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Em muitas escolas, crianças brancas são ensinadas que são culpadas apenas por serem brancas, pois fazem parte do grupo opressor, e isso é lavagem cerebral da pior espécie.
Em muitas escolas, crianças brancas são ensinadas que são culpadas apenas por serem brancas, pois fazem parte do grupo opressor, e isso é lavagem cerebral da pior espécie.| Foto: Imagem de Barbara por Pixabay

Recém-lançado pelo selo Avis Rara, ‘Corrupção da Linguagem, Corrupção do Caráter: Como o Ativismo Woke Está Destruindo o Ocidente’ discute o processo de infiltração das ideias politicamente corretas em diferentes segmentos da sociedade.

Com foco no comportamento dos ativistas radicais, o livro elenca as diversas táticas utilizadas por grupos que buscam aniquilar qualquer tipo de opinião divergente (censura, insultos, humilhação pública, cancelamento, isolamento).

No trecho a seguir, as autoras Nine Borges e Patrícia Silva – professoras e pesquisadoras acadêmicas – explicam como os educadores alinhados com a ideologia de esquerda manipulam seus alunos em nome de um objetivo bem definido: formar novos militantes.

Cultivados nos berços universitários, em geral, os ativistas woke são alunos de classe média, que viveram toda a sua vida em vantagem social. Tiveram acesso à boa educação e a outros bens e serviços que os colocaram em destaque em comparação a outros grupos sociais.

Tais benefícios não parecem ter sido suficientes, era preciso alcançar também certa vantagem moral, algo que lhes conferisse um valor distintivo como cidadãos de elevado nível moral, quase como um mecanismo para mediar o constrangimento por terem nascido nessa posição social.

E esse sentimento de culpa foi inculcado nas mentes dos jovens através de anos de educação doutrinária disfarçada de pensamento crítico.

Foram anos de lavagem cerebral institucionalizada com a aplicação prática daquilo que ficou conhecido como pedagogia crítica, cujo autor mais difundido no Brasil é Paulo Freire.

A proposta de conscientização educacional de Freire não é educação, e sim radicalização, pois preconiza que o papel da educação seja permitir que o aluno pense criticamente.

Porém, pensar criticamente significa pensar de uma forma específica, através do reconhecimento de que o mundo é um lugar inundado de opressão, e que temos a nossa responsabilidade/culpa nesse processo, logo, precisamos fazer algo para corrigir isso.

Essa abordagem crítica da educação passa a ser percebida como o único ato político correto, e ensinada como verdade absoluta.

Infiltrada nos cursos de formação de professores como algo libertador, passa a ser prática comum nas salas de aula, não particularmente a aplicação do método em si, mas o escopo teórico de reforma do pensamento, especialmente, a ideia de que o papel da educação é, antes de mais nada, despertar e provocar o aluno com oportunidades de discussão na linha da justiça social e questionar o status quo.

Você já se perguntou de onde advém o termo “crítico” de pensamento crítico ou educação crítica? A pedagogia crítica descende da Teoria Crítica, escola de pensamento neomarxista que enfatiza ideologia e cultura, e um dos meios culturais mais poderosos de uma sociedade é o seu sistema educacional.

Logo, o pensamento crítico é um pensamento neomarxista, é Teoria Crítica infiltrada e aplicada na Educação.

Consciência e ideologia são conceitos importantes nas discussões de Henry Giroux, por exemplo. Giroux foi o fundador da pedagogia crítica nos Estados Unidos, e amigo pessoal de Paulo Freire, com quem realizou muitas parcerias acadêmicas ao longo dos anos.

O autor adaptou não apenas ideias dos teóricos críticos (neomarxistas) Theodor Adorno e Herbert Marcuse, mas também era fã da análise de poder produzida por Michel Foucault, e teria incorporado todas essas ideias em seu modelo pedagógico.

Muitos conceitos neomarxistas são aplicados à educação crítica, como o conceito de hegemonia de [Antonio] Gramsci que passa a ser incorporado na discussão sobre currículos, a crítica à racionalidade e ao positivismo científico realizada pelos teóricos críticos Theodor Adorno e Herbert Marcuse também, apenas para citar alguns.

Em 1981, Henry Giroux elabora as suas principais ideias em seu primeiro livro, 'Ideologia, Cultura e o Processo de Escolarização', no qual deixa clara a intenção da educação crítica: um instrumento para revolução/transformação.

O autor rejeitou a ideia de educação como instrumento de transmissão de conhecimento, pois para ele, esse processo seria considerado passivo e autoritário, haja vista os discursos dos professores serem carregados de certa visão dominante do mundo, logo, opressora, que só serviria aos interesses daqueles que se encontram no topo da hierarquia social.

Portanto, seria papel da educação plantar a semente do conflito na consciência dos alunos, para que eles despertem para a necessidade da transformação social, rebelem-se, e sejam agentes da revolução

Joe Kincheloe, utilizando ideias de Giroux e Freire, desenvolve a teoria que ficou conhecida como Epistemologia Crítica Construtivista, e termos como decolonização do currículo passam a se popularizar.

De forma operacional, a educação seria usada para gerar oportunidades de aprendizagem que tocassem nos centros emocionais dos alunos, ativando o seu desejo, despertando o seu ativismo.

A pedagogia crítica visa criar deliberadamente crises emocionais nos alunos com o objetivo de incitar raiva, tristeza, ansiedade e culpa, para impulsioná-los ao ativismo e à mudança social.

