Um artigo do ano passado do New York Post narra a história de uma mãe de Detroit chamada Erica, que se tornou um pai transgênero chamado Eric. O filho já tinha mudado de gênero: menino de nascença, ele fez a transição e vivia como menina. Assim, uma mãe se tornou um pai e um filho se tornou uma filha. Em 2015, um canadense de 52 anos convenceu sua esposa e seus sete filhos a adotar sua "identidade verdadeira" como uma menina de seis anos de idade.
Histórias como essas me lembram que a ideologia transgênero é um produto da ideologia LGBT, não da identidade nata das pessoas como homens ou mulheres. A identidade transgênero não é um gênero autêntico, mas sim a tentativa do homem de controlar socialmente a família, o sexo e a identidade de gênero.
O que torna uma pessoa trans?
O padrão aceito para ser um homem ou mulher trans é o desejo de uma pessoa de ser identificada como o oposto do seu sexo biológico e ser aceito como tal. Se alguém se sente desconfortável com seu gênero nato, então a ação politicamente correta é que todos reafirmem a sua nova e autêntica identidade de gênero – a que existe nos sentimentos das pessoas trans.
Em uma entrevista para o canal Fox News, o advogado transgênero Jillian Weiss, diretor executivo do Fundo de Educação e Defesa Transgênero, afirmou para o entrevistador Tucker Carlson que ainda não existem parâmetros legais para ser transgênero.
Isso mesmo – não existem parâmetros legais para definir um transgênero. Ainda assim, como o próprio Carlson apontou, US$ 11 bilhões do orçamento federal é gasto em programas relacionados a gênero, como a Administração de Pequenos Negócios que investe em empresas de mulheres. Sem uma definição legal, esses fundos podem ser facilmente requisitados e charlatões que alegam ser mulheres podem receber o dinheiro.
Quando pessoas sentem que seu sexo biológico não se adequa ao seu senso interno de gênero, elas são normalmente diagnosticadas com disforia de gênero. Isso é definido como "desconforto ou estresse causado por uma discrepância entre a identidade de gênero de uma pessoa e o seu gênero de nascimento". Em outras palavras, o diagnóstico é feito com base na afirmação verbal do paciente sobre sua própria identidade.
Nenhum teste objetivo pode provar que a condição transgênero existe. Nenhum exame físico, de sangue, de medula ou genético vai mostrar que uma pessoa tem disforia de gênero. É uma condição revelada somente pelos sentimentos do paciente. Ainda assim, o tratamento recomendado é extremo – ingestão de hormônios do gênero oposto e cirurgia de redesignação sexual.
Não seja enganado quando ativistas trans combinam as condições de intersexualidade com a questão transgênero simplesmente para ter mais simpatia para a causa. As pessoas com condições intersexuais não estão na mesma situação que pessoas que se auto-identificam como transgêneros. Ser intersexual é algo verificável no corpo físico; ser transgênero não. Pessoas que se identificam como transgênero normalmente têm anatomias típicas de homem ou mulher.
Como se tornar transgênero
Um artigo do site wikiHow, "Como fazer a transição de homem para mulher (Transgênero)" aponta um sistema de cinco partes para homens que querem se tornar mulheres. Aqui vai um exemplo:
"Procure um terapeuta qualificado… Peça para seus amigos na comunidade transgênero te indicarem um. Procure na internet um terapeuta com experiência de trabalho com membros da comunidade trans".
"Seja diagnosticado. Durante as seções, seu terapeuta irá avaliar sua situação individual e dar um diagnóstico. Depois de determinar que você tem sentido sistematicamente sintomas como nojo das genitálias e desejo de remover sinais do seu sexo biológico ou que você está certo que seu sexo biológico não condiz com seu gênero real, seu terapeuta vai dar o diagnóstico de Disforia de Gênero".
Essas são as instruções típicas oferecidas para aqueles que acreditam ser transgênero. Eu mesmo segui passos semelhantes. Ainda assim, em retrospectiva, depois de fazer a transição de homem para mulher e voltar para homem, eu vi que muitos tópicos importantes são ignorados nesses conselhos, dados para pessoas vulneráveis e em risco. Quatro omissões cruciais são as mais óbvias e problemáticas.
Em primeiro lugar, essas instruções não alertam o leitor quanto às tendências do terapeuta. Pedir para pessoas trans recomendarem alguém vai garantir que o profissional tenha a tendência de indicar o processo de transição.
