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Esterilização, tortura com choques elétricos e lavagem cerebral são marcas registradas do tratamento que o povo uigur recebe do Partido Comunista Chinês (PCCh), de acordo com sobreviventes de um campo de prisioneiros.
"Está ocorrendo um genocídio. Desta vez nas mãos do Partido Comunista Chinês", disse o Deputado Republicano de Wisconsin Mike Gallagher, no início da audiência do Comitê eleito para assuntos do PCCh na noite de quinta-feira, 23 de março.
Gulbahar Haitiwaji e Qelbinur Sidik testemunharam em primeira mão as realidades dos campos de concentração chineses onde os muçulmanos uigures são mantidos e torturados. Falando com auxílio de intérpretes, as duas mulheres contaram histórias dos campos de concentração durante a audiência do Comitê intitulada: "O contínuo genocídio uigur do Partido Comunista Chinês".
Haitiwaji é uigur e viveu e trabalhou na China antes de se mudar para a França. No final de 2016, ela foi chamada de volta à China para resolver um problema sobre sua aposentadoria. Ao retornar à China, Haitiwaji foi presa e enviada a um campo de "reeducação".
"Primeiro, eles acorrentaram meus pés e, depois, me detiveram", disse Haitiwaji. "A condição das mulheres nos centros de detenção é horrível. Todas estão algemadas. Não temos permissão para falar".
Haitiwaji, autora do livro How I Survived a Chinese ‘Reeducation’ Camp: A Uyghur Woman’s Story [Como sobrevivi a um campo de 'reeducação' chinês: a história de uma mulher uigur, em tradução livre], disse que ela e outras mulheres aprisionadas foram interrogadas e torturadas.
"Os quartos onde ficamos tinham beliches, um balde que servia de banheiro e câmeras de vigilância", disse Haitiwaji em seu testemunho escrito. "Não havia colchão, papel higiênico, lençóis ou algum lugar para se lavar".
Todos os dias, Haitiwaji teve 11 horas de aula de língua chinesa.
Sidik, que também testemunhou perante o Congresso, foi uma das instrutoras nos campos de "reeducação".
Sidik é uzbeque e atua como professora. Em 2017, ela vivia na China e foi informada de que estava sendo designada para um novo cargo de professora. Sidik não percebeu até chegar em seu novo emprego que seus alunos eram muçulmanos uigures vivendo em um campo de concentração.
"Em cada refeição, eles ganhavam um pãozinho chinês e água, e eram monitorados até mesmo para ir ao banheiro", disse Sidik sobre seus alunos, com auxílio de intérpretes, acrescentando que durante os seis meses em que estava lá, "nenhum deles tomou banho".
Sidik disse que seus alunos eram retirados de sua sala de aula para serem interrogados. Como as salas de interrogatório estavam localizadas perto das salas de aula, ela ouvia "um som horrível de gritos de tortura".
"Há quatro tipos de métodos de tortura", disse Sidik. "Botão elétrico, capacete elétrico, luva elétrica e uma cadeira de dragão".
Sidik recorda que, toda segunda-feira, as prisioneiras recebiam um remédio desconhecido. "Depois que elas tomavam esses medicamentos, seus ciclos menstruais paravam", afirma. "As mulheres que estavam amamentando pararam de produzir leite materno depois de tomar o remédio".
Sidik disse em seu testemunho escrito que, enquanto trabalhava em um "centro" para mulheres, percebia que, às vezes, quando as mulheres chegavam nas aulas, "elas andavam com dificuldade ou soluçavam, sussurrando que tinham sido abusadas sexualmente".
A polícia que trabalhava nos campos estava "violando mulheres, mas também inserindo bastões, inclusive elétricos, em suas genitálias e até nos retos dos homens", disse Sidik.
Sidik acabou conseguindo deixar a China e se mudou para a Holanda, onde vive agora. Haitiwaji também conseguiu voltar para a França, mas somente depois de ter sido forçada a confessar seus supostos crimes. Agora, ambas as mulheres estão pedindo aos Estados Unidos que acabem com o genocídio dos muçulmanos uigures na China.
"Estou pedindo ao governo dos Estados Unidos para fazer o seguinte", disse Haitiwaji em seu testemunho escrito: "aprovar mais leis para acabar com nosso sofrimento e responsabilizar os responsáveis; salvar uigures e outros refugiados turcos, assim como o Canadá; impedir as empresas americanas de continuarem a ser cúmplices na vigilância de nosso povo e de lucrarem com seu trabalho; impedir os investimentos dos fundos de pensão nas empresas de vigilância de alta tecnologia da China. Fiquei chocada ao saber que americanos estão investindo dinheiro em Dahua, Hikvision, Huawei, Tencent, e outras empresas que são conhecidamente o poder por trás da pesada mão do Estado chinês sobre nossas vidas".
Adrian Zenz, um membro sênior e diretor na China que estuda na Fundação Memorial das Vítimas do Comunismo, testemunhou perante o Congresso após as observações de Haitiwaji e Sidik. Zenz desafiou os membros do Congresso a seguir três recomendações políticas específicas em resposta às atrocidades que a China está cometendo contra os muçulmanos uigures: "O governo dos EUA deveria sancionar os atuais e antigos funcionários do governo central implicados nessas ações. Meu testemunho contém uma lista. Até agora, os EUA não sancionaram nem um único funcionário do governo central, apesar de estarem implicados. Tendo determinado genocídio em Xinjiang, em segundo lugar, o governo deveria esclarecer como cumprirá sua obrigação de impedir o crime de genocídio. Terceiro, o governo deve estabelecer medidas para impedir que investidores americanos, incluindo fundos de pensão, invistam em entidades chinesas envolvidas em violações de direitos humanos, vigilância e modernização militar".
Gallagher, presidente do comitê seleto da Câmara sobre a China, disse a seus colegas que "o mínimo que podemos fazer neste comitê é garantir que em cinquenta anos – quando o genocídio de Xinjiang for lembrado como uma das abominações do século XXI – nenhum executivo corporativo, nenhum político, nenhum investidor, nenhum presidente universitário possa olhar seus netos nos olhos e afirmar que eles não sabiam o que estava acontecendo".
© 2023 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.