A Administração de Alimentos e Drogas (FDA, na sigla em inglês), órgão dos Estados Unidos similar à Anvisa, aprovou na segunda-feira (11) as doses atualizadas das vacinas da Moderna e da Pfizer/BioNTech contra a Covid-19, que têm como alvo variantes contagiosas do coronavírus causador da doença, como a subvariante ômicron XBB.1.5.
Estas novas fórmulas foram criadas "para atacar mais de perto as variantes que circulam atualmente e proporcionar uma melhor proteção contra as consequências graves" da doença, afirmou a FDA em comunicado.
As vacinas atualizadas estão aprovadas para pessoas com 12 anos de idade ou mais e autorizadas para uso de emergência em pessoas com idades compreendidas entre seis meses e 11 anos.
Como parte da atualização da FDA, as vacinas bivalentes (com alvo no vírus original e em variante ômicron) originais da Moderna e da Pfizer-BioNTech não estão mais licenciadas para utilização nos EUA.
Em comunicado, a Pfizer/BioNTech explicou que "a vacina desta temporada" é indicada como uma dose única para a maioria das pessoas com cinco anos ou mais.
"Esta decisão surge em um momento em que os casos de Covid-19 estão novamente aumentando", comentou Albert Bourla, presidente e diretor executivo da Pfizer.
Após a aprovação da FDA, o Comitê Assessor para as Práticas de Imunização, um grupo de especialistas independentes que aconselha os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, avaliou na terça-feira a segurança e a eficácia das doses atualizadas e fez recomendações para a sua utilização a partir dos seis meses de idade.
Grande especialista em vacinas avisa que não vai tomar
A FDA tem enfrentado críticas a respeito de sua relação muito próxima com as farmacêuticas que devem ser alvo de sua atividade reguladora e de inspeção. Em dezembro do ano passado, a agência foi acusada por parlamentares americanos de ter relação imprópria com uma empresa de biotecnologia cujo medicamento para doença de Alzheimer foi aprovado. Um parágrafo do pedido de aprovação da empresa foi redigido por funcionários da FDA.
Paul Offit, médico do Hospital Pediátrico da Filadélfia, desenvolvedor da vacina contra rotavírus RotaTeq e membro do grupo de aconselhamento em vacinas da FDA, disse à revista Science que recomendações generalizadas de doses de reforço nunca fizeram muito sentido. "A meta da vacina é prevenir a doença grave. Não se pode pedir que as pessoas tomem uma vacina se o que se está tentando fazer é prevenir doença grave e não há evidências claras de que as pessoas estão em risco de doença grave". Ele apoia inoculações apenas pra grupos de risco.
Ele tem 72 anos, já teve Covid antes e está em boa saúde. Também se recusou a tomar a dose bivalente. "Penso que tenho imunidade híbrida", ou seja, resultante de vacina e infecção prévia, "e está claro que a imunidade híbrida é a melhor".
Antecipando a decisão dos CDC, Offit criticou o órgão pela falta de estudos específicos que mostrem que jovens dos 12 aos 17 anos que já tomaram três doses, por exemplo, ainda estão sendo internados com Covid em números importantes. Para esses jovens, especialmente do sexo masculino, ele lembra que a inflamação do músculo cardíaco com essas vacinas, baseadas em nanopartículas de mRNA, "é um efeito colateral verdadeiro".
Comentando as opiniões de Offit, o hematologista e acadêmico Vinay Prasad, um dos especialistas mais críticos das políticas do governo Biden na pandemia, afirmou em publicação própria que "não aconselho uma pessoa saudável que teve Covid a tomar a dose de reforço" e que "o Congresso deve investigar as comunicações entre a FDA, a Casa Branca e a Pfizer — essas decisões devem ser feitas pela FDA independentemente da Casa Branca. Este não parece ser o caso".
Com informações da Agência EFE.
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