Em segundo lugar, não é feita nenhuma menção à possibilidade de fetiches sexuais. Se alguém foi abusado sexualmente, fisicamente ou emocionalmente ou é viciado em masturbação, cross-dressing e pornografia, ele pode estar sofrendo de alguma síndrome sexual. Essa pessoa não será ajudada com protocolos de tratamento de disforia de gênero.
Em terceiro lugar, a alta incidência de condições mentais paralelas não é mencionada. Aqueles que foram diagnosticados com transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, narcisismo, autismo e outros transtornos devem ter cuidado quando considerarem a transição, já que elas podem causar a disforia de gênero como sintoma. Quando o transtorno foi tratado, a disforia de gênero pode também ser resolvida.
Em quarto lugar, o arrependimento depois da transição realmente acontece, e a incidência de suicídio é alta. Infelicidade, depressão e dificuldade de adaptação social estão relacionadas aos altos índices de tentativa de suicídio antes e depois da transição de gênero e da cirurgia de readequação sexual. Em meu site tento mostrar resultados de pesquisas acadêmicas sobre o tema e relatos pessoais de pessoas que se arrependeram depois da transição.
Protocolos de tratamento?
Em teoria, a comunidade médica segue certos protocolos de tratamento para saúde trans, que foram formulados pela Associação Mundiais de Profissionais da Saúde Transgênero e se encontram agora em sua sétima edição. Esses protocolos fornecem diretrizes para tratar pessoas que relatam sentir desconfortos quanto a sua identidade de gênero.
As pessoas acham que, já que os protocolos existem, as pessoas serão examinadas minuciosamente antes de começar um tratamento radical de transição. Infelizmente, o tema principal desse protocolo é a afirmação. Novamente, não existe um diagnóstico clínico para a disforia de gênero. O trabalho dos profissionais é aprovar e reafirmar o autodiagnóstico do cliente que afirma ter disforia de gênero e ajudá-lo a atingir seu desejo de transição. O protocolo aconselha que cada caso é diferente, então os médicos podem adaptar os protocolos para cada indivíduo.
O paciente controla o diagnóstico de disforia de gênero. Se um especialista ou um paciente quiser pular algumas partes do protocolo e seguir com o tratamento hormonal e os procedimentos cirúrgicos, eles estão livres para fazer isso. Os protocolos de tratamento não apresentam nenhuma obrigação a ser seguida.
Por exemplo: os protocolos recomendam, na realidade, que os pacientes sejam examinados para se descobrir se apresentam outros transtornos mentais. Mas já vi casos de autismo serem ignorados. O médico ou conselheiro pode simplesmente concluir que o histórico psicológico não é importante e permitir que o paciente prossiga com o tratamento hormonal.
Quando o real parece falso
Apesar de ser fácil ser um transgênero real, é ainda mais fácil se tornar um transgênero falso. Pessoas transgêneras falsas começam, como eu, como transgêneros reais, mas eventualmente se percebem dentro de uma ilusão e param de viver a vida como transgênero. Ativistas transgênero então rotulam essas pessoas como "falsas".
Se alguém chegar a difícil e honesta conclusão que a transição não resultou em uma mudança de gênero, então ele ou ela é vista como uma ameaça para o movimento trans e deve ser desacreditada. Existem xingamentos e bullying. Para ser considerado real, o transgênero deve acreditar que seu gênero mudou. O problema em basear um diagnóstico e um tratamento irreversível no sentimento das pessoas é que, por mais sinceros que sejam, sentimentos mudam.
Minha mensagem é uma tentativa de ajudar outros a não se arrependerem, ainda que os alertas não sejam bem-vindos por aqueles que defendem os direitos transgêneros em alto e bom som. Alguns acham minhas palavras ofensivas, mas a verdade pode ser ofensiva. Pessoalmente, não consigo pensar em algo mais ofensivo do que homens diminuírem a maravilha e singularidade das mulheres biológicas ao sugerirem que elas são apenas homens que receberam hormônios e que podem ter passado por uma cirurgia cosmética.
Um brinde à verdade ofensiva. Vamos reivindicar a bela realidade da diferença sexual entre homens e mulheres e rejeitar a ideologia transgênero.
Walt Heyer é autor e porta-voz em auxílio daqueles que se arrependem da mudança de gênero. Por meio de seu site, SexChangeRegret.com, e de seu blog, WaltHeyer.com, ele alerta para a incidência de arrependimentos e trágicas consequências que podem resultar do processo.
Publicado em português com permissão. Original em Public Discourse: Ethics, Law and the Common Good.