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Alina Morse é, de várias formas, a típica adolescente de 14 anos. Ela vai à escola, gosta de dançar e mora com os pais.
Já disse que ela também administra seu próprio império internacional de doces? Ah. Bom, ela faz isso também.
A história começa com uma ida ao banco quando Morse tinha 7 anos. Ela perguntou se podia ganhar um pirulito, mas seu pai disse que não, explicando que doces faziam mal aos dentes. Ela voltou para casa de mãos vazias naquele dia, mas alguma coisa ficou em sua mente. Doce é tão bom. Por que ele tem de fazer mal aos dentes?
Assim nasceu a ideia do Zollipop, um pirulito sem açúcar.
Um pirulito saudável?
Em vez de usar açúcares simples na fabricação do doce, os pirulitos Zollipops de Morse são feitos com xilitol, um adoçante natural. Ela precisou de meses de pesquisa, testes e horas diante de vídeos no YouTube para desenvolver a base do doce, mas, quando finalmente conseguiu, Morse tinha o pirulito mais moderno do mundo — um doce sem açúcar, laticínios ou glúten que continua sendo saboroso e até limpa seus dentes. Usando US$3,5 mil próprios (dinheiro que ela tinha economizado dos presentes de aniversário e Natal) e com um investimento do pai, Morse criou uma empresa e vendeu 70 mil Zollipops no primeiro ano. A partir daí, a empresa só cresceu.
Hoje o Zollipop é o terceiro pirulito mais vendido pela Amazon, superando marcas clássicas como a Dum Dums, Charms Blow Pops e Tootsie Pops. Eles são vendidos em aproximadamente 25 mil lojas nos Estados Unidos, incluindo Whole Foods, Walgreens, Walmart e Kroger.
Dá para dizer que as coisas deram certo. As vendas anuais dos doces, que hoje incluem balas e gomas, totalizaram US$6 milhões em 2018. Morse tem sete funcionários, é milionária e famosa. Ela apareceu na capa da publicação Entrepreneur Magazine, o que fez dela a mais jovem empreendedora a aparecer na capa, e ela foi até convidada para a Casa Branca (duas vezes!) pela ex-Primeira Dama Michelle Obama.
Aos 14 anos, Morse já realizou o “sonho americano”. Isso dá margem a uma importante pergunta: como isso foi acontecer?
A inspiração por trás de Morse e os pirulitos
Em agosto, o programa Inside Edition exibiu uma ótima reportagem sobre essa empreendedora adolescente. Pelas imagens, não é difícil perceber que Morse é inteligente, interessada e motivada – segredos do sucesso. Também fica claro que os pais dela têm muito a ver com suas realizações. (Acho que isso serve para todas as crianças-prodígio). A mãe e o pai de Morse parecem ser pessoas amorosas e cuidadosas que ajudaram a orientar os hábitos, valores e pensamento da filha.
Em certo momento, Morse diz que “sempre teve esse tipo de mentalidade empreendedora”. Isso talvez seja verdade, mas é importante perguntar por que ela sempre teve tal mentalidade. Os sinais sugerem que não foi por acidente.
A maioria dos pais, acho que dá para dizer, não compra para os filhos de cinco anos livros sobre sucesso financeiro. Bom, foi isso o que fez Tom Morse. Quando sua filha tinha cinco anos, ele lhe deu um exemplar do livro Pai Rico, Pai Pobre, de Roberto T. Kiyosaki. O livro, aparentemente, causou uma boa impressão.
“Li aqui e disse que podia criar minha empresa, mas queria criá-la com uma missão”, explicou Morse. “Podia ajudar as pessoas por meio dos negócios”.
Para que não conhece o livro, Pai Rico, Pai Pobre explica “o que os ricos ensinam aos filhos sobre dinheiro e que os pobres e a classe média não ensinam”. Escrito pelos gurus dos negócios Robert Kiyosaki e Sharon Lechter, o livro é um dos mais vendidos de todos os tempos. É o livro que seu tio rico e bem-sucedido comprou para você, mas você nunca abriu. (Você preferiu ler Espero Que Sirvam Cerveja no Inferno, de Tucker Max*).
Pai Rico, Pai Pobre não é um desses livros que pregam a frugalidade e o trabalho duro— embora essas sejam qualidades importantes. Ele ensina o raciocínio empreendedor. Ele mostra como criar seu próprio negócio, um negócio que gere valor resolvendo problemas, e como conseguir uma renda passiva percebendo oportunidades às quais os outros estão alheios.
A lição
Ninguém está dizendo que Morse não é responsável por seu sucesso. Ela é. É bem possível que ela fosse uma adolescente milionária mesmo que não tivesse lido Pai Rico, Pai Pobre.
A lição é que empreendedores bem-sucedidos geram valor por meio da visão e empatia. Eles percebem como o mundo pode ser um lugar melhor e usam seus recursos — sangue, suor, capital e tempo — para conseguir isso. Mas tudo começa com a empatia, como explica Jeff Booth, CEO da BuildDirect.
“A maior expressão da empatia”, escreve Booth, é “satisfazer as necessidades dos clientes antes mesmo de eles perceberem”.
A empatia – a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos alheios – é fundamental para os empreendedores porque ela permite que eles percebam oportunidades que os outros não veem. A economia básica ensina que esse é um elemento essencial para a geração de riqueza.
"As forças motivadoras no mercado são os empreendedores que percebem oportunidades de lucro em melhoras em potencial em certas atividades”, escreveu Thomas C. Taylor em seu texto clássico Uma Introdução à Economia Austríaca.
Enquanto outros participantes do mercado são mais ou menos passivos, sem perceber ou talvez sem se interessar por oportunidades de lucro, os empreendedores buscam e exploram potenciais de lucro.
Antes da Zollipops, não era segredo que os doces faziam mal para os dentes das crianças. Mas foi preciso a empatia de uma criança para reconhecer que isso era um problema para milhões delas (e seus pais, que têm de pagar o dentista).
Ao contrário de tantas crianças que ficaram imaginando como seria bom comer um doce que fosse gostoso é bom para os dentes, Alina Morse fez algo sobre isso. No processo, ele levou felicidade a milhões de crianças (e dentistas) e ganhou milhões de dólares.
Este é o poder e a beleza do empreendedorismo.
*O autor gostaria de deixar claro que, quando ele diz “você”, está se referindo a si mesmo.
Jonathan Miltimore é editor do site FEE.org.