia é capaz de conter e que nenhum procurador pode levar a julgamento”.
As únicas reações plausíveis são a eleição federalizada constitucionalmente legada aos estados, a obrigatoriedade da prática corrupta da apuração das urnas, a obrigatoriedade de longos períodos de votação antecipada, o fim da verificação dos eleitores, e assim por diante. Tudo por causa do 6 de janeiro.
Ou talvez os democratas saibam interpretar a realidade e por isso antevejam os resultados das eleições de novembro. E eles esperam que, invocando o fantasma de 6 de janeiro repetidamente, os norte-americanos permitirão que eles usurpem a autoridade, violem as regras e reescrevam os procedimentos eleitorais.
Não vai dar certo. Mas talvez revele aos norte-americanos a verdadeira faceta dos democratas e mostre que, na verdade, eles não estão nem aí para o 6 de janeiro.
Ben Shapiro apresenta o “Ben Shapiro Show" e é editor emérito do “Daily Wire”.