| Foto: Pixabay

Houve um tempo em que uma busca no Google por "Albert Einstein" e "racista" resultava em louvores às declarações públicas ressonantes do físico contra a animosidade racial. 

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Isso foi há duas semanas. 

Desde então, Einstein foi rotulado como um racista nas manchetes dos sites da CNN, NBC News, BBC, Fox News e Washington Post (que também o chamou de "misógino"). O New York Times, em um circunlóquio, deu início ao frenesi ao chamá-lo de "não" "antirracista". Pelo menos em seus diários de viagem. 

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Os pensamentos que Einstein rabiscou naqueles diários agora estão sendo usados para lançar lama em seu legado como um grande humanitário, cortesia da editora da Universidade de Princeton, na cidade onde Einstein passou suas décadas finais. Talvez seja hora de derrubar o busto dele na prefeitura de Princeton. Ou Princeton deseja ter sua reputação manchada pela veneração pública de um racista conhecido? 

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A matéria do Times gasta dez parágrafos nos dizendo que Einstein era racista antes de chegar a citações de fato, livremente desprovidas de contexto. Exemplo: Um funeral chinês é descrito como "bárbaro para nosso gosto", as ruas "infestadas de pedestres" (“swarming with pedestrians”). É isso? “Infestadas” deveria nos colocar em um estado mental de denúncia? Quando o Times (5 de maio de 2015) descreveu Bentonville, Arkansas, como “infestada de tráfego de pedestres”, onde ficou a indignação com relação a isso? A descrição de pessoas como "infestação" tornou-se racista nos últimos três anos? 

Pensamentos privados

Quanto à palavra “bárbaro”, a frase na íntegra diz: “Durante a refeição observamos através da janela um funeral chinês barulhento e colorido – um (um pouco) – para nosso gosto – acontecimento bárbaro, quase aparentemente cômico.” Pelo contexto, parece que a expectativa de Einstein em relação aos funerais é que eles sejam solenes, sóbrios e dignos, e "bárbaro" é o adjetivo um tanto inapto que ele escolhe para a variedade mais espirituosa e mais barulhenta que acabou de testemunhar. Quando você anota pensamentos particulares em um diário, é provável que você seja inexato. Einstein não achava que essas palavras seriam analisadas por implicações de ódio pela mídia mundial 96 anos depois de terem sido escritas. Esta é uma razão pela qual nós normalmente concedemos uma distinção entre pensamentos privados e declarações públicas. 

A fonte do meme Einstein-como-racista é Ze'ev Rosenkranz, diretor assistente do Einstein Papers Project no California Institute of Technology e editor da nova compilação “The Travel Diaries”, de Albert Einstein, que reúne material que foi publicado anteriormente em alemão. “Podemos ter certeza de que ele não pretendia que esse material passasse para a posteridade ou fosse publicado”, escreve Rosenkranz. Ele transforma a introdução do livro em uma acusação contra Einstein reunindo um punhado de comentários do tipo que acabei de citar. Às vezes, o esforço cheira a desespero: “Olhamos de perto o templo”, escreveu Einstein. “As pessoas vizinhas parecem indiferentes à sua beleza”. “Te peguei!”, Rosenkranz praticamente grita. “Como não há como Einstein ter sabido o que os moradores estavam pensando, isso era claramente uma projeção de sua parte”, escreve o editor. 

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É suficiente dizer que, em 1922, Einstein, como a maioria das pessoas, não sentia nenhuma proibição específica a fazer generalizações sobre grupos de pessoas. Ele não parecia gostar muito dos chineses, que ele achava que tinham muitos filhos, muitos dos quais pareciam “sem espírito e obtusos”. “Seria uma pena se esses chineses substituíssem todas as outras raças”, escreveu Einstein. “Para gente como nós, o mero pensamento é indescritivelmente sombrio.” No campo chinês, ele achava que muitos dos camponeses eram “pessoas esforçadas, imundas e obtusas”. Esforçados? Um elogio. Obtusos? Indelicado, mas não um claro epíteto racial. Imundos? Duvido que os camponeses chineses tenham tomado banho tanto quanto os ocidentais em 1922. 

Policiamento

Embolar todos esses comentários dispersos em um esforço para criar um satisfatório amontado de racismo para jogar no rosto de Einstein é um ato cansativo, especialmente quando são consideradas as impressões de Einstein sobre os chineses contra os japoneses. “Almas puras como em nenhum outro lugar entre as pessoas. É preciso amar e admirar esse país”, disse Einstein sobre eles. O Times, estranhamente, escolhe listar isso como uma prova contra Einstein. Outro ponto cita-o dizendo: “Japonês sem ostentação, decente, muito atrativo”. Dizer coisas boas sobre pessoas de outra raça é racista? O Times vai expurgar todos os escritores que já elogiaram a cultura negra? De qualquer forma, está claro que as observações de Einstein sobre os chineses, pesando contra o que ele disse sobre os japoneses, mostram que ele tinha alguns problemas com o que ele considerava aspectos peculiares da cultura chinesa, e não com os asiáticos orientais como uma raça. 

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Policiar as sensibilidades de um diário escrito em 1922 provavelmente não funcionará muito bem para ninguém daquela época, mas o que Einstein estava fazendo era simplesmente o que os escritores de viagens fazem. Em Dublin, “os irlandeses com certeza adoram uma cerveja”, na Espanha, “tudo fica morto depois do almoço”, na França, “essas pessoas parecem meio esnobes”. Se você já teve algum desses pensamentos, isso não significa que você tem animosidade contra os brancos, muito menos que você é obviamente um racista, muito menos que sua reputação deva ser posta em dúvida. Quando você interage com uma cultura que lhe é estranha, seu primeiro pensamento é: “Isso é diferente do que estou acostumado”. Seu segundo pensamento é: “O que há de diferente nisso?”. Einstein estava tentando entender o que ele viu. Seus pensamentos aleatórios e particulares sobre outras culturas não desfazem suas palavras e ações públicas como um grande humanitário.

©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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