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“O mundo inteiro pode decidir sobre o papel da Amazônia” – Christiane Taubira, ex-ministra da Justiça da França. Deve ser coisa da Brigitte Macron, que, dizem, passava suas férias de infância por aqui, quando a Amazônia ainda era apenas uma hortinha.
“Jamais pratiquei ato que envergonha a Justiça” – Ivo de Almeida, desembargador do TJ-SP, investigado por venda de sentenças. É uma missão quase impossível, mas ele parece estar à altura do desafio.
“Chega ao fim, neste sábado, a coluna que escrevo no Metrópoles. Foi bonita a festa, pá” – Guilherme Amado, jornalista demitido esta semana, responsável por disseminar narrativas usadas para fundamentar a prisão de Filipe G. Martins. A festa acabou, as máscaras caíram, e Cinderelo acabou virando abóbora.
“Ninguém queria esse filme” – David Harbour, ator americano, estrela de ‘Thunderbolts’ novo filme da Marvel. Para a Marvel, “ninguém queria” já se tornou um novo gênero cinematográfico.
“Quando percebi que não ter filhos era uma opção, foi um alívio” – Fábio Porchat, comediante. Imagine o choque de Porchat quando ele também descobrir que não é engraçado.
“Será que o pêndulo da História que já foi à esquerda e agora vai à direita, no próximo movimento estaciona no centro?” – Dora Kramer, jornalista. No Brasil, o pêndulo da História está mais para pião girando na mão de malandro.
“Uma boa surpresa ter sido nomeado pela revista Time como uma das lideranças climáticas mais influentes no mundo em 2024” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Surpreendente mesmo seria alguém nomeá-lo como liderança econômica.
“Sinais supostamente alienígenas de 2023 foram decifrados” – manchete da CNN. Para tristeza dos ufólogos, era apenas um discurso da Dilma que a NASA só agora conseguiu decifrar.
“Tinha contrato. Tinha muita grana envolvida. O que Javier não tinha era escolha...” – Artur do Val, em trecho de seu primeiro romance, “Ravier com J”. Não ter escolha é uma situação realmente trágica, ainda mais quando se é um personagem preso em um livro do MamãeFalei.
“Execução descarada em aeroporto mostra que Brasil caminha para narcoestado” – Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, sobre delator do PCC assassinado em SP. Caminha? Parece que já chegou faz tempo. Mas tinha gente cochilando.
“Se eles me punem, também [é] porque sou mulher. Não importa, meninas, não vejo isso como um sacrifício, mas quase como uma obrigação” – Cristina Kirchner, ex-presidente da Argentina, condenada a seis anos de prisão por corrupção. Só podemos esperar que encontrem uma prisão grande o suficiente para acomodar Cristina e seu ego.
“Eu tenho 58 anos e nunca fui atendido por um médico preto” – Octávio Guedes, defendendo cotas na saúde, na GloboNews. E onde ele andou se consultando esse tempo todo, na Suíça? Porque no SUS é que não foi.
A Semana do Presidente
“Eu e meu casca de bala, presidente Lula” – Geraldo Alckmin, bajulando o chefinho nas redes sociais. Cuidado, a casca de bala, quando cai na cena do crime, acaba virando evidência.
“Precisamos trabalhar para que essa guerra acabe e o Putin volte a conquistar o direito de andar pelo mundo” – Lula. Retribuindo a gentileza, Vladimir Putin teria feito votos de que Lula também possa voltar a andar pelo Brasil em breve.
“Não tenho o direito de ficar questionando a Suprema Corte de outro país porque eu não quero que nenhum país fique questionando a minha suprema corte” – Lula. Ah, esse é o STF pessoal do Lula. Será que não tem alguém que possa emprestar um STF mais imparcial pra gente, não?
“Não é seguro mesmo quando está desligado” – Lula, ao proibir a entrada celulares em seu gabinete. Um leve incômodo, mas nada que vá assustar uma equipe acostumada a revistas íntimas frequentes.
