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Pandemia

Em uma sociedade próspera, a segurança deveria ser um meio ou um fim?

Uma passageira vestindo uma máscara usa um leque para se aliviar do calor em um ônibus de Berlim, em 15 de agosto de 2020. (Foto: ohn MACDOUGALL / AFP)

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A Covid-19 mostrou que muitos políticos e autoridades públicas acreditam na ideologia da segurança acima de tudo. Eles focam obsessivamente em manter-nos seguros, elevam essa ideia única acima de seu lugar apropriado e obrigam a todos a se curvar a ela.

Negócios, igrejas e escolas apregoam a segurança à medida que mudam políticas de longa data. O Estado implementa restrições e força negócios a fecharem em nome da segurança pública. É o objetivo sagrado, e espera-se dos cidadãos que obedeçam e aceitem quaisquer meios que forem necessários para alcançá-lo.

Mas por que a segurança deveria superar todas as outras preocupações, como parece ter acontecido às vezes durante a pandemia?

Um homem que abandona um campo de batalha porque teme a morte é considerado um covarde, não um herói. Se a segurança é o objetivo principal, por que vemos a ação desse soldado dessa forma?

O argumento começa com a ideia de que é melhor viver do que não viver. Mas por quê? Qual o fim de nossa vida? Vivemos para estarmos seguros?

Se homens são apenas animais, isso faria sentido porque a segurança permite aos animais a satisfação de seus desejos e a propagação da espécie.

Mas como disse Aristóteles, “A alma tem uma parte irracional e uma parte racional.” Compartilhamos a parte irracional com o reino animal, mas a parte racional distingue a humanidade do restante das criaturas. Temos capacidades adicionais e necessidades que devem ser exercidas e atendidas para que os seres humanos floresçam.

A própria presença de uma mente indica a capacidade de aprender e a necessidade de nos educarmos. Nossa capacidade de discurso implica que fomos criados para falar com outros, sugerindo outra necessidade humana, a amizade.

O homem possui o poder para discernir o bem e o mal, mesmo que de maneira imperfeita. Essa capacidade, comumente chamada de consciência, confia ao homem a responsabilidade de escolher o que é certo e então agir de acordo com essa escolha.

Essa existência humana que não é completamente material - que a experiência humana é mais do que comida e autopreservação - sugere que algo não-material também existe para além de nosso mundo.

A mente humana, o discurso humano, a consciência humana apontam todos para algum ser inteligente, relacional e bom. Os cristãos acreditam que a nossa procura humana por verdade, amor e bondade converge em Deus e seu filho, Jesus Cristo. Uma vez que o descobrem, os seres humanos designam-se a cultuar esse ser transcendente.

Educação, amizade, virtude e culto surgem todos de nossa identidade única como humanos. Desde que Deus nos criou dessa maneira, uma vida humana próspera deve conter cada uma dessas facetas. A segurança deve atuar como meio em direção ao florescimento humano e não como um fim em si.

Por outro lado, um desprezo desnecessário pela segurança é chamado corretamente de tolice. Como os líderes e cidadão deveria proceder em um mundo perigoso?

A prudência demanda que consideremos nossas ações, se nosso objetivo é bom e nosso meio para alcançá-lo é possível e moral. A justiça requer que “o que quer que deseje que os outros façam a você, faça também a eles”.

Portanto, nós devemos proteger a nós mesmos e aos outros, especialmente aqueles mais vulneráveis a esta doença, mas essas precauções não devem eliminar as atividades que constituem distintamente a vida humana. E devemos compreender que não podemos proteger completamente a nós mesmos, nossas famílias e a outros da doença, das catástrofes e do sofrimento.

Infelizmente, o seres humanos vivem em um mundo decaído que nunca será seguro. Em Learning in Wartime [Aprendizagem em tempo de guerra], o apologista cristão C. S. Lewis observa que “100% de nós morremos, e esta porcentagem não pode ser alterada”.

Nós não podemos escolher não morrer, mas podemos escolher como viver. Como criaturas racionais e responsáveis, podemos considerar a segurança mas não entronizá-la como o propósito da vida.

Em vez de se perguntar o que é seguro, é melhor se perguntar o que é bom.

©2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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