No último mês, Sadiq Khan, prefeito de Londres, acompanhou Mark Rowley, o novo comissário do Serviço da Polícia Metropolitana, numa caminhada por Stratford, em East London. Uma série de escândalos de alto escalão atingiram a polícia nos últimos meses, e o prefeito e o comissário esperavam inspirar confiança no público. Pretendiam ainda atrair novos recrutas. [Tal como São Paulo e o Rio de Janeiro, Londres tem zoneamento. East London seria algo como uma Zona Leste londrina. (N. t.)]
"Como eu guio a reforma da polícia", disse Rowley a uma plateia no Stratford Town Centre, "gostaria de incitá-los a comparecer a um evento de extensão no seu bairro, onde vocês podem se inteirar das oportunidades de uma grande carreira".
Com a quantidade de demissões voluntárias nas polícias da Inglaterra e do País de Gales chegando a 72% desde o ano passado, esse empenho para atrair novos agentes é urgente. Ainda assim, Rowley parecia mais preocupado com sinalização de virtude do que com a promoção da polícia.
"Estou muito feliz por termos alcançado a maior representatividade feminina de todos os tempos, com a polícia metropolitana alcançando seu maior número total de agentes", disse ele.
O número de policiais mulheres em Londres de fato alcançou o número recorde, segundo as cifras da polícia metropolitana. Em setembro, a polícia era 30,4% feminina, e pretende aumentar o seu quinhão de agentes mulheres para 33% no próximo ano fiscal, com 50% de todos os novos recrutas sendo mulheres. Dos 1.678 agentes recrutados desde abril, 44,5% (746) foram mulheres.
Rowley está voltado para diversidade e inclusão. "A evidência pelo mundo é que as melhores companhias e organizações se beneficiam de times diversos", disse ele. "Não se trata só de justiça, mas também de ser o mais eficiente num mundo complexo."
O mundo é mesmo complexo, mas a criminalidade violenta em Londres subiu constantemente nos últimos anos. A polícia em Londres registrou 250 mil crimes violentos em 2021-2022, um aumento de 10% em relação ao período anterior. Um importante vetor de violência na capital foi briga de gangue. Segundo uma investigação do Sky News, cerca de 200 gangues operam em Londres.
No último fim de semana de outubro, um tiroteio entre gangues rivais em Brixton deixou dois mortos, incluindo um entregador inocente de 21 anos. A tragédia ocorreu só cinco dias depois de um tiroteio triplo em Ilford, East London, que resultou na morte de dois jovens somalis. Na mesma semana, um homem de 21 anos morreu esfaqueado numa festa de Halloween em Wembley, e um homem de 32 anos morreu de ferimentos a faca após um confronto entre dois grupos fora de um restaurante próximo à estação Waterloo. A polícia metropolitana abriu uma investigação de assassinato após um duplo esfaqueamento que levou à morte de uma sexagenária em Dagenham, East London, e policiais foram enviados a Willesden, North West London [seria a "Zona Noroeste"], após um homem de meia idade levar um tiro na perna.
Nos 12 meses anteriores a junho de 2022, cerca de um quarto dos 46.428 crimes a faca registrados na Inglaterra ocorreram em Londres. No ano passado, os adolescentes vítimas de homicídio chegaram a 30 — mais do que em qualquer outro ano desde a II Guerra Mundial —, e a maioria era vítima de esfaqueamento.
Londres assistiu a um aumento de vários crimes violentos, além dos homicídios. O número de estupros relatados à polícia metropolitana aumentou cerca de 65% desde 2016, e, grosso modo, uma casa é invadida a cada 13 minutos na capital.
Com apenas 5% de todos os crimes resultando em acusação ou condenação, Rowley tem coisas bem mais importantes para levar em conta do que a paridade de gênero na polícia. Seus apontamentos recentes indicam a desconexão entre o que as elites e o povo acham mais premente. No evento em Stratford, o Prefeito Khan descreveu o aumento de representação feminina na polícia como "um acontecimento importante". Não tão importante quanto deter a criminalidade.
©2022 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês.