O cenário político e social do Chile, sob a administração do presidente Gabriel Boric, após dois anos, poderia ser resumido ao socialismo inepto e impotente que segue fracassando de forma reiterada. A promessa de uma nação mais justa e equitativa tem esbarrado em realidades duras marcadas por estagnação econômica, insegurança, fracasso na Constituinte e divisões políticas profundas.
Em síntese, os dois primeiros anos do governo de Gabriel Boric têm sido marcados por uma série de desafios e fracassos que colocam em questão sua capacidade de unificar e liderar o Chile em direção a um futuro mais promissor. Entre o estancamento econômico, a escalada da insegurança, controvérsias políticas e desafios na gestão da imigração irregular, o governo Boric enfrenta a difícil tarefa de reconciliar suas promessas fantasiosas de campanha da época de líder estudantil com as realidades complexas do Chile contemporâneo.
Economia
Sob a liderança de Boric, o Chile testemunhou o pior desempenho econômico dos últimos 34 anos, com um crescimento pífio de 0,4% no PIB per capita entre 2022 e 2023, segundo análise da “Libertad y Desarrollo” reportada por El Líbero. Este desempenho coloca o mandato de Boric como o mais desfavorável desde o retorno à democracia, com um aumento de 2,4% no primeiro ano seguido de uma retração de 0,2% no segundo.
Segurança
A insegurança no país alcançou patamares alarmantes, com 2023 registrando o número mais elevado de delitos violentos (homicídios, estupros, roubos com violência e lesões corporais) dos últimos nove anos, totalizando 194.250 casos. Este aumento reflete uma deterioração acentuada da segurança pública, desafiando o governo Boric a encontrar soluções efetivas para reverter essa tendência. Em termos de homicídios, houve um recorde de 1.322 casos em 2022, frente a 906 em 2021. Em 2023, ocorreu uma pequena redução de 3% nos homicídios, com 1.282 assassinatos. A título de comparação, no ano de 2015 foram registrados 419 homicídios, o que mostra a deterioração da segurança pública no país andino.
Imigração irregular
Uma das mais preocupantes estatísticas sob a gestão de Boric é o exponencial aumento da imigração irregular. Em dois anos, o Chile viu o número de entradas ilegais superar a soma dos quatro anos anteriores, atingindo 88.418 casos, de acordo com a PDI e o Observatório da Migração Responsável. A situação se agravou ainda mais em 2024, com estimativas apontando para quase 100 mil imigrantes ilegais no país.
Escândalos de corrupção
No escândalo denominado Caso Convenios, revelado em junho passado, descobriu-se um convênio fraudulento entre um escritório governamental e uma fundação vinculada ao oficialismo, resultando na demissão do ministro Giorgio Jackson, braço direito de Gabriel Boric, e desencadeando uma série de buscas e renúncias.
Tudo começou quando foi divulgado que o Secretário Regional Ministerial (Seremi) Carlos Contreras assinou três convênios no valor de 426 milhões de pesos chilenos (quase US$ 500 mil) com a fundação Democracia Viva, presidida por Daniel Andrade, levantando suspeitas de conflito de interesse dado que Contreras tinha sido chefe de gabinete da deputada Catalina Pérez, parceira de Andrade, e todos eram membros do partido oficialista Revolución Democrática (RD). As investigações em torno deste caso se expandiram para outras regiões, com montantes associados ao Ministério da Habitação chegando a cerca de CLP$ 4,2 bilhões (aproximadamente US$ 4,8 milhões) e aqueles relacionados a Governos Regionais ultrapassando CLP$18 bilhões (US$ 20 milhões).
O caso resultou em um total de 11 detenções e diversas investigações por supostos repasses irregulares de fundos públicos, envolvendo várias fundações e organizações da sociedade civil. Entre os detidos, está Diego Ancalao, ex-candidato presidencial pela Lista do Povo, acusado de fraude fiscal e lavagem de dinheiro conforme explicou o INFOBAE. O ministro da Habitação, apesar das controvérsias, manteve-se no cargo com o apoio do Partido Socialista e de redes políticas formadas ao longo de 32 anos como parlamentar.
A ex-candidata a deputada Camila Polizzi chegou a ser detida por acusação de lavagem de dinheiro neste escândalo e hoje está em prisão domiciliar. Recentemente, Camila abriu uma conta para conteúdos adultos no Onlyfans.
Fracasso Constitucional
A tentativa de Boric de reformar a constituição chilena também acabou em fracasso, com dois plebiscitos rejeitados pela população e um custo superior a 150 milhões de euros. Esta derrota evidenciou um rechaço da população chilena contra as ideias de extrema-esquerda nas propostas constitucionais.
Indultos controversos
Boric provocou polêmica ao conceder indultos a indivíduos condenados por delitos graves durante as revoltas de 2019, incluindo figuras controversas como Luis Castillo, um ex-guerrilheiro com um extenso histórico criminal. Essas ações esgarçaram o tecido social chileno e também levantaram questões sobre a abordagem do governo em relação à violência e à criminalidade. A cientista política Daniela Carrasco informa em artigo publicado no jornal La Gaceta de Iberosfera o absurdo caso de Andrés Fuica, que tinha sido condenado por saquear um supermercado nas revoltas de 2019, e além de ser indultado, ele recebeu uma pensão vitalícia. Ou seja, os delinquentes das revoltas “Outubristas” além de serem perdoados, ainda são premiados.
Política internacional
O assassinato do ex-militar venezuelano Ronald Ojeda em Santiago colocou Boric sob escrutínio internacional, levando-o a descrever o incidente como "gravíssimo" e destacar os esforços do governo chileno para solucionar o caso. Esta situação evidenciou os desafios que Boric enfrenta não apenas no âmbito doméstico, mas também no cenário internacional.
Essa morte política em solo chileno foi causada pela organização criminosa “Tren de Aragua”, que é fortemente vinculada à ditadura venezuelana. A analista política Daniela Carrasco falou com a Gazeta do Povo e disse que a política externa de Boric foi “errática” e que o governo promove uma inserção internacional “turquesa e feminista”. Basicamente, o governo Boric promove as suas relações internacionais baseadas em feminismo e ambientalismo progressista radical (daí a expressão turquesa, usada pela ex-ministra das Relações Exteriores do Chile Antonia Urrejola).
É importante lembrar que há uma pequena diferença da política externa de Boric frente ao Foro de São Paulo (FSP). O governo Boric já fez críticas à ditadura de Nicolás Maduro (inclusive no Brasil), diferentemente da posição de Lula da Silva. A inserção internacional do presidente chileno segue os valores do Grupo de Puebla, que se baseia em um socialismo progressista e que busca distanciar-se do socialismo chavista defendido pelo FSP.
Há também um componente antissemita em suas relações internacionais, e o presidente chileno tem tido muitos atritos com Israel, seguindo a linha da esquerda latino-americana. Vale lembrar que foi negada a participação de Israel na “Feira Internacional do Ar e do Espaço” que será realizada no mês que vem, em Santiago.