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Jussie Smollett

Ele disse que foi atacado por ser gay. Era tudo mentira. Agora está na cadeia

O ator norte-americano Jussie Smollett em um evento em Los Angeles, Califórnia, 2 de dezembro de 2018.  | VALERIE MACON/AFP
O ator norte-americano Jussie Smollett em um evento em Los Angeles, Califórnia, 2 de dezembro de 2018.  (Foto: VALERIE MACON/AFP)

Jussie Smollett foi preso após ter sido acusado de conduta desordeira, anunciou a polícia de Chicago na madrugada desta quinta-feira (21). O ator da série Empire fez uma falsa queixa à polícia sobre uma agressão que ele teria sofrido mês passado.  

"Jussie Smollet está detido e sob custódia", tuitou o porta-voz da polícia de Chicago, Anthony Guglielmi. As autoridades não forneceram detalhes adicionais sobre a prisão de Smollett. 

O ator havia dito à polícia que foi atacado no mês passado por duas pessoas que gritaram insultos raciais e homofóbicos, amarraram uma corda em seu pescoço e derramaram uma substância química sobre ele. 

Na quarta-feira, os advogados Todd Pugh e Victor Henderson, que representam Smollett, escreveram em um comunicado: "Como qualquer outro cidadão, o Sr. Smollett goza da presunção de inocência, especialmente em uma investigação como essa, cujas informações, tanto verdadeiras quanto falsas, têm sido repetidamente vazadas. Dadas essas circunstâncias, pretendemos conduzir uma investigação completa e montar uma defesa agressiva". 

A notícia da acusação veio apenas horas depois de o departamento de polícia da cidade anunciar que o ator da série Empire, transmitida no Brasil pelo canal a cabo Foz Premium, estava sendo tratado como suspeito e não mais como vítima. A polícia anunciou dias atrás que que falaria novamente com Smollett depois que novas evidências "mudaram a trajetória da investigação". 

Smollett disse à polícia que foi atacado por volta de duas horas da manhã de 29 de janeiro. Ele ainda disse que pelo menos um dos agressores gritou "este é o país do MAGA" durante o suposto ataque — MAGA é a abreviatura de Make America Great Again (Faça a América grande de novo, slogan da vitoriosa campanha de Donald Trump à presidência). A polícia disse no mês passado que estava investigando o suposto assalto contra Smollett, que é negro e abertamente gay, como um possível crime de ódio.

A polícia não discutiu publicamente as novas evidências que a levou a solicitar a prisão de Smollett, mas afirmou que a informação surgiu em depoimentos com duas pessoas que foram presas na semana passada e liberadas na sexta-feira (15), sem serem indiciadas. A polícia diz que pelo menos um dos dois homens — que são irmãos e descendentes de nigerianos — trabalhou com Smollett na série, mas se recusou a dizer se o ator os conhecia.

Em um comunicado divulgado na noite de sábado, os advogados de defesa Pugh e Henderson disseram que "nada está mais longe da verdade e qualquer um que diga o contrário está mentindo", acrescentando que um dos indivíduos que falou à polícia era um personal trainer que Smollett contratou para ajudá-lo a se preparar para um videoclipe.

Causas progressistas

Smollett se alinhou no passado com organizações dedicadas à conscientização sobre o HIV/AIDS, direitos civis e defesa LGBTQ. Ele invocou isso enquanto discutia o ceticismo em torno de suas alegações durante uma entrevista que foi ao ar na semana passada sobre "Good Morning America". 

"Eu respeito demais as pessoas que foram atacadas de qualquer forma — já que eu sou agora uma dessas pessoas", disse a Robin Roberts, da TV ABC. "Você faz um desserviço quando você mente sobre coisas como esta." 

Quando detalhes da suposta agressão de Smollett foram divulgados pela polícia no mês passado, celebridades e outras personalidades saíram em sua defesa — alguns dando destaque à natureza aparentemente racista e homofóbica do suposto ataque ou a invocação relatada do "Make America Great Again". Mas o surgimento das novas evidências em torno do caso causou desconforto. 

"Por que ele tornaria mais difícil para as pessoas que realmente sofrem com crimes de ódio? Não faz sentido. A mentira é tão prejudicial", escreveu a escritora Roxane Gay no sábado (16). Ela escreveu anteriormente que esperava que Smollett "soubesse quantas pessoas estão pensando nele e comprometidas em manter este governo e sua laia responsável por este clima de ódio ser fomentado". 

Alguns também questionaram se Smollett encenou o ataque para evitar que ele seja retirado de "Empire", uma teoria que a 20th Century Fox e a Fox Entertainment negaram na quarta-feira em uma declaração que se referia ao ator como "excelente profissional no set".

Vários políticos inicialmente se manifestaram em apoio a Smollett, mas desde então mudaram suas posições, incluindo o senador democrata Cory Booker, de Nova Jersey, e a senadora democrata Kamala Harris, da Califórnia, que pediu que as pessoas se abstivessem de qualquer julgamento até que a investigação fosse concluída. A porta-voz da Câmara, Nancy Pelosi, da Califórnia, excluiu um tuíte que se referia ao alegado ataque como "uma afronta à nossa humanidade". 

Outros, como o cineasta Ava Duvernay, expressaram cautela em confiar no departamento de polícia: "Apesar das inconsistências, não posso acreditar cegamente na polícia de Chicago" ela tuitou. "Seja qual for o resultado, isso não vai me impedir de acreditar nos outros." 

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