A judoca italiana Odette Giuffrida abraça a brasileira Larissa Pimenta: história inspiradora nos Jogos Olímpicos| Foto: Miguel Gutierrez/EFE
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O começo dos Jogos Olímpicos de 2024 não foi dos melhores. A abertura da competição teve incompreensíveis cenas de escárnio à fé cristã.

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Mas o espírito olímpico sobreviveu durante a competição, que se encerrou no domingo (11). Não faltam histórias inspiradoras de atletas que, se não saíram com a medalha de ouro, serão lembrados pela conduta exemplar na competição.

1. A estreante de 58 anos

| Foto: Kiko Huesca/EFE
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A mesa-tenista Zeng Zhiying estreou nos Jogos Olímpicos aos 58 anos de idade. A história dela parece obra de ficção. Aos 20 anos, Zeng era uma atleta de alto nível, mas não obteve o sucesso que planejava na China. Ela imigrou para o Chile (onde adotou o nome de Tania). Lá, ganhou torneios nacionais antes de se aposentar, há quase 20 anos. Foi durante a pandemia que ela resolveu retomar a carreira. Já perto da terceira idade, participou da seletiva para as Olimpíadas e conseguiu se classificar. Em Paris, ela foi eliminada na primeira fase por uma competidora libanesa. Sua história, no entanto, mostra que nunca é tarde para ir atrás dos sonhos, por mais clichê que esta frase possa parecer.

2. A arqueira grávida

A arqueira Yalagul Ramazanova, do Azerbaijão, conseguiu duas proezas: a primeira foi se classificar para os Jogos Olímpicos. A segunda foi acertar o centro do alvo e ganhar uma nota dez estando grávida de seis meses. A nota a ajudou a superar uma adversária chinesa e passar da primeira fase da competição, antes de ser eliminada e terminar em 17° lugar.

3. Conquista após perda na guerra

A medalha do judoca israelense Peter Paltchik teve um significado especial. O técnico dele e da equipe israelense, Oren Smadga, perdeu um filho recentemente. O jovem foi morto em combate na Faixa de Gaza em junho, enquanto lutava pelo exército israelense. Ainda assim, o técnico manteve a rotina de treinamento e confirmou a ida aos Jogos Olímpicos. Smadga recebeu um abraço emocionado de Paltchik quando o lutador conquistou a medalha de bronze em sua categoria.

4. Nobreza na derrota

A judoca italiana Odette Giuffrida chegou a Paris como campeã mundial, mas não conseguiu um lugar no pódio. Depois de perder a semifinal, ela também foi derrotada na disputa da medalha de bronze. Do outro lado do tatame estava a brasileira Larissa Pimenta, que, em lágrimas, não conseguiu se levantar após o anúncio da vitória. Foi Odette quem a ajudou a se erguer: "Levanta e dá a Ele a glória. Dá glória a Deus", disse a italiana. Mais tarde, Larissa explicou que ela própria costumava falar de sua fé cristã a Odette. Uma das histórias mais inspiradoras dos Jogos Olímpicos de Paris.

5. Atleta olímpica e paralímpica

Bruna Alexandre: atleta olímpica e paralímpica| Foto: Abelardo Mendes Jr/Ministério do Esporte
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Durante a disputa por equipes no tênis de mesa, a atleta brasileira Bruna Alexandre entrou para a história: ela se tornou a primeira pessoa a disputar os jogos Olímpicos e Paralímpicos pelo Brasil. Bruna, que não tem o braço direito, foi escalada para a partida de duplas ao lado de Giulia Takahashi. Elas foram derrotadas pelas adversárias sul-coreanas, mas Bruna permaneceu em Paris para os jogos Paralímpicos. Ela vai tentar a quarta medalha na competição, depois de bons resultados no Rio e em Tóquio.

6. A primeira medalha de Santa Lúcia

Julien Alfred (centro) durante competição na Escócia, em março deste ano| Foto: Adam Vaughan/EFE/EPA

Santa Lúcia é país com a população de um bairro paulistano (180 mil habitantes). Por isso, as expectativas de conquistas esportivas são inexistentes por lá. Também por isso, o país enlouqueceu quando a corredora Julien Alfred não só obteve a primeira medalha olímpica da história da nação, como também a segunda. E as conquistas vieram em duas provas nobres: ouro nos 100 metros rasos e prata nos 200 metros. Para efeitos de comparação, isso deixou Santa Lúcia — uma ilha no Caribe — à frente de Índia (1,4 bilhão de pessoas), México (130 milhões) e Colômbia (49 milhões) no quadro final de medalhas.

7. Broche da Espanha no pódio

A atleta de badminton He Bingjiao, da China, subiu ao palco para receber sua medalha de prata segurando um pequeno broche com a bandeira da Espanha. A referência ao país europeu era uma homenagem a Carolina Marin, que estava derrotando a jogadora chinesa na semifinal quando teve de abandonar a disputa por causa de uma lesão no joelho. O gesto de He Binjiao foi saudado como um exemplo do espírito olímpico.

8. Bicicleta emprestada

A primeira atleta olímpica de ciclismo da Nigéria contou com a uma gentileza da equipe alemã. Ese Ukpeseraye levou a Paris uma bicicleta para um tipo específico de evento (a corrida de rua), mas também foi registrada em cima da hora para competir na modalidade indoor. Sem tempo para trazer outra bicicleta (adequada à modalidade), ela foi salva pelas alemãs, que lhe emprestaram um equipamento de competição.

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9. Ciclistas contra o Talibã

As irmãs Yulduz e Fariba Hashimi jamais teriam chegado aos Jogos Olímpicos se tivessem permanecido no país natal, o Afeganistão. Desde 2021 no poder, o Talibã proíbe as mulheres de praticarem esportes. As jovens tiveram que deixar o país às pressas três anos atrás. Hoje, vivem na Itália, mas continuam representado o país de origem. E dizem ter esperança de que o seu exemplo possa inspirar outras garotas afegãs.

10. Da ginástica ao tiro esportivo

A atleta Adriana Ruano, da Guatemala, tinha o sonho de disputar as Olimpíadas como ginasta. Mas, em 2011, um acidente durante um treinamento para o campeonato mundial da categoria acabou com essa esperança. Aos 16 anos, ela teve seis vértebras danificadas e teve de abrir mão da careira na ginástica. Mas o sonho olímpico tomou outra forma: ela passou a se dedicar ao tiro esportivo e, em Paris, conquistou a medalha de ouro em sua nova categoria. Este foi o primeiro ouro da história do país, e apenas a segunda medalha olímpica conquistada pela Guatemala desde a criação dos jogos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]