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Nesta noite (7), os judeus iniciam a comemoração da festa de Chanucá. Há exatamente 2.190 anos, no ano 167 AEC (Antes da Época Comum) os judeus se levantaram contra os selêucidas apoiados pelos gregos, uma vez que o rei Antíoco IV Epifânio havia colocado severas restrições religiosas e políticas, na busca de helenizar a Terra de Israel. Os selêucidas e seus patrocinadores gregos eram, à época, a mais organizada e forte potência e buscavam, com seus decretos, assimilar a população judaica a seus costumes, religião e organização política. O levante recebeu o nome de Revolta dos Hasmoneus, uma vez que a revolta foi iniciada e liderada pela família Hasmoneu. Outro nome é Revolta dos Macabeus, já que o líder militar dos revoltosos foi Judas Macabeu, filho primogênito de Matatias Hasmoneu.
Os selêucidas, antes de Antíoco IV, respeitavam a cultura judaica e protegiam suas instituições. Antíoco emitiu decretos proibindo práticas tradicionais judaicas e iniciou uma campanha de perseguição contra judeus devotos. Um dos atos que mais irritaram os judeus foi o sacrifício de um porco no altar do átrio externo do Templo, seguido do derramamento do sangue do sacrifício sobre o altar. Ele ainda forçou o Sumo Sacerdote e os outros judeus a comerem carne de porco. Antíoco aliou-se à minoria de judeus que optaram pela cultura grega e instituiu o culto a Zeus no Templo Judaico. Foi o comportamento de Antíoco que inspirou as representações cristãs posteriores do Anticristo.
A revolta iniciada na cidade de Modiin se espalhou pelo país e, depois de três anos (164 AEC), os selêucidas foram finalmente derrotados, e os Macabeus entraram em Jerusalém. Ao entrarem no Templo, encontraram óleo sagrado somente para um dia. A produção do óleo sagrado levava oito dias, mas o frasco encontrado ardeu milagrosamente durante os oito dias seguintes.
É interessante notar que a festa de Chanucá comemora o milagre do óleo e a ressagração do Templo - ou seja - celebra um ato espiritual. O foco da festa não é a vitória militar e nem a restauração da autonomia política ou a vitória de poucos contra muitos, mas a purificação do Segundo Templo e a renovação do culto religioso.
Ao contrário da imensa maioria das nações, na tradição judaica as vitórias em guerras não são motivo de comemoração. Além de Chanucá o judaísmo tem outra importante vitória nacional: a derrota de Hamã e seu decreto de aniquilação de todos os judeus, durante o reinado de Assuero (Artaxerxes) na Pérsia, cerca de 300 anos antes da Revolta dos Macabeus. Também neste caso, a festa de Purim não é uma parada militar, mas a comemoração da sobrevivência espiritual do Povo Judeu. E, curiosamente, não ocorre na data da vitória (13 de Adar; o 12º mês do calendário judaico, que ocorre entre fevereiro e março no calendário gregoriano) mas sim no dia seguinte (14 de Adar)
A festa de Chanucá dura oito dias. Inicia-se com o acendimento de uma vela e diariamente acrescenta-se mais uma vela, até atingir oito. Há ainda uma vela extra, posicionada numa altura diferente, chamada de shamash, que não é considerada sagrada. É costume nestes dias comer alimentos fritos no óleo, como sonhos e latkes, um bolinho de batata ralada frita em óleo. Crianças são estimuladas a brincar com um pião de quatro faces, que exalta a festa, e são agraciadas com doces e moedas de chocolate.