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CHARLOTTESVILLE

Filme de 1947 viraliza como resposta a discurso de ódio de supremacistas; assista

Cena do filme Don’t Be a Sucker, da década de 1940 | Reprodução
Cena do filme Don’t Be a Sucker, da década de 1940 (Foto: Reprodução)

Na sequência do mortífero protesto supremacista branco do fim de semana em Charlottesville, no estado da Virgínia, muitos americanos ficaram sem saber como reagir à violência que deixou três mortos e dezenas de feridos na cidade. Algumas pessoas encontraram a resposta em um filme de propaganda antifascista de quase 75 anos atrás. 

“Don’t Be a Sucker” (Não se deixe enganar) é um filme cautelar de 17 minutos de duração sobre o perigo da inação diante do ódio e da xenofobia. Produzido pelo Departamento de Guerra dos EUA em 1943 e relançado em formato atualizado em 1947, o filme encontrou nova relevância para o público do século 21 após as notícias sobre o caos semeado por neonazistas e nacionalistas brancos na Virginia. 

Uma das pessoas a compartilhar o filme foi o pesquisador e antropólogo canadense Michael Oman-Reagan. Ele divulgou pelo Twitter um clipe de “Don’t Be a Sucker” que já foi compartilhado quase 120 mil vezes. 

Outro clipe do filme alcançou o topo da homepage do Reddit na noite de domingo. Celebridades a compartilharam no Twitter, assim como o deputado democrata Keith Ellison, do Minnesota, que recomendou a seus seguidores: “Assistam, por favor!”

 

O filme abre com um orador demagogo fazendo um discurso incendiário em praça pública, avisando a multidão reunida em volta que o país está sendo sequestrado. 

“Vejo negros ocupando empregos que pertencem a mim e a vocês”, ele grita. “Pergunto a vocês: se a gente deixar que isso continue, como nós, os americanos de verdade, vamos ficar?” 

“Garanto a vocês, meus amigos, nunca vamos poder dizer que este país é nosso enquanto não for um país sem”, ele prossegue. “Sem o quê? Sem negros, sem estrangeiros, sem católicos, sem franco-maçons.” 

O vídeo corta para um homem mais velho que fala com sotaque europeu. “Já ouvi esse tipo de conversa antes, mas nunca pensei que ouviria aqui na América”, ele fala a um homem mais jovem ao seu lado. O homem mais velho revela ser professor universitário nascido na Hungria, que imigrou para os Estados Unidos e se naturalizou americano. 

“Já vi o que esse tipo de conversa é capaz de causar”, ele prossegue. “Vi isso em Berlim. Ouvi as mesmas palavras que ouvimos hoje.” 

“Mas eu era um tolo naquela época. Achava que os nazistas eram doidos, fanáticos estúpidos. Infelizmente, não era o caso. Eles sabiam que não tinham força suficiente para conquistar um país unido, então dividiram a Alemanha em grupinhos. Utilizaram o preconceito como arma prática para aleijar a nação.” 

O filme então faz um flashback para a Alemanha na década de 1930. O professor relaciona a ascensão do partido nazista a demagogos que utilizaram a estratégia de dividir e conquistar para voltar grupos minoritários uns contra os outros. “Eles foram enganados”, ele explica. Nos dez minutos seguintes, a montagem mostra a evolução da Alemanha nazista, o início da Segunda Guerra Mundial e, finalmente, a vitória dos Aliados. 

O professor encerra com um monólogo. 

“Nunca podemos deixar que isso aconteça conosco ou com nosso país. Não podemos nos deixar dividir por raça, cor ou religião.” 

Tradução de Clara Allain.

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