Melhor vencedor do Oscar de roteiro adaptado por "Infiltrado na Klan", Spike Lee participa da 91ª cerimônia anual da premiação no Hollywood & Highland Center, em Hollywood, Califórnia, em 24 de fevereiro de 2019.| Foto: ROBYN BECKAFP

Ao comemorar o seu primeiro Oscar, o cineasta americano Spike Lee, 61, criticou indiretamente o governo de Donald Trump durante o seu discurso, e o presidente retrucou pelo Twitter. Lee levou o prêmio de melhor roteiro adaptado pelo longa "Infiltrado na Klan" (2018).

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"Seria legal se Spike Lee pudesse ler suas anotações, ou melhor ainda, não ter que usar anotações ao fazer sua crítica racista ao presidente, que fez mais pelos afro-americanos (Reforma da Justiça Criminal, Desemprego mais baixo da história, cortes fiscais) do que quase qualquer outro." 

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Em seu discurso de vitória, Lee lembrou que a escravidão ainda é algo próximo da realidade e deu como exemplo a sua avó que cursou faculdade e o ajudou a se formar cineasta, apesar da mãe dela ter sido escrava. No fim de sua fala, o cineasta pediu para os americanos se mobilizarem nas eleições do ano que vem em uma campanha contra o ódio. "Estejamos no lado certo da história. Faça uma escolha moral entre o amor e o ódio", afirmou Lee.

O filme

O filme "Infiltrado na Klan" faz críticas bem diretas a Donald Trump. O filme, inspirado num caso real, narra a história de um policial negro (John David Washington) que consegue se infiltrar nas entranhas da organização racista e nacionalista Ku Klux Klan, nos anos 1970. 

O filme acaba com imagens da marcha de supremacistas em Charlottesville, ocorrida no ano passado e inclui o discurso de Trump a respeito. Na ocasião, o presidente disse que houve violência das duas partes e que tinha "algumas boas pessoas" também do lado dos que marcharam.

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"Aquele f**** da p*** teve a chance de dizer coisas amorosas e denunciar a Ku Klux Klan e aqueles nazistas de merda, mas não fez", afirmou Lee durante entrevista coletiva sobre o filme.

Lee concorria com "Infiltrado na Klan" nas categorias de melhor edição, de melhor trilha sonora e, também de melhor filme. O grande prêmio da noite, no entanto, ficou para "Green Book", que também trata de racismo.  O cineasta não gostou de perder e deu às costas ao palco quando o prêmio ao longa concorrente foi anunciado. 

Em entrevista, ele brincou em relação ao Oscar que também não levou em 1990, quando concorria com o filme "Faça a Coisa Certa (1989)". A estatueta acabou ficando para "Conduzindo Miss Daisy (1989)". "Toda vez que tem alguém dirigindo, eu perco", brincou Lee.

O cineasta já concorreu ao Oscar com o documentário "Quatro Meninas" (1997) e recebeu um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra em 2016.

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