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200 anos de Marx

Em pesquisa, “socialistas” defendem livre mercado e meritocracia

Socialistas em Moscou, em passeata pelo dia 1º de maio | YURI KADOBNOV/AFP
Socialistas em Moscou, em passeata pelo dia 1º de maio (Foto: YURI KADOBNOV/AFP)

Justiça social sim, mas com livre iniciativa, meritocracia e menos Estado. Assim votaram muitos “socialistas” em pesquisa realizada online e publicada nesta terça-feira (1º) na Folha de S. Paulo, realizada em comemoração ao bicentenário de nascimento de Karl Marx (1818-1883).

De acordo com o levantamento, do qual participaram 20.793 pessoas, entre 18 e 65 anos, de 28 países, inclusive o Brasil, 50% das pessoas acreditam que os ideais socialistas têm grande valor para o progresso da sociedade. Para outra metade, 48%, o socialismo é um sistema de opressão política, vigilância em massa e terrorismo de Estado.

Mesmo assim, do total de entrevistados, 70% acham certo que pessoas com mais talento ganhem mais do que as que têm menos – ou seja, pelo menos 22% dos “socialistas” apoiam essa ideia. A competição e o livre mercado, para 66,7% dos entrevistados (pelo menos 18,7% dos “socialistas”), revelariam o melhor das pessoas. Pouco mais da metade – nesse quesito, há menos socialistas – acredita também que a liberdade individual é mais importante do que a justiça social.

No caso brasileiro, os resultados também indicam forte contradição na forma como a população pensa a relação entre o Estado e a economia.

Pelo levantamento, 57% aprovam o socialismo, mas 50% acham que o ele é um sistema de opressão – o que indica que, para quase 1 em cada 10 brasileiros, o socialismo é os dois ao mesmo tempo.

A margem de erro da sondagem no Brasil é de 3,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Outro ponto que chama atenção é que, por mais que o socialismo tenha apoio de mais da metade da população, 78% dos entrevistados do Brasil defendem o livre mercado como um sistema que revela o melhor das pessoas.

O Brasil é o segundo país em que menos pessoas acham que os ricos deveriam pagar mais impostos para ajudar os pobres (66%). O país fica atrás apenas da África do Sul (58%).

Só 22% dos brasileiros acham que a classe trabalhadora está bem representada politicamente. A média global é de 33%.

A contradição da defesa simultânea de socialismo e capitalismo se repete em muitos países, mas, como a pesquisa foi realizada em nações que seguem modelos políticos e econômicos diferentes, ela revela certa separação geográfica na forma como o socialismo é interpretado.

A China, por exemplo, é o país que mais defende o socialismo como forma de alcançar o progresso (84%) e um dos que menos acreditam que a liberdade individual é mais importante do que a justiça social (37%).

Os EUA, por outro lado, defendem mais liberdade individual (66%), estão entre os que menos acham que socialismo traz progresso (39%) e veem o socialismo como opressor (61%).

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