“Eu vejo o mercado falar bobagem todo dia, não acredite nisso. Eu já venci eles [sic] e vou vencer outra vez” – Lula. Se a competição for de falar bobagem, a vitória já está no papo.
Janjices
“Espero que Trump honre compromissos” – Janja. Senão ela bota o nome na boca do sapo — e só existe um sapo com a boca grande o suficiente em Brasília.
“Quando eu ligo para um ministro, talvez não seja só a Janja falando. Talvez eu seja a voz de milhares de mulheres. É isso que as pessoas precisam entender” – Janja, sobre seu papel no governo. Se eu fosse a Janja, também usaria a terceira pessoa pra falar de mim mesmo — ajuda a evitar associações embaraçosas com a primeira pessoa.
“A gente acaba sendo inresponsável [sic] de colocar o presidente dentro de uma aeronave com esse tanto de ploblemas [sic]”
Janja, sobre o AeroLula. A lei dos opostos que se atraem parece funcionar ao contrário na gramática.
Cantinho do Uncle Don
“Não quero uma Europa repleta de herbívoros, prontos para serem devorados pelos carnívoros. Devemos, ao menos, ser onívoros” – Emmanuel Macron, presidente da França, reagindo à vitória de Trump nos EUA. Cuidado, onívoros são do tipo que engolem qualquer coisa sem reclamar.
“Clima de velório na GloboNews com a vitória de Trump nos EUA” – manchete da Revista Veja. Pelo menos terão um Janjapalooza para levantar o ânimo da equipe.
“O nome correto a partir de agora, com Trump no governo, é terrorismo climático” – Carlos Nobre, climatologista e “guardião planetário”. Imagino que, agora, “atentado a bomba” seja só mais um nome para encher o tanque no posto de gasolina.
“Atividades de autocuidado, como livros para colorir, massinha de modelar e oficina de cartazes com mensagens positivas” – Universidade de Michigan, anunciando serviços de apoio aos universitários após a eleição de Trump. A vantagem é que podem usar o próprio cérebro como massinha de modelar.
“É um péssimo dia para os ditadores da América Latina!” – María Elvira Salazar, deputada americana, sobre a escolha de Marco Rubio como secretário de Estado de Trump. Para quem a carapuça servir, que cubra bem a careca.
“Vai ser uma situação muito complicada para o Brasil, porque ele publicamente já criticou o governo atual” – Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro em Washington, ainda sobre a indicação de Marco Rubio. Na democracia relativa, o que é complicado para o governo acaba sendo positivo para o país.
Os Espertos da Corte
“O denunciante do PCC psicografou uma mensagem aqui que ele não foi bem defendido pela polícia militar de SP” – Luís Roberto Barroso, fazendo piada sobre homem executado pelo PCC, durante sessão do STF. Será que ele andou se consultando com o médium João de Deus novamente?
“Onde foi que nós perdemos a luz da nossa alma afetuosa, alegre e fraterna para a escuridão do ódio, da agressividade e da violência?” – Luís Roberto Barroso, ex-advogado do terrorista Cesare Battisti. É um verdadeiro mistério.
“O STF estará lá para resistir a qualquer ímpeto autoritário que venha importado de qualquer lugar do mundo” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Afinal, por que importar se temos uma indústria local tão pujante?
“Até o Zé Gotinha foi exilado por um período de tempo” – Alexandre de Moraes, ministro do STF, sobre um suposto negacionismo causando a queda da cobertura vacinal no Brasil. Por falar nisso, quando o Zé Votinho volta do exílio?
“Alerta de fake news: é falso que os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes não tenham se formado em Direito e que nunca tenham tido OAB” – esclarece o Perfil do STF no Twitter. Ufa, que alívio! Já estava quase acreditando que haviam colocado uns zés-ninguéns sem nenhum saber notório na mais alta corte do país.
“STF custa mais caro do que a realeza britânica” – apurou Cláudio Humberto, jornalista. Comparação injusta, nossos monarcas, além de exercerem poder de verdade, conseguem produzir muito mais drama do que todos os Windsor juntos.
Matou a Democracia e Foi ao Cinema
“Eu adoraria que fosse um filme que trouxesse o público de volta para o cinema no Brasil” – Fernanda Torres, atriz, promovendo seu novo filme “Ainda Estou Aqui”. Ela pode até não levar o Oscar de melhor atriz pelo filme, mas pela atuação na vida real já está mais do que merecendo.
“Sempre que se faz um filme sobre a ditadura militar e o que aconteceu, a gente tem que fazer uma ponte com o agora” – Fernanda Torres. A ponte com o agora já está feita, a empreiteira já levou seus cinco por cento e os artistas já receberam o cachê pela inauguração. Só o povo não quer atravessar, com medo de que ela caia.
É Todo Dia Uma Escala 6x1Diferente
“Nós não temos um estudo tão específico quanto esse dando resposta a essas questões” – Erika Hilton, membro da Câmara dos Deputados (PSOL-SP), parturiente do projeto de lei que extingue a jornada de seis dias, respondendo sobre sua viabilidade econômica. Respeitem, o projeto pode ter nascido inviável e crescido inviável, mas agora se identifica como viável.
“Não quer trabalhar em escala 6x1? É só pedir demissão e arrumar outro emprego” – Rubinho Nunes, vereador (União-SP). Parece que os neurônios do vereador trabalham em escala reduzida e estavam de folga naquele dia.
“Eu queria sequestrar um deputado do PL! Por que ninguém se organiza!? [Bota] um fuzil na cabeça e diz, ‘se você não assinar a favor dessa m*, você morre’” – Festi, influenciadora digital, defendendo a PEC do fim da escala 6x1. O pior nem é ser sequestrado, é ficar no cativeiro com ela.
Aceitem a Democracia, Talquei?
“Aceitem a Democracia” – Jair Bolsonaro, em artigo na Folha de S.Paulo. Aceitem, ou ele vai xingar muito no Twitter. Sério mesmo, não testem a paciência do homem.
“Depois de tudo que nós (jornalistas) passamos chega a ser um desrespeito. Parem de dar espaço para os nossos algozes” – Nina Lemos, jornalista, sobre artigo de Bolsonaro na Folha de S.Paulo. Não é nada pessoal. Ele nem sabe quem você é. E isso me deixa até com uma pontinha de inveja.
“Agora entendo porque bebia tanto nessa época” – Marcelo Rubens Paiva, escritor, relembrando a vida durante a presidência de Jair Bolsonaro. Deve ser porque, naquela época, ainda sobrava algum pra comprar uma cervejinha...
“Nós podemos, numa ausência do Davi, o nosso vice [botar] em pauta a anistia, por exemplo” – Jair Bolsonaro, explicando a estratégia por trás do apoio a Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. O que, na política, equivale a acreditar que vai ficar milionário jogando no Tigrinho.
Atentando Contra Nossa Inteligência
“Lobos nunca são solitários” – Simone Tebet, ministra do Planejamento, sobre homem que detonou artefato em frente ao STF. Exceto uma certa espécie protegida que habita o cerrado: o adelius psolystas.
“Relatório da Abin diz que homem-bomba planejou se suicidar no ataque” – manchete do portal Metrópoles. Não sou nenhum especialista, mas o fato de ele ter tirado a própria vida me parece um forte indício de suicídio.
“Uma nova etapa desse processo de golpe de Estado. Essa gente não foi para a casa, não desistiu. Tem organização e tem uma bomba atômica que se chama internet” – Eliane Cantanhede, jornalista. Mal posso esperar pelos bravos jornalistas lançando a campanha “Ou o Brasil acaba com a internet, ou a internet acaba com o Brasil!”.
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter "Livre Arbítrio" e do livro "Primavera Brasileira".