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O pesquisador afirma que existe diferença entre a “idade cronológica” de alguém, sua “idade biológica” e sua “idade emocional” (Imagem: Pixabay)
O pesquisador afirma que existe diferença entre a “idade cronológica” de alguém, sua “idade biológica” e sua “idade emocional” (Imagem: Pixabay)| Foto:

Um artigo de um bioeticista finlandês, publicado no periódico The Journal of Medical Ethics, defende que algumas pessoas deveriam poder mudar legalmente a sua idade de maneira a corresponder com a sua “idade experimentada”. O autor é Joona Räsänen, da Universidade de Oslo, na Noruega.

De acordo com o seu artigo “Uma defesa moral da mudança de idade legal”, há três cenários em que uma pessoa deveria ter permissão para alterar legalmente sua própria idade: a) quando a pessoa em questão “realmente sente que sua idade difere significativamente da idade cronológica”; b) quando “se reconhece que a idade biológica da pessoa é significativamente diferente da idade cronológica”; e c) quando “a mudança de idade provavelmente evitaria, impediria ou reduziria o preconceito de idade que a pessoa poderia enfrentar”.

Räsänen afirma que existe diferença entre a “idade cronológica” de alguém (o número de anos que a pessoa viveu), sua “idade biológica” (baseada na condição física da pessoa) e sua “idade emocional” (aquela que a pessoa escolhe para se identificar).

Segundo ele, “para algumas pessoas, cuja idade biológica e emocional não correspondem à idade cronológica, a idade legal é um recurso para evitar uma grave discriminação”.

“As pessoas podem se identificar como sendo mais velhas ou mais jovens do que realmente são”, disse Räsänen em uma entrevista ao The College Fix. “Eu não nego às pessoas sua própria experiência”, disse

Räsänen também disse ao The College Fix que acredita que potenciais problemas – como um pedófilo querer mudar a sua idade para que possa ter relações sexuais com menores de idade – podem ser facilmente evitados.

“Uma criança não é capaz de consentir, e isso explica por que sexo com crianças é errado”, disse ele. “Mas se uma criança de oito anos de idade não pode ter relação consensual com alguém de 18 ou 80 anos, ela também não pode fazer isso com outra criança de oito anos de idade”.

Räsänen considera que propor “limites acima e abaixo para a mudança de idade” também evitaria esse problema. “Por exemplo, talvez a mudança de idade poderia ser permitida somente quando a nova idade fosse entre 18 e 60”, disse ele. “Talvez também deva haver um limite etário para a mudança, de modo que uma criança não possa mudar sua idade”.

Ideia estúpida

Deixando de lado a questão da pedofilia, a ideia de que alguém possa alterar legalmente sua idade só porque “sente” ter uma idade diferente da que de fato tem é absolutamente estúpida.

Eu, por exemplo, tenho 30 anos e com certeza não sinto ter essa idade. Na verdade, com a quantidade de doces que eu como, o número de filhos que eu tenho (zero) e o tempo que passo assistindo Alf, o ETeimoso (muitas horas), seria muito fácil argumentar que tenho, no máximo, 11 anos. Além do mais, desde que fiz 30 anos, algumas pessoas no Twitter já disseram que sou uma solteirona nojenta e ranzinza, então também estaria qualificada para me encaixar no lance de “reduzir o preconceito de idade”. Não seria justo eu poder mudar minha idade para 22 anos, para que eu pudesse me sentir melhor sobre o fato de ainda morar sozinha com um gato?

Não seria. E sabe por que não seria? Porque eu continuaria tendo 30 anos! O fato de que “redefini” minha idade nos documentos não mudaria coisa alguma na realidade. Eu ainda estaria neste planeta há 30 anos. Os óvulos nos meus ovários ainda envelheceriam na mesma velocidade. A única diferença é que eu estaria mentindo para mim mesma, e mentir para si mesmo nunca é uma maneira saudável de viver a vida.

Idade, afinal, não é “apenas” um número – é um número útil. Embora diferentes pessoas certamente amadureçam em ritmos diferentes, a idade continua a ser uma boa referência de onde estamos, ainda que aproximadamente, em termos biológicos.

Ela sinaliza quando uma pessoa provavelmente estará pronta para coisas como dirigir, prestar o serviço militar ou beber, e permite que os médicos saibam quando devem começar a ficar atentos para determinados problemas de saúde.

Recusar-se a encarar sua idade real pode ser divertido e fazer você se sentir melhor sobre o fato de que ainda joga Nintendo 64 (O quê?! Só eu?), mas também pode ser muito prejudicial para a sua saúde e bem-estar, especialmente se você estiver se recusando a encarar a realidade em documentos oficiais.

Tradução de Ana Peregrino.

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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