Eis aqui um sinal claro de que o presidente Donald Trump ainda tem chance de vencer essa eleição — estabelecimentos comerciais de todo os Estados Unidos estão instalando tapumes para se proteger de uma possível onda de violência associada à eleição.
Empresas em cidades como Nova York, Washington, Los Angeles e Chicago estão instalando tapumes como se um furação categoria 5 estivesse prestes a chegar.
Todos relutam em explicar por quê. Os policiais de Beverly Hills temem “protestos”. A joalheria Tiffany & Co. fala em “atividades relacionadas às eleições”. A Saks Fifth Avenue diz que está se precavendo “para o caso de distúrbios civis devidos à eleição”.
Esse papo todo é muito diplomático, mas não há dúvida sobre o que preocupa as empresas norte-americanas – e não tem a ver com a possibilidade de o clube republicano feminino local ir para as ruas se Joe Biden vencer de lavada. Não, a ameaça e a de que os manifestantes esquerdistas vão causar destruição nas cidades se Donald Trump for reeleito.
Claro que há malfeitores de direita que deveriam ser identificados e excluídos, e é uma desgraça que Trump tenha gastando tanto tempo preparando o terreno para poder dizer que, se ele perdeu, é porque as eleições foram fraudadas. Mas a esquerda tem os números, a tendência à violência (mais de US$2 bilhões em prejuízos materiais só neste ano) e os apologistas intelectuais que deixaram os norte-americanos em pé de guerra para o que pode acontecer neste dia 3 de novembro.
Os críticos mais fervorosos de Trump esperam um golpe com a mesma certeza de que trataram a vitória de Trump como tal, se ela de fato acontecer.
Eles acreditam na necessidade moral de aceitar o resultado da eleição somente se seu lado sair vitorioso e, na grandiloquência da democracia norte-americana, desde que o presidente que eles temem e odeiam não vença.
Eles adoram regras, mas desde que elas os beneficiem, e adoram normas que não limitem sua conduta e até justifiquem o caos e a destruição de propriedades.
Todos sabem que os mesmos baderneiros que têm destruído empresas em nome da “justiça social” aparecerão se Trump conquistar 270 votos no colégio eleitoral. De acordo com o jornal New York Times, algumas empresas estão usando parafusos diferentes dos usados no verão para enganar saqueadores munidos de parafusadeiras.
O Times conta a história de um empreiteiro do Colorado que comprou um estoque de dois anos de tábuas e tirou o nome da sua empresa dos caminhões por medo de retaliação. Nada de novo por aqui – somente a vida nos Estados Unidos, onde a violência urbana se tornou uma parte normal do tecido social.
A centro-esquerda supõe que Trump vai “roubar” a eleição, o que quer dizer que ela empregará advogados para entrar com ações em seu nome. Claro que Joe Biden fará o mesmo. Nesse pós-jogo, Trump tem mais probabilidade de vencer nos lugares onde os juízes reescreveram as regras eleitorais, quando a Constituição dos EUA diz que são as legislaturas estaduais que devem reescrevê-las. Nesses casos, as novas regras, e não os questionamentos em potencial sobre elas, é que são ilegítimas.
Outro tropo usado é o de que Trump só poderia vencer por meio da “supressão do eleitor”, uma acusação bizarra numa eleição na qual cerca de 100 milhões de pessoas votaram antecipadamente e na qual o comparecimento geral vai superar o recorde de 2016. A ideia de “supressão do eleitor” é mais bem analisada como um instrumento para estimular o comparecimento do eleitor, e não uma descrição de um país que terá uma votação sem precedentes.
Isso é um bom sinal. Mas a eleição não deveria estar ocorrendo sob a ameaça implícita de violência se ela “der errado”. Não é assim que uma grande república deveria funcionar e talvez um dia haja um consenso quanto a isso novamente.
Por enquanto, porém, e parafraseando a velha canção, o negócio é louvar a Deus e pregar os tapumes.
*Rich Lawry é editor da National Review.
© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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