“Certos elementos da nossa comunidade estão ameaçando pessoas de demissão”, tuitou o professor de Yale Nicholas Christakis. Mesmo que alguém simplesmente faça uma pergunta ou expresse uma opinião conflitante, você é imediatamente considerado um problema, um supremacista branco, e as pessoas dirão ‘Descubra onde essa pessoa trabalha’”.
Christakis citava um trecho de um texto recentemente publicado na revista The Atlantic, e o famoso psicólogo canadense Jordan Peterson concordava que era algo preocupante, acrescentando que a própria Atlantic ajudou a fomentar essa atmosfera de caça às bruxas
Depois, numa reviravolta irônica, um usuário do Twitter revelou a Peterson que o ex-colaborador da Atlantic Ta-Nehisi Coates levou esse tipo de ideologia progressista para os quadrinhos, baseando sua interpretação do vilão Caveira Vermelha — o equivalente a Hitler — em Peterson.
Peterson sabe bem como funcionam as polêmicas. Dependendo de para quem você pergunta, ele é considerado um guru ou a reencarnação do demônio.
O psicólogo canadense de 58 anos chama a atenção desde 2016, quando publicou uma série de vídeos criticando a lei C-16 canadense, bastante semelhante à Lei de Igualdade dos Estados Unidos.
A lei incluiu a identidade de gênero como uma classe protegida, e Peterson dizia que isso levaria a um controle da linguagem por parte do governo, já que as pessoas seriam obrigadas a usar os pronomes de acordo com o desejo dos transgêneros. Ele acusou a lei de ser uma forma de o governo impor uma ideologia.
Ao seu sucesso na Internet seguiu-se o livro de autoajuda “12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos”, que vendeu 5 milhões de cópias ao redor do mundo. O livro chamou a atenção sobretudo de jovens à deriva que buscam alguma forma de estrutura no mundo.
Regras como “Costas eretas, ombros para trás” e “seja amigo de pessoas que querem o melhor para você” ajudaram esses homens e elevaram a popularidade de Peterson.
Mas por mais popular que seja, Peterson tem seus detratores. A crítica explícita que ele faz à cultura progressista e à ideologia de gênero leva seus críticos a o xingarem de supremacista banco e nazista.
É aqui que entra Coates.
Coates é famoso por escrever libelos progressistas para a Atlantic. Em seu portfólio estão textos defendendo reparações históricas e chamando o dr. Ben Carson de preconceituoso. Ele também escreveu livros nos quais demoniza todos os apoiadores de Trump, chamando-os de racistas. Coates chama ainda os bombeiros do 11 de Setembro de “monstros”.
Isso, para o pessoal da Marvel Comics, o credencia para escrever uma série do “Capitão América”.
Já há alguns anos Coates emporcalha a marca Capitão América, mas seu histórico de destruir uma marca querida da cultura pop em nome do identitarismo não é único no cenário editorial contemporâneo.
Pegue, por exemplo, a recente adaptação da HBO para a obra “Watchmen”, de Alan Moore. Enquanto a obra original explorava a ética e o sentido da vida, a adaptação mergulha de cabeça na política.
O supremacismo branco aparece como o maior mal da adaptação e cada episódio novo se esmera em mostrar aos espectadores que não se pode confiar em brancos. Os personagens brancos do programa são retratados como racistas declarados ou racistas enrustidos com trajes da Klu Klux Klan escondidos no armário.
Ainda que o fantasma do supremacismo branco esteja presente em vários produtos da imprensa hoje em dia, o que chama a atenção para a comparação que Coates faz entre Peterson e o Hitler de uma história em quadrinhos é o contraste entre o que Peterson representa e como Coates o vê.
A adaptação de “Watchmen” é uma tentativa atrapalhada de mostrar os supremacistas brancos como a maior ameaça dos Estados Unidos, mas ninguém dirá que a KKK é legítima ou que neonazistas deveriam ser retratados positivamente.
Chamar Peterson de nazista é para lá de absurdo. Ele ficou tão impressionado com os horrores do século XX que passou anos pesquisando os regimes nazista e comunista para ensinar seus alunos a resistirem à ideologia do mal.
Mas para Coates qualquer coisa que vá contra sua ideologia é supremacismo branco e tentará pregar em Peterson a pecha de fascista por sugerir que o identitarismo é uma filosofia horrível.
Numa fala que poderia ter sido tirada de um livro de Peterson, escrita numa época da Marvel que antecede Coates, o Capitão América faz um dos discursos mais importantes de sua carreira:
“Não importa o que diz a imprensa. Não importa o que dizem os políticos e as massas. Não importa se o país inteiro decide que uma coisa errada é certa. Essa nação foi fundada com base em um princípio acima dos demais: é preciso defender aquilo em que acreditamos, por mais que não tenhamos chance e independentemente das consequências.
Quando a multidão e a imprensa e o mundo todo o mandam sair da frente, você tem que ficar parado como uma árvore ao lado do rio da verdade e dizer a todo o mundo: ‘Não, saia da frente você’!”.
Que recorramos a esse princípio. Coates e sua obra estão erradas. É hora de estufarmos o peito e mostrarmos isso a eles.
Douglas Blair é membro do Programa de Jovens Líderes da Heritage Foundation.
©2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês
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