O Facebook solicitou a aprovação do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, uma agência sanitária estatal dos EUA) em sua página de informações sobre vacinas contra Covid antes que a informação fosse publicada, mostram e-mails recém-revelados entre as duas entidades, demonstrando ainda mais a extensão da coordenação entre as empresas Big Tech e o governo federal americano na comunicação sobre a pandemia.
Em uma cadeia de e-mails de maio de 2021 obtida pela America First Legal (AFL, organização de advocacia fundada por ex-assessor de Donald Trump) , a funcionária da Meta, Genelle Adrien, pediu à porta-voz do CDC, Carol Crawford, "edições adicionais" na seção de perguntas frequentes do Facebook que detalhava os efeitos colaterais da vacina contra a Covid. Adrien trabalhava na Equipe de Política e Alcance Governamental do Facebook na época, de acordo com sua página no LinkedIn. O Facebook foi rebatizado como Meta mais tarde naquele ano.
Crawford, que participou da censura de informações sobre a Covid-19 nas redes sociais por meio do Portal de Suporte a Parceiros do Twitter, pediu para remover "dor nas articulações" da lista de efeitos colaterais e adicionar "náusea".
Além disso, ela pediu para remover uma linha do Centro de Informações sobre Covid-19 do Facebook que afirmava: "Efeitos colaterais mais graves são extremamente raros. Uma pessoa é muito mais provável de ser seriamente prejudicada por uma doença do que pela sua vacina." Essas duas frases foram retiradas depois que um funcionário separado do CDC disse que a agência federal não tinha "nenhuma linguagem aprovada… para apoiar a segunda e a terceira frases", disse Crawford em seu e-mail para Adrien.
A admissão é notável porque o CDC não confirmou se a vacina era mais segura do que contrair a Covid-19 e desenvolver imunidade natural, diz a AFL.
"É particularmente preocupante que o CDC tenha procurado remover uma declaração que afirmava que a vacina contra a Covid-19 apresentava menos riscos do que a própria doença", disse o vice-presidente da AFL, Dan Epstein, em um comunicado à National Review. "Remover tal declaração levanta a suspeita de que o CDC não tinha uma base científica sólida para defender a vacinação em massa na população americana."
"A falta de ciência sólida na defesa da saúde pública é perigosa e moralmente repugnante", acrescentou. "Esses documentos refletem as preocupações que a America First Legal levantou por vários anos: que o CDC se envolveu em uma campanha de propaganda com empresas de Big Tech para promover seus interesses políticos, não os melhores interesses de todos os americanos."
O CDC e a Casa Branca continuaram promovendo a vacina e seus reforços subsequentes bem após o lançamento das doses iniciais em dezembro de 2020. Um ano depois, o presidente Joe Biden alertou que haveria um "inverno de doenças graves e morte" para os não vacinados.
O grupo jurídico conservador obteve os e-mails a partir de seu litígio contra o CDC, que desempenhou um papel na determinação do que constitui desinformação e informação falsa sobre vacinas contra a Covid-19 online.
Nem o Facebook nem o CDC responderam aos pedidos de comentário da National Review sobre os e-mails em questão.
O CDC foi um dos réus listados no caso Missouri vs. Biden, um processo de 2022 que alegava que o governo federal conspirou com plataformas de redes sociais como Facebook e Twitter para suprimir a liberdade de expressão sobre certos tópicos controversos.
Uma série de e-mails internos do Facebook obtidos pelo Comitê Judiciário da Câmara confirma que a Casa Branca de Biden colocou uma pressão significativa na empresa para reprimir a "desinformação" relacionada à pandemia de Covid no início de 2021.
Os e-mails sugerem que, em alguns casos, o Facebook e o Instagram cumpriram os pedidos de moderação de conteúdo da Casa Branca para evitar reações públicas e privadas.
Um e-mail de abril de 2021 enviado por um funcionário do Facebook em nome do chefe executivo da Meta, Mark Zuckerberg, e da chefe de operações Sheryl Sandberg, reconheceu que "Estamos enfrentando uma pressão contínua de partes externas, incluindo a Casa Branca [de Biden]."
No mês passado, a Suprema Corte rejeitou a contestação contra o governo Biden devido à falta de legitimidade dos autores do processo para litigar o caso, que foi renomeado Murthy vs. Missouri. Embora tenha decidido a favor do governo federal, a juíza Amy Coney Barrett observou na opinião da maioria que os "réus desempenharam um papel em pelo menos algumas" das decisões de moderação de conteúdo, mas também argumentou que as "plataformas tinham incentivos independentes" para censurar postagens nas redes sociais.
Apesar do revés, o procurador-geral do Missouri, Andrew Bailey, anunciou no dia da decisão da Corte que ele está autorizado a coletar mais provas e depoimentos no processo de descoberta. Bailey continua a sustentar que funcionários do governo coagiram corporações de redes sociais a censurar os americanos.
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©2024 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
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