Foi avistado pela primeira vez desde 1969 na Papua Nova Guiné o açor da Nova Bretanha, que está na lista das aves ameaçadas de extinção. O açor é uma ave de rapina da mesma família da harpia (gavião real) e a maioria das águias diurnas. A autenticidade da observação foi confirmada pela organização ambientalista WWF na última sexta-feira (13).
De nome científico Accipiter princeps, a ave só tinha sido registrada por especialistas há 55 anos na forma de um espécime obtido pelo Museu Americano de História Natural, em Nova York. A fotografia do açor em sua ilha nativa, com foco imperfeito, só teve sua significância notada pelo fotógrafo Tom Vierus posteriormente. É a primeira da história.
Vierus disse que estava em uma excursão com a organização ambientalista WWF no distrito de Pomio, no leste da ilha de Nova Bretanha, a maior do Arquipélago de Bismarck no país da Oceania, “com três membros da comunidade local nos guiando pela floresta”, quando fotografou “várias espécies de ave, incluindo o açor, mas eu não sabia da importância da foto na hora”. Ele reside em Fiji, a 3,1 mil quilômetros do local.
O açor da Nova Bretanha é classificado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como uma espécie “vulnerável” entre as aves ameaçadas de extinção, com população abaixo de 10 mil indivíduos. Ele ocorre apenas na ilha.
O fotógrafo postou a foto na plataforma de ciência cidadã iNaturalist, criada por pesquisadores, em março. Um biólogo francês identificou a espécie no mesmo mês, mas somente em junho o americano Scott Loarie, parte da equipe da plataforma, avisou a Vierus que a ave estava listada entre as “desaparecidas” por ornitologistas em um site pertencente à Conservação de Aves Americanas.
John Mittermeier, diretor do site e doutor em conservação de biodiversidade pela Universidade de Oxford, confirmou à WWF a autenticidade da observação, informando que “o último registro documentado da espécie parece ser um espécime de julho de 1969 mantido pelo Museu Americano de História Natural em Nova York”. Houve relatos de avistamentos neste tempo, informou o especialista, mas a ave é arisca e ninguém tinha conseguido até o momento o registro em foto.
Oscar Pileng, nascido em Pomio, afirmou que os nativos da ilha também consideram o açor local uma ave muito rara. “Alguns confirmaram que ela não é encontrada no litoral, somente no coração de Pomio, e raramente é vista. Nas línguas locais, o açor da Nova Bretanha é chamado de ‘keango’ ou ‘kulingapa’”, disse o nativo. “Estou muito feliz que agora exige um registro global e espero que isso signifique mais esforços para proteger seu habitat das ameaças da agricultura em larga escala, mineração e desenvolvimento de infraestrutura”, afirmou Pileng.
A Papua Nova Guiné é o lar da terceira maior floresta tropical do mundo, após a Amazônia e a floresta da bacia do Congo. É um dos locais com o maior potencial de descoberta de novas espécies no mundo. A floresta onde vive a ave de rapina é considerada patrimônio mundial pela UNESCO.
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