Essa pedagogia defende que, para que as ideias transformativas penetrem a consciência dos alunos, é preciso que a abordagem penetre também as emoções das crianças, através do uso de exemplos concretos e próximos da sua realidade, para que sejam mais significativos

Essa experiência educativa, encharcada de emoções, teria como objetivo invocar medos e ansiedades que geram uma crise existencial no aluno. [Kevin] Kumashiro afirma que o educador tem a responsabilidade de atrair alunos para uma possível crise, pois esta crise de identidade seria o combustível necessário para que eles despertem e façam uma autorreflexão crítica

Por exemplo, ao ensinar às crianças a fazerem cálculos matemáticos como distância e velocidade, doses de crítica social podem ser adicionadas ao enunciado dos textos, produzindo uma forma de reflexão social radical, embebida em discussões sobre pobreza, raça e, o tema popular do momento, identidade de gênero.

Um problema matemático sobre uma criança cruzando um parque em um skate pode vir com questionamentos adicionais: você acha que todas as crianças têm dinheiro para ter um skate?

Você acha que todas as crianças possuem um parque no bairro? Quantas crianças pretas você viu no parque? É justo que você tenha um skate e outras crianças não tenham? Você se considera privilegiado por ter um skate?

E assim, a conversa deixa de ser sobre matemática e passa a ser sobre o que realmente importa: lavagem cerebral via ativação dos circuitos emocionais da criança.

Nesse sentido, a matemática é usada como tema gerador para as conversas que realmente importam, e assim, certas emoções são produzidas na consciência dos alunos, e ir ao parque andar de skate nunca mais será como antes, certas emoções estão agora atreladas à experiência: eu tenho culpa? Eu sou racista? Eu estou oprimindo meus coleguinhas?

Isso é abuso e e exploração emocional com roupagem de conscientização política.

Pedagogia de Paulo Freire estimula alunos de classe média a se sentirem parte do "grupo opressor"

Essa pedagogia visa, através da ativação dos circuitos emocionais dos alunos, fazer com que eles se sintam culpados, e que entendam que também fazem parte dessa estrutura de opressão.

Essa crise poderia levar os alunos a uma reflexão que culmine em ativismo, via culpa e arrependimento, ou a uma crise que fuja do controle, e por isso, o professor é importante como mediador da “catástrofe” que ele mesmo provocou.

Em muitas escolas, crianças brancas são ensinadas que são culpadas apenas por serem brancas, pois fazem parte do grupo opressor, e isso é lavagem cerebral da pior espécie.

Anos de escolarização baseados em “pensamento crítico” ajudaram a aprofundar essa culpa nas pessoas, que, obviamente, não querem ser percebidas como membros do grupo opressor.

É interessante que os próprios Gen Z estão tendo filhos agora, e mais de 70% acreditam que a educação familiar deve incorporar elementos de “pensamento crítico”, e para eles pensar criticamente significa a adoção de pautas progressistas como neutralidade de gênero, combate à supremacia branca e ideias feministas liberais, por exemplo.

Isso mostra como anos de lavagem cerebral, de pensamento crítico através da escola surtiu efeito duradouro.

Na escala de opressão, é embaraçoso ser ou se associar com os opressores, pois se trata de um sistema de ideias e valores que categoriza pessoas, aponta dedos e as classifica como culpadas, caso pertençam a um determinado grupo.

Ser privilegiado, nesse contexto, é vergonhoso e, embora tais grupos não estejam preparados para abrir mão de seus privilégios, eles teriam encontrado uma forma mais fácil e conveniente de se projetarem ante os detentores do monopólio da verdade, da bondade e da inteligência: tornam-se woke.

Na prática, vemos a manifestação desse rito de passagem de várias formas. Brancos passam a proclamar autoculpa — sobretudo, online —, a demonstrar constrangimento pelo fato de serem brancos e a se declararem “racistas em desconstrução”.

Pais se projetam à popularidade por sua louvável capacidade de entender seus filhos transgêneros, professores passam a adotar linguagem neutra para acomodar os sentimentos dos grupos considerados marginalizados, estudantes ricos, matriculados em universidades caríssimas, passam a adotar uma identidade dita não binária, cuja exigência mínima é apenas a mudança dos pronomes no perfil das redes sociais.

Essas ações não apenas sinalizam virtude, como também atuam como prova de aliança aos grupos ditos vitimizados. Dessa maneira, você pode continuar a viver seus privilégios tendo a confiança de que está, pelo menos, fazendo a sua parte.

John McWorther, professor da Universidade de Colúmbia, publicou, em 19 de agosto de 2022, um artigo no jornal The New York Times intitulado "A mentalidade de rebanho está ao nosso redor. Ainda vejo esperança para a diversidade de pensamento".

Nesse artigo, McWorther lança mão de um conceito cunhado por Joseph Henrich, antropólogo da Universidade de Harvard: WEIRD-ness. WEIRD seria o acrônimo, em inglês, para ocidentais, educadas, industrializadas, ricas e democráticas.

As pessoas não WEIRD são os ativistas woke e possuem mentalidade de rebanho, o que faz com que eles rejeitem a habilidade de pensar de forma autônoma. Isso gera uma polarização emocional, que é uma adesão acrítica a grupo ou partido por ter horror absoluto a um determinado grupo ou partido político.

Os jovens militantes, que cresceram desfrutando dos benefícios da civilização ocidental, parecem tão atingidos pelo sentimentalismo tóxico, que destruiu a capacidade desta geração de pensar ou ter ciência de que precisa pensar.

Crianças não são conhecidas por seu envolvimento político, mas depois de anos de lavagem cerebral, ao ingressarem nas universidades, encontram a oportunidade perfeita para colocar em prática o ativismo que foram, através de anos de escolarização crítica, encorajadas a adotar.

Conteúdo editado por:Omar Godoy
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