O aborto é uma realidade triste e infeliz – lamentável, como às vezes nos dizem, mas muitas vezes necessário – ou é uma coisa sem importância, completamente “normal”, e algo a ser comemorado como um touchdown de último minuto no futebol americano? Durante muito tempo, o lobby do aborto teve dificuldade em decidir. Neste verão, parece que o nomeado à Suprema Corte americana Brett Kavanaugh – e o crescente falatório em torno do possível fim de Roe v. Wade – pode simplesmente empurrar o movimento pró-aborto para o limite.
Nossas convicções: Defesa da vida desde a concepção
Nesse momento, talvez você tenha visto o show de horror preparado por Michelle Wolf, a estrela da Netflix mais conhecida por seu discurso viral e constrangedor no jantar de correspondentes da Casa Branca nesta primavera. Cara, essa mulher adora o aborto. Ela também adora fazer “piadas” sobre o aborto assim: “Mike Pence é muito anti-escolha. Ele acha que o aborto é assassinato, mas, antes de mais nada, não descarte o que você não experimentou! E quando você experimentar, descarte de verdade. Você sabe, você tem que tirar esse bebê de lá”.
Zing! Entendeu? Você tem que descartar o bebê para fora de lá! Mas espere: se houver um bebê lá em primeiro lugar, descartá-lo não seria... ah, não importa. Quem se importa com esses detalhes? Certamente não Wolf, que acabou de transmitir outro monólogo “o-aborto-é-incrível”, gritando “Deus abençoe o aborto!” em uma roupa com as cores da bandeira americana, dizendo que o aborto “deveria estar no menu de ofertas do McDonalds”. Sua plateia aplaudiu – e aqui talvez se pudesse escrever uma dissertação sobre o comportamento de manada e perturbador das pessoas que ganham lugares para assistir programas de entrevistas dolorosamente sem graça da Netflix.
Celebração do aborto
Se Michelle Wolf é ou não uma agente secreta infiltrada para a causa pró-vida, tramando para repugnar os eleitores pró-escolha menos decididos – e o quanto mais exagerada ela fica, mais eu suspeito que esse é o caso – ela não está sozinha, e nem é uma personagem marginal. Lembra-se de “seguro, legal e raro”? Esqueça. O movimento “vamos celebrar o aborto” está crescendo e com força.
Duas campanhas virais atuais, chamadas “Shout Your Abortion” [Grite o seu Aborto] e “#OneInFour” [Uma em quatro], sugerem que o aborto é um bem inquestionável. O site Shout Your Abortion transmite este credo moderno, em som alto, claro e estridente: “O aborto é normal. Nossas histórias são nossas para que sejam contadas. Isto não é um debate”. O site do grupo também oferece a opção de comprar uma camiseta que diz ao mundo que você está orgulhosa de seu aborto, ou até mesmo comprar um broche que diz “Aborto é Liberdade”, que pode fazer Orwell se contorcer.
A campanha #OneInFour, apoiada por grupos como Planned Parenthood e NARAL, inspirou uma série de mulheres famosas a darem o testemunho do poder de seus próprios abortos. Com base em uma estimativa do Instituto Guttmacher de que uma em cada quatro mulheres terá feito um aborto antes dos 45 anos, a mensagem da campanha é simples: muitas pessoas fazem abortos, então o aborto está certo. Se você estender esse argumento ilógico, o aborto nunca deve ser questionado: se você é uma mulher e está grávida, não há outra parte a ser considerada além de você mesma. “Não precisamos de nada mais complicado do que o desejo de uma única mulher em relação ao seu corpo e à sua vida", afirma um testemunho.
Ah. Exceto que é mais complicado, e todo mundo sabe disso – especialmente mulheres que estão grávidas.
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Opinião proibida
Hoje em dia, os homens estão supostamente proibidos de ter opiniões sobre o aborto: a NARAL, por sua vez, twittou que “vamos estar LASCADAS” – ok, elas usaram uma palavra mais forte – “se deixarmos cinco HOMENS – incluindo um garoto chamado Brett – extirpar os nossos direitos reprodutivos e autonomia corporal duramente conquistados”. (Eu suspeito que esse tweet foi publicado logo após o estagiário de mídias sociais da NARAL ter tomado 16 xícaras de café extra-forte diretamente na veia). “Para todos os homens assistindo”, Wolf avisou no meio de seu espetáculo do aborto na Netflix, “tenho certeza que isso traz um monte de sentimentos e pensamentos e pontos que você quer fazer, e eu só quero que você saiba que é tudo muito irrelevante”.
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Isso é uma bobagem, claro. Mas como eu posso dar uma cartada de mulher, vou jogar: eu sou pró-vida. Eu vi ultrassons captarem batimentos cardíacos às sete semanas de gestação. Graças a avanços incríveis e contínuos em ciência, medicina e tecnologia, as mulheres estão vendo cada vez com mais detalhes, cada vez mais cedo, o que a gravidez realmente implica: uma nova vida, desde o início.
Nesta perspectiva, talvez o comportamento notavelmente insensível dos atuais defensores do aborto seja facilmente explicável: ele deriva do pânico que nasce da percepção de que a ciência não está do seu lado. Além disso, é provável que haja uma razão simples para que o movimento pró-aborto tenha se arrastado na direção de “abortar é normal e bom, viva!” enquanto se afasta do “aborto é triste e lamentável, mas necessário”. Se você admitir que o aborto é triste e lamentável, afinal de contas, você também tem que admitir por que isso é assim. Você tem que admitir que isso envolve uma nova vida humana.
Essa retórica potencializada e a torcida bizarra do aborto, em outras palavras, refletem uma tentativa calculada de evitar verdades difíceis. Uma coisa é certa: no final, certamente não ajudará as mulheres. A desonestidade nunca ajuda, não importa quantas vezes seja repetida.
©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês