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Abby Martinez vinha se sentindo mal e com vontade de chorar o dia todo. Foi almoçar com uma amiga, mas mal conseguiu comer.
Ela não sabia o que havia de errado, mas suspeitava que se sentia assim por causa da situação de sua filha Yaeli, que se identificava como homem.
Em 4 de setembro de 2019, quando não passava a profunda tristeza de Martinez, ela ligou para Yaeli para saber se estava tudo bem, pois não estava recebendo mensagem de volta.
Sem sinal. O silêncio da filha levou Martinez a imaginar o pior. Finalmente, Yaeli respondeu.
“Ela está bem”, Martinez lembra-se de ter pensado.
Yaeli morava a 15 minutos da casa da mãe em Azusa, Califórnia. Mãe e filha trocaram algumas mensagens.
Yaeli “contou-me um pouco sobre o dia no trabalho”, disse Martinez em entrevista a The Daily Signal, mas aí a filha parou de responder.
Por volta das 22h, Martinez recebeu uma ligação de um policial que perguntou se Yaeli estava com ela.
“Eu disse ‘não’. Aí meu coração acelerou a 100 por hora.”
Yaeli estava desaparecida. Martinez encontrou a polícia na casa da filha, que não se encontrava lá. Decidiu procurar por ela em alguns hospitais. Nada.
Na manhã seguinte, Martinez dirigia em uma rodovia depois de deixar o outro filho na escola quando o telefone tocou.
“Recebi uma ligação do necrotério”, disse Martinez, com olhos marejados.
Pegou a primeira saída e estacionou, com o coração acelerado.
“Diga onde está a minha filha”, pediu Martinez à mulher na linha. “Eu quero ir vê-la.”
“Ela disse ‘eu sinto muito, mas não vai dar para a senhora vê-la’. Perguntei por quê. Em que hospital ela está? Eu só quero vê-la”.
A mulher disse a Martinez que sua filha tinha tirado a própria vida na noite anterior.
“Eu gritava. Eu disse ‘não, quero minha filha’.”
Naquela hora, disse Martinez, ela queria desaparecer.
Quando Yaeli tinha 6 anos, Martinez tinha se mudado com os filhos para El Salvador, seu país de origem. Eles estudaram lá por cinco anos, mas visitavam a Califórnia durante o verão.
Em 2011, mudaram-se de volta para a Califórnia, mas Martinez diz que ela não conseguia se entender com o pai da Yaeli. Ele tinha sido presente na vida da Yaeli antes e “ela era a menininha do papai”, disse Martinez.
Yaeli tinha sofrido com a depressão desde o começo da adolescência.
Quando ela começou o ensino médio, disse a mãe, Yaeli fez amizade com outra menina que se identificava como menino e sugeria à Yaeli que o motivo para a depressão dela poderia ser que ela na verdade era um menino.
Yaeli começou a frequentar um clube LGBTQ da escola que a incentivava a questionar o próprio gênero. O aconselhamento na escola também endossou a decisão dela de começar a transicionar socialmente de mulher para homem.
“Não sei se as escolas têm a obrigação de nos informar sobre o que está acontecendo ou não, mas nunca me mandaram alguma nota a respeito de me contar ‘precisamos conversar sobre a sua filha’”, diz a salvadorenha nata Martinez.
Martinez disse que descobriu o que estava acontecendo com Yaeli por meio de um de seus outros filhos, que estava matriculado na mesma escola de nível médio.
Martinez recorda que levou sua filha para jantar fora e pediu que ela compartilhasse o que estava de fato acontecendo em sua vida.
Yaeli disse à mãe que “não quero conversar a respeito porque vocês não vão me apoiar”.
Martinez lembra que respondeu à filha que “bem, nós não sabemos. Se você nos contar o que está acontecendo, vou ficar muito satisfeita de te ajudar. Eu faria qualquer coisa para te ajudar, Yaeli. Tudo o que eu preciso e quero para você é ver a menina feliz que você costumava ser.”
“Ela disse ‘não sou menina, sou menino.”
Quando Yaeli fez 16 anos, saiu da casa da mãe.
Pela mãe ter expressado preocupação a respeito da “transição” da filha para homem, o psicólogo da escola de Yaeli recomendou que ela ficaria melhor saindo de casa.
Martinez perdeu a custódia da filha para o Departamento de Infância e Serviços de Família do Condado de Los Angeles.
Martinez diz que ela tinha permissão para visitar a filha durante uma hora por semana. Depois de seis meses, conseguiu aumentar para duas horas.
A lógica do Departamento de Infância e Serviços de Família era que “se mantivermos [Yaeli] fora da sua casa, ela terá mais chance de sobreviver”, lembra Martinez. “Ela não vai tentar cometer suicídio.”
Por cerca de três anos, Yaeli morou afastada da família. Mudou o nome para Andrew legalmente e começou a tomar hormônios masculinizantes.
Martinez assistiu à filha custando a encontrar felicidade e alívio da depressão.
“Ela estava tomando os hormônios; não estava feliz. Mudou de nome, [mas] não ficou feliz”, disse Martinez. “Ela adotou um cachorro porque a ajudaria a ficar feliz. Nada disso, nada do que eles fizeram funcionou”.
Depois de se identificar como homem por cerca de três anos, mudar de nome e tomar hormônios masculinizantes, Yaeli tirou a própria vida quase seis meses antes de seu aniversário de 20 anos.
E Martinez recebeu aquela ligação do necrotério.
Ela soube que a filha se ajoelhou nos trilhos e levantou as mãos para o céu enquanto o trem se aproximava.
“Não quero que nenhum pai passe por isso”, disse Martinez a The Daily Signal. “Porque a dor nunca vai embora. (...) Você respira e sente dor.”
Ela diz que fez perguntas ao Departamento de Infância e Serviços de Família depois da morte da filha: “Onde está minha filha? Vocês tiraram a minha filha, tiraram da minha família. Agora ela se foi. Vocês disseram que ela ia melhorar”.
Martinez disse que a agência não tinha nenhuma resposta adequada.
The Daily Signal pediu comentário ao Departamento de Infância e Serviços de Família do Condado de Los Angeles. A agência respondeu em 16 de março, eis um trecho:
“Externamos nossas mais profundas condolências à família e amigos de Andrew M., e também à comunidade LGBTQIA que luta sem cessar para proteger seus membros mais jovens e vulneráveis de tragédias como esta. A lei estadual protege a confidencialidade dos registros de todas as crianças e famílias que vieram à atenção dos serviços de proteção à criança, e proíbe confirmação ou comentário a respeito de uma criança ou família ter tido envolvimento com o departamento.”
Quando o Departamento de Infância e Serviços de Família tomou a sua filha, Martinez diz que ela foi retratada como “a parte errada”.
“Embora eu tenha contado a eles sobre a depressão, eles não se importaram, foram indiferentes”, disse a mãe de Yaeli.
“Eu desejo que um dia o sistema mude e eles de fato ajudem a essas crianças” com dificuldades de identidade de gênero, disse Martinez.
“Quero que investiguem o que está acontecendo. Por que [as crianças] estão agindo desse jeito? Por que [elas] estão se sentindo assim? Eu quero que eles prestem atenção à saúde mental.”
“Eles não falam disso”, disse Martinez a respeito do Departamento de Infância e Serviços de Família e da escola pública da filha. “Há muitas crianças que estão cometendo suicídio. O sistema oferece a elas pagar por tudo, hormônios e qualquer cirurgia que precisem”.
“Eu queria que o sistema, em vez de gastar milhões de dólares nessas crianças na custódia estatal, nos apoiasse enquanto pais e nos desse as ferramentas de que precisamos”, declarou a mãe de Yaeli.
No lugar disso, disse ela, o que existe é um “sistema disfuncional que está destruindo a nossa família”.
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