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Perseguição ideológica

Ex-líder do partido Brexit sofre cancelamento financeiro por causa de suas opiniões políticas

Cancelamento financeiro de Nigel Farage foi críticado pelo ministro de Serviços Financeiros da Inglaterra (Foto: EFE / Leo Rodríguez)

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Nigel Farage, um dos fundadores e ex-líder do partido Brexit, atual Reform UK, de perfil conservador, divulgou que teve sua conta cancelada por um dos mais tradicionais e exclusivos bancos privados da Inglaterra, o Coutts. Na terça-feira (18), o banco informou que sua conta estava sendo fechada e, em troca, ofereceu a ele uma conta padrão no NatWest, dono do Coutts.

A medida ocorre em um momento no qual diversas pessoas, a exemplo de Farage,  alegam que suas contas foram bloqueadas em razão de opiniões políticas. O Coutts recebeu diversas críticas, incluindo a do Ministro de Serviços Financeiros, Andrew Griffith. Ele disse a um comitê parlamentar que as instituições financeiras têm o dever de proteger a liberdade de expressão.

O caso gerou ainda mais repercussão depois que a BBC divulgou, de forma errônea, que Farage não mais alcançava os limites financeiros para que sua conta fosse mantida, ainda que ele afirmasse que a medida era de natureza política. O presidente da rede se desculpou publicamente com Farage nesta segunda-feira (24) por meio de uma publicação nas redes sociais.

"As informações nas quais baseamos nossas reportagens sobre Nigel Farage e suas contas bancárias vieram de uma fonte confiável e sênior. No entanto, a informação revelou-se incompleta e imprecisa. Por isso, gostaria de pedir desculpas ao senhor Farage", postou em sua conta no X (antigo Twitter).

Em seu site, o Coutts afirma que, para ser cliente do banco, é preciso investir ou tomar empréstimos de, no mínimo, 1 milhão de libras (R$ 6,1 milhões) ou manter 3 milhões de libras na poupança (R$ 18,4 milhões).

Farage recorreu à lei de proteção de dados britânica para conseguir os documentos internos do banco que justificaram a decisão. De acordo com os registros, a equipe sênior, conjuntamente à avaliação dos critérios de riqueza, considerou que o cliente tinha “visões xenófobas, chauvinistas e racistas” e avaliou os riscos para a própria reputação do banco, conforme noticiado pelo jornal The Guardian.

Em uma tentativa de salvaguardar a imagem da instituição, Dame Alison Rose, chefe do grupo NatWest, que é dono do Coutts, pediu desculpas a Farage pelos “comentários profundamente inapropriados” que circularam em jornais sobre o ocorrido. Rose ainda destacou que havia “encomendando uma revisão completa dos processos do Coutts” sobre o encerramento de contas bancárias.

Banco da rainha e dos famosos

O Coutts foi fundado em 1692 e, durante seus mais de três séculos de existência, manteve a reputação de garantir a máxima discrição sobre seus clientes. Suas práticas fizeram com que se tornasse o banco favorito de ricos e famosos – incluindo o rei Charles e todos os membros da família real desde George IV. Ex-clientes do banco incluem nomes como o poeta Lord Byron, o compositor Frédéric Chopin, o Duque de Wellington, o escritor Charles Dickens e os Beatles.

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