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Enquanto os europeus geram emissões de gases de efeito estufa dirigindo ou voando para suas longas férias de verão, a Dinamarca está tentando reduzir essas emissões taxando os arrotos e flatulências das vacas para combater as mudanças climáticas.
O governo dinamarquês acredita que taxar o metano produzido pelos animais melhorará a vida dos cidadãos ao reduzir as temperaturas globais. Portanto, a partir de 2030, os pecuaristas serão taxados em cerca de R$ 100 por tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente emitida por seu gado. Essa taxa aumentará para cerca de R$ 235 até 2035.
A vaca média emite o equivalente a cerca de três toneladas de CO2 por ano em metano, então cada vaca custará aos agricultores R$ 272 em 2030, chegando a cerca de R$ 680 em 2035.
Outros animais, como ovelhas e porcos, também estão sujeitos ao imposto, mas emitem menos metano devido às diferenças na química de seus sistemas digestivos.
No entanto, dois professores – William A. van Wijngaarden da Universidade de York, no Canadá, e William Happer da Universidade Princeton – argumentam que as restrições às emissões de metano “não são justificadas pelos fatos”.
Atualmente, o CO2 compõe cerca de 420 ppm (partes por milhão), ou seja, 0,042% da atmosfera. O metano é muito menor, com 1,9 ppm, ou cerca de 0,0002% da atmosfera.
O metano está aumentando na atmosfera a uma taxa de cerca de 0,0076 ppm por ano, enquanto o CO2 está aumentando a uma taxa 300 vezes mais rápida, ou 2,3 ppm por ano.
A molécula de metano é cerca de 30 vezes mais eficiente em reter calor do que a molécula de dióxido de carbono. Portanto, o metano contribui com cerca de um décimo do aquecimento advindo do CO2.
Efeito na economia
O novo imposto sobre animais da Dinamarca aumentará os preços dos alimentos. Os preços da carne bovina e do leite subirão, afetando toda a economia do país. A economia da Dinamarca contraiu 1,8% no último trimestre e a taxa de inflação é de 2,1%, mas espera-se que a inflação aumente com o novo imposto sobre os animais. O imposto afetará desproporcionalmente os trabalhadores de renda média e baixa.
Ao mesmo tempo, os agricultores e pecuaristas verão margens de lucro menores. Alguns reduzirão o número de vacas e mudarão para outros animais ou grãos. Outros podem vender suas fazendas e mudar de profissão.
Nos Estados Unidos, a maioria das fazendas de criação de gado de corte são pequenas. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, 54% das fazendas com gado bovino tinham menos de 20 vacas. Em uma fazenda assim, criar uma vaca custa quase R$ 5.000 por ano.
Um imposto sobre o metano nos EUA idêntico ao da Dinamarca seria equivalente a um imposto adicional de 15% sobre o gado. Isso seria devastador para pequenos criadores que já estão sendo pressionados pelo aumento nos custos operacionais.
A política dinamarquesa taxa o carbono a R$ 235 por tonelada (na cotação atual). Este chamado custo social do carbono é ainda mais alto nos EUA e é uma etiqueta de preço facilmente manipulável que o governo coloca nas emissões de carbono.
No outono passado, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA propôs R$ 1.030 por tonelada como o custo social do carbono para fazer suas políticas parecerem valer o peso regulatório. Se taxada a esse nível de preço, uma criação de 20 vacas ficaria devendo ao Tio Sam um adicional de quase R$ 60.000 por ano.
Efeito nas emissões de carbono
A totalidade de 1,5 milhão de vacas na Dinamarca representa cerca de 0,1% dos 3,6 bilhões de toneladas anuais de emissões de gases de efeito estufa da União Europeia.
O gráfico abaixo compara as emissões de gases de efeito estufa pelo gado dinamarquês com as emissões em toda a Dinamarca e em toda a União Europeia.
Quando se trata da concentração atmosférica de dióxido de carbono, o CO2 emitido na Dinamarca não é diferente do CO2 emitido em qualquer outro lugar do mundo.
Se os legisladores dinamarqueses estão preocupados com as mudanças climáticas causadas pelo CO2, o custo da política de impostos precisa ser ponderado contra o efeito global nas emissões.
Em 2022, a Índia emitiu 189 milhões de toneladas a mais do que em 2021. Isso é mais de quatro vezes a pegada de carbono total da Dinamarca. O gráfico abaixo mostra o crescimento das emissões de carbono da Índia apagando a redução nas emissões proporcionada pela eliminação de todo o gado dinamarquês.
Efeito no clima global
Deixando de lado a economia, esta política não terá efeito nas temperaturas globais. Mesmo que toda a União Europeia interrompesse todas as emissões (incluindo o gado), as temperaturas globais seriam reduzidas em apenas 0,12 grau Celsius até o ano 2100, presumindo a maior sensibilidade climática ao carbono.
Esses números são calculados usando a calculadora climática da Heritage Foundation, que usa um modelo climático do governo. (Você pode usar a calculadora por conta própria aqui.)
Da Dinamarca à Califórnia
Embora tais políticas possam parecer improváveis de serem implementadas nos EUA, que apreciam a liberdade, regulamentações igualmente intrusivas já foram implementadas em vários setores. Essas regulamentações afetam tudo nos EUA, desde usinas de energia em grande escala e a indústria automotiva até itens domésticos cotidianos, como fogões a gás, aquecedores de água e equipamentos de jardinagem.
Em alguns estados, incluindo Nova York e Califórnia, os códigos de construção agora proíbem conexões de gás em muitos novos projetos de construção, negando aos residentes o direito de decidir por si mesmos quais fontes de energia usar.
Desde 1º de janeiro, tornou-se ilegal comprar equipamentos de jardinagem movidos a gasolina, como cortadores de grama, sopradores de folhas ou motosserras na Califórnia. Esta lei custará mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,43 bilhões) às empresas de jardinagem e aumentará o preço dos serviços de jardinagem, causando a perda de empregos e o fechamento de empresas.
É hora de parar de perpetuar o conto de fadas de que taxar os arrotos das vacas reduzirá as temperaturas globais. Tais regulamentações apenas aumentam os custos dos alimentos e a inflação em geral, agravando ainda mais a pobreza.
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©2024 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
Conteúdo editado por: Eli Vieira