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“Caso queira sair, o problema é só da Uber” – Luiz Marinho, ministro do Trabalho, caprichando também no linguajar comunista: “trabalhar sem a neura do lucro dos capitalistas”. Detalhe: mais de 70% dos trabalhadores não querem CLT no Uber. Eles vão ser ajudados... nem que seja na marra.
“Por aqui tudo muitoooo bem [após a cirurgia]. Meu boy é impressionante”
– Janja da Silva, primeira-girl.
“Alguns setores da sociedade brasileira não estavam acostumados com o estilo próprio da primeira-dama do Brasil, da Janja, mas com o estilo de uma primeira-dama mais tradicional” – Márcio Macedo, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. Que tradição boba, essa contra a usurpação de funções de cargo eletivo para o qual ela não ganhou voto nenhum.
“Lula pode ser o grande agente pacificador do Brasil” – João Doria, ex-governador de São Paulo e suposto ex-político.
“A esquerda no Brasil é atrasada” – Luciano Huck, apresentador e empresário que apoiou o terceiro mandato do atraso no ano passado.
“Não deveriam nos forçar a acreditar que as pessoas podem ser de qualquer sexo que quiserem ser, elas não podem. Um homem é um homem, uma mulher é uma mulher, isso é só senso comum” – Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico.
“A casta vermelha treme. Muitos comunistas enojados e com ações diretas contra a minha pessoa e o meu espaço... A liberdade avança. Viva la libertad, c*****” – Javier Milei, presidenciável libertário argentino, reagindo à notícia que Lula pressionou para injetar US$ 1 bilhão na Argentina para barrar sua candidatura.
“Eu disse a Putin que não era razoável que haja uma guerra depois da tragédia da pandemia” – Alberto Fernández, presidente da Argentina que também pediu à inflação do país que ela se controlasse, porque era injusto aumentar o preço da picanha depois da pandemia. Na última vez que chequei, estava em 120%.
“A última coisa que quero na vida é fazer parte deste governo” – Jean Wyllys, ex-deputado e ex-ilado, fazendo as vezes de raposa e as uvas, após implodir o próprio convite para o governo.
“Quero pedir desculpas ao Flávio Dino por tê-lo chamado de gordo, ele não é gordo, e sim obeso mórbido. Queria também pedir desculpas aos gordos por compará-los ao Dino” — Bruno ‘Monark’ Aiub, podcaster.
“90% do meu tempo é Segurança Pública, eu não sou ditador, trabalho à luz da Constituição” — Flávio Dino, ministro da Justiça. Você conhece algum ditador que admita ser ditador?
“Se você não pode falar o que pensa, para que se manifestar? Para que abrir um jornal? Se você não pode travar a batalha das ideias, você não tem mais direito absolutamente nenhum” — Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, um partido comunista. A voz da razão anda vindo de bocas surpreendentes.
“Não me arrependo da luta contra o bolsonarismo, mas esse desgaste fez o canal despencar em patrocínios, a ponto de chegar a zero” — Felipe Neto, youtuber, anunciando um ‘até logo’ na sua produção de vídeos que infelizmente termina semana que vem. Esta é a versão de esquerda de pedir Pix: é basicamente a mesma coisa, mas há uma obrigação de se fazer de vítima.
“Poderíamos discutir se é certo que ministros usem aviões da FAB. Mas por que a indignação só aparece quando é Anielle? A resposta é simples: porque é uma mulher preta” — Nina Lemos, colunista. Nós já sabíamos que o identitarismo consiste em respostas simples. Simples demais.
Cantinho do descontentamento supremo
“A Comissão de Constituição e Justiça do Senado levou 42 segundos para aprovar a proposta de emenda à Constituição que limita decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal” – Globo News. Não é à toa que no ‘Guia do Mochileiro das Galáxias’, a última resposta para a vida, o Universo e tudo mais é 42.
“Não vejo com simpatia” – Luís Roberto Barroso, novo presidente do Supremo Tribunal Federal, sobre o plano de estabelecer mandatos para os ministros da corte.
“Sonham com as Cortes Constitucionais da Europa, o mais provável é que acordem com mais uma agência reguladora desvirtuada” – Gilmar Mendes, ministro do STF, reagindo ao mesmo plano.
“Tá com medo, agora. Vocês vão ser todos identificados. Bandido” – Alexandre de Moraes, em vídeo gravado pela família que ele acusa de agressão física no aeroporto de Roma.
Cantinho da imparcialidade
“Essa unificação da luta é muito importante para que a gente consiga derrotar o plano privatista do Tarcísio, o herdeiro do bolsonarismo aqui de São Paulo” – Roberto Morato, funcionário da Linha 2 do Metrô de São Paulo e participante da greve na qual uma linha privatizada sofreu quatro atentados. Mas os grevistas garantem que a paralisação é por direitos.
“Tarcísio sai chamuscado com novo chabu com trem” – Leonardo Sakamoto, jornalista, comentando a situação. É um Ruy Barbosa, um Shakespeare.
“Com relação às apurações do Ministério Público a respeito de fatos que apontam para situações de abuso do poder religioso nas eleições, o Conanda [Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente] esclarece que está acompanhando” – Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, reagindo à onda conservadora das eleições dos conselhos tutelares pelo país. Pode ter certeza de que as acusações nada têm a ver com ideologia, viu?
“Você não tem que levar a sua fé” – Octavio Guedes, jornalista, comentando as eleições dos conselhos tutelares e defendendo o ‘Estado leigo’. Ele assegura que não se trata de preconceito contra religião.
“A extrema direita está vivíssima. Eleição dos conselhos tutelares foi uma amostra da ocupação reacionária” – Mariliz Pereira Jorge, colunista. Ao menos esta diz explicitamente o que pensa, não finge que é um parecer imparcial.
Prêmio Adamastor Bugalhos de comparação genial
“Cheio de clichês, ‘Som da Liberdade’ se tornou cloroquina do cinema” — Flávia Boggio, colunista e roteirista que é uma espécie de Covid-19 do humor.