“Esses dias eu vi o Dallagnol dizendo que, quando saiu da Câmara, ele estava no avião e começou a chover Pix. É o novo contato com a espiritualidade, a espiritualidade do dinheiro. Certamente já pode fundar uma igreja” — Gilmar Mendes, juiz, deixando bem claro que só devemos cultuar os semideuses do Supremo Tribunal Federal.
“Está liberado comer no Habib’s de novo” — Guga Noblat, jornalista e filho do colunista de política Ricardo Noblat, referindo-se ao “reposicionamento” do empresário Alberto Saraiva, dono da franquia de restaurantes (que apoiou Bolsonaro em 2022, mas nesta semana elogiou o ministro Fernando Haddad). Ufa, estamos todos mais aliviados agora! E fica a sugestão para criação de um novo programa social, o Minha Esfirra, Minha Vida.
“Ou derrubamos o capitalismo hoje ou não haverá amanhã” — texto de um cartaz empunhado por membros da União Nacional dos Estudantes (UNE) durante um protesto no Banco Central, em Brasília, que também incluiu uma lavagem simbólica da calçada em frente ao prédio, com vassouras, água e sabão. Em casa, que é bom, a gurizada mal arruma a cama.
“Barbie é apenas um compilado de piadas e evita críticas mais contundentes sobre estereótipos” — resenha do jornal ‘O Globo’ sobre o longa-metragem em cartaz no Brasil. É realmente lamentável que uma comédia de Hollywood não faça a crítica social contundente que se espera de um filme sobre uma boneca.
“Gays com homofobia internalizada em geral desenvolvem libido e fetiche em relação ao autoritarismo e aos uniformes”
Jean Wyllys, brother da Janja e futuro assessor de ainda-não-se-sabe-o-quê na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, criticando o governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) pela decisão de manter as escolas cívico-militares em seu estado
“Antes, falar Centrão era uma coisa até ruim. Hoje em dia, todo mundo já quase quer ser do Centrão. Está virando uma expressão positiva, que representa ponderação, um pêndulo de uma balança” — Celso Sabino (União Brasil-PA), novo ministro do Turismo do governo Lula e outrora apoiador de Jair Bolsonaro. É verdade, até minha filha pequena já disse que, quando crescer, vai querer ser do Centrão.
“O presidente Franklin Roosevelt, ao reagir ao ataque aéreo japonês em Pearl Harbor, disse que aquela data, 7 de dezembro de 1941, pelo caráter traiçoeiro da agressão, viveria eternamente na infâmia. Para nós, 8 de janeiro de 2023 será eternamente o Dia da Infâmia” — Rosa Weber, presidente do STF, durante uma homenagem que recebeu da OAB por sua atuação diante dos eventos ocorridos do início do ano em Brasília. Deixa eu ver se entendi: ela comparou o quebra-quebra na Praça dos Três Poderes a um conflito que deixou dois mil militares mortos e outros mil feridos na Segunda Guerra Mundial?
Cantinho do mandatário
“Pobre gosta de pagar aquilo que ele deve. Só quem gosta de dever muito é rico” — Lula, o sabe-tudo, comentando o lançamento do programa de renegociações de dívidas Desenrola em sua live semanal. Lugar de fala ele tem, pois já foi pobre e sabe muito bem o que é ser rico.
“Temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país” — Lula, com a língua solta, durante uma passagem por Cabo Verde para abastecer o avião presidencial após um rolê na Bélgica. O uso de emojis deveria ser liberado nesta seção – porque só a carinha de surpreso é capaz de sintetizar a perplexidade diante de frases como essa.
“Eu não tenho por que concordar com o Boric, é uma visão dele. Possivelmente, a falta de costume de participar dessas reuniões faz com que um jovem seja mais sequioso e mais apressado, mas as coisas não são assim” — Lula, o grande diplomata, censurando o presidente chileno Gabriel Boric, que exigiu mais firmeza dos países latino-americanos com relação à Rússia. Que menino afobado! Onde já se viu condenar um país que, em pouco mais de um ano, já matou nove mil civis ucranianos, incluindo 500 crianças?
Cantinho da filósofa
“Por amor à pele, ela se refugiou na França, onde descobriu sua vocação de pintora. Chegou abraçando duas telas encomendadas pelo anfitrião Walfrido Warde, dos maiores advogados de São Paulo, especialista em grandes contenciosos. Nos quadros, imensos e de forte impacto visual, se destacam o ouro, tons terrosos e o vermelho, inspirando sudários de sofrimento, torturas, dor. Marcia é uma revelação!” – Hildegard Angel, colunista do site ‘Brasil 247’, narrando um jantar de boas-vindas oferecido à filósofa Marcia Tiburi, recém-chegada de um autoexílio europeu.
"Como dessert da noite pantagruélica, o relato de outro talento desconhecido da Tiburi: ela vê fantasmas! Vê tanto que, quando sai às ruas, não sabe discernir quem é vivo, quem é morto. Mas era bem morto o fantasma de um Orléans e Bragança, finado morador do apartamento de Marcia na Rui Barbosa, Rio de Janeiro, e que não perdia a fleugma nem para assombrar" — neste trecho da coluna de Hildegard, descobrimos que, além de ser quase um novo Picasso, Tiburi também poderia tomar o lugar do menino que via gente morta no filme 'O Sexto Sentido'.
“Performática, ela estende os trabalhos no chão, exibe neles as marcas de suas pegadas, a vida impressa na abstração. Junto com Walfrido, Marcia corre pela sala, escolhendo as paredes onde os quadros serão exibidos. Sobem no sofá, a tela derruba um copo de vinho, os empregados correm para limpar e secar, uma performance e tanto!” – ainda o texto da colunista do ‘Brasil 247’. Felizmente a criadagem está sempre pronta para dar suporte à excentricidade das almas mais elevadas.
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