Esta semana, o governador da Flórida, Ron DeSantis, decidiu anunciar sua candidatura presidencial para 2024 no Twitter Spaces, a mais nova funcionalidade do Twitter de Elon Musk. [Nota da tradução: Na verdade, já estava disponível na administração anterior da rede social, consiste em conversas ao vivo por áudio.]
O próprio Musk co-apresentou na quarta (26) o evento, dando a DeSantis acesso aos 141 milhões de seguidores de Musk no Twitter. Só agora, depois do lançamento no Twitter, é que DeSantis começará a campanha mais típica, embarcando em uma série de eventos de campanha por todo o país.
A decisão de DeSantis representa mais um golpe no poder da mídia tradicional. Esses veículos de mídia têm lutado furiosamente contra o fato de DeSantis não ver propósito em conceder-lhes entrevistas longas; enquanto ele de bom grado responde a suas perguntas — e os confronta agressivamente — em coletivas de imprensa, ele simplesmente não confia que a mídia tradicional fará perguntas decentes ou que fará a edição de maneira justa. Em vez disso, DeSantis simplesmente os ignora.
Essa estratégia resultou em um extraordinário alvoroço de nosso suposto establishment jornalístico. Esta semana, por exemplo, Tara Palmeri, correspondente sênior de política para o Puck News, tentou confrontar DeSantis com uma série de perguntas obtusas.
“Eu também sou ítalo-americana como você”, disse ela, “se isso faz alguma diferença para você. Por que você é contra os personagens da Disney? Qual é o seu favorito?”
Quando DeSantis se recusou a se envolver, ela então o chamou de “tigre de papel — um candidato republicano perfeito superficialmente criado em tubo de ensaio que, após uma análise mais detalhada, provavelmente não está pronto para o horário nobre”.
Mas talvez o horário nobre seja o problema. Afinal, foi a televisão em horário nobre que fez o glamour o centro de nossa política presidencial, deu a Donald Trump bilhões de dólares em cobertura de mídia gratuita em 2016, depois rotulou Trump como uma ameaça à república e provável agente russo.
Foi a televisão em horário nobre que elevou mentiras sobre a Covid-19, transformando DeSantis no Inimigo do Povo enquanto promovia o ex-governador de Nova York, Andrew Cuomo, já desacreditado, como um herói; que propagou incessantemente a falsa narrativa de que os negros americanos correm risco diário grave devido à polícia, resultando em bilhões de dólares de prejuízos por conta de distúrbios raciais; que promove incessantemente a ideia de que meninos podem ser meninas e vice-versa.
A mesma mídia tradicional que propagou essas mentiras agora espalha um poço sem fundo de mentiras sobre DeSantis também: que sua esposa Casey é como Lady Macbeth; que a Flórida baniu os gays americanos ao aprovar um projeto de lei "Don't Say Gay" ["Não diga gay", apelido impreciso dado pela imprensa à Lei de Direitos Parentais na Educação] que, na realidade, apenas impede a doutrinação sexual de crianças; que negros americanos estão em risco existencial no estado; que livros estão sendo banidos em larga escala.
Por que, precisamente, um político como DeSantis deveria confiar neles?
Ele não confia. E agora, graças ao fórum aberto proporcionado por Musk, ele não precisa usar a mídia tradicional para promover sua candidatura. Ele pode simplesmente ir diretamente ao povo.
Isso é apenas uma extensão da estratégia que Donald Trump usou com tanto sucesso em 2016, quando sua conta no Twitter se tornou a propriedade midiática mais magnética do planeta — só que agora Trump se relegou ao Truth Social, mesmo depois de Musk ter reativado sua conta no Twitter.
De qualquer forma, a mídia tradicional — em vez de reexaminar seus próprios preconceitos e perguntar por que os candidatos da direita se recusam a aparecer no ar — decidiu mirar em Musk e no Twitter. Eles sugerem que Musk é a mais nova ameaça à república — afinal, se não fosse, DeSantis estaria usando o Twitter para seu lançamento?
Conservadores não precisam mais da aprovação dos repórteres do New York Times. Eles não precisam mais sofrer as indignidades de serem interrogados de maneira tendenciosa nas mãos de partidários que trabalham para as redes de televisão. Os tempos mudaram. E o lançamento de DeSantis no Twitter é apenas a evidência mais recente disso